Por dois motivos: o atrito com os gases que compõem a atmosfera e a combustão que acontece quando a concentração de oxigênio aumenta. Esses fenômenos fazem da atmosfera um verdadeiro escudo contra corpos que entram em rota de colisão com o planeta, protegendo-o de invasores meteóricos. “Eles começam a ser destruídos assim que entram nas camadas mais altas da atmosfera, mas a 100 quilômetros de altitude é que eles pegam fogo mesmo”, diz Roberto Barbosa, engenheiro do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial da Força Aérea Brasileira. Mas, se essa camada gasosa é tão impenetrável, como as naves que mandamos para o espaço conseguem voltar sãs e salvas? Elas também se desintegrariam, não fosse uma cuidadosa estratégia de reentrada, nome dado à fase da missão em que elas cruzam a atmosfera de volta ao planeta. Desde a Segunda Guerra Mundial existem estudos para que os mísseis driblassem o escudo atmosférico. A “corrida espacial” desenvolveu ainda mais esses conhecimentos até que, em 1960, a missão soviética Sputnik 5 foi a primeira a conseguir mandar uma nave para o espaço e trazê-la de volta sem fritar a tripulação – no caso, duas cadelas. Em 1961, Yuri Gagarin foi o primeiro homem a ir ao espaço – e voltar! Mas a reentrada ainda preocupa os astronautas: em 2003, o ônibus espacial Columbia explodiu justamente nessa etapa.
1. Quando um corpo celeste se aproxima da Terra, a milhares de quilômetros por hora, ele entra em contato com as moléculas de gases que compõem a atmosfera. Isso cria uma força de atrito que “freia” o invasor e gera um calor na casa de milhares de graus Celsius! O objeto vira brasa e começa a se desintegrar
Altitude – a partir de 100 km
2. Conforme diminui a altitude, a concentração de oxigênio aumenta e começa a combustão do corpo celeste, que costuma ser feito de materiais inflamáveis, como o carbono. O objeto pega fogo, até que se desintegra totalmente. Sabe as estrelas cadentes? São justamente esses corpos pegando fogo e depois apagando
Altitude – entre 50 e 85 km
Mudança de rota
Uma nave em órbita a 800 quilômetros de altitude, como um ônibus espacial, gira ao redor do planeta a cerca de 26 mil km/h. Na hora da reentrada, ela freia para mudar sua trajetória em cerca de 3º em relação à órbita e cair devagar. O ângulo é de vida ou morte: se for maior que 3º, a nave cai em alta velocidade e pega fogo
Altitude – Entre 250 e 800 km
Nave de atitude
Uma reentrada segura também depende da atitude, posição e ângulo da nave em relação à Terra. As espaçonaves cônicas entram com a ponta para a frente, e o ônibus espacial vem de barriga, para aumentar a força de atrito que diminui a velocidade. Se a nave for esférica, a atitude não tem importância
Sem frescura
Mesmo com a velocidade menor, as naves espaciais ficam com a superfície muuuito quente. Para evitar que os astronautas derretam lá dentro, várias tecnologias são usadas. O ônibus espacial, por exemplo, usa revestimento térmico especial, feito de cerâmica, capaz de agüentar os 1 650 ºC na sua parte de baixo
À espera da janela
A previsão do tempo é fundamental para quem volta do espaço. O serviço de meteorologia determina as janelas de reentrada, momentos em que as condições climáticas são ideais para voltar à Terra. Qualquer chuva, ventania ou tempestade elétrica na ionosfera podem causar imprevistos fatais para a missão
Altitude – Qualquer lugar entre 20 e 250 km
Bate e volta
Mas nem sempre a reentrada dá certo. Dependendo da velocidade, do formato e da atitude com que um corpo entra na atmosfera, ele pode ricochetear de volta, igualzinho a uma pedra chata atirada no lago. Isso acontece porque a atmosfera, como a água, é um fluido – a diferença é que ela é gasosa, em vez de líquida
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