Quais são os bichos mais “traíras” do mundo?
A parada é dura, mas provavelmente são algumas espécies de vespas que, após se desenvolverem dentro de um hospedeiro, devoram o coitado do bicho que as “acolheu”. “Essas relações são chamadas de parasitoidismo. Nela, os ‘invasores de corpos’ vivem do hospedeiro e, ao final de seu ciclo de desenvolvimento, o devoram”, explica o engenheiro agrônomo […]
A parada é dura, mas provavelmente são algumas espécies de vespas que, após se desenvolverem dentro de um hospedeiro, devoram o coitado do bicho que as “acolheu”. “Essas relações são chamadas de parasitoidismo. Nela, os ‘invasores de corpos’ vivem do hospedeiro e, ao final de seu ciclo de desenvolvimento, o devoram”, explica o engenheiro agrônomo Ângelo Pallini, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. Essa vampiragem no mundo animal ocorre sobretudo entre os insetos, mas certos pássaros, como o cuco Clamator glandarius, que vive na Espanha, também têm um comportamento bem “traíra”. Aliás, sabe por que esse termo acabou virando sinônimo de um indivíduo traiçoeiro? Porque a traíra é um peixe que vive escondido em locais sombreados, escuros, de onde ataca de surpresa com seus dentões afiados. Sai fora! 😮
ALIEN É FICHINHA!
Confira os casos mais impressionantes de trairagem entre os animais
VESPA PARALISANTE
A vespa Hymenoepimecis sp. ataca a aranha Plesiometa argyra e, após paralisá-la com veneno, injeta seus ovos no abdome do aracnídeo. Lá dentro, as larvinhas do inseto passam até duas semanas alimentando-se do sangue alheio. Nesse período, as larvas liberam uma substância química na corrente sanguínea da aranha. Ao atingir o sistema nervoso do aracnídeo, essa substância provoca mudanças comportamentais. A aranha passa a construir sua teia de forma completamente diferente do padrão circular usual. Na verdade, o que ela faz é elaborar um suporte perfeito para o casulo da parasita. Assim que a “teia” fica pronta, as larvas deixam o corpo da aranha e a devoram. Em seguida, entram no casulo para terminar seu ciclo de desenvolvimento e tornar-se uma vespa adulta.
LAGARTA-ZUMBI
A vespa do gênero Glyptapanteles gruda na lagarta Thyrinteina leucocerae, inserindo até 80 ovos em seu corpo. Após deixarem a casca, as larvinhas passam a se alimentar dos fluidos do hospedeiro. Ao atingir o estágio final de desenvolvimento, as larvas deixam o corpo da lagarta rasgando sua pele com os “dentes”. A partir daí, a lagarta assume o papel de “guarda-costas” das pupas, que é o estágio intermediário entre as larvas e as vespas adultas. A ciência ainda não conseguiu decifrar o mecanismo desse fenômeno, mas o fato é que, como se fosse um zumbi, a lagarta para de se alimentar e defende as pupas até a morte, dando cabeçadas em percevejos que tentam atacá-las.
CUCOS MAFIOSOS
O cuco Clamator glandarius, comum na Andaluzia, sudoeste da Espanha, invade o ninho de outras aves, sobretudo pombos e picapaus, obrigando-os a chocar os ovos do pássaro pilantra. Se a ave hospedeira tentar jogar fora os ovos introduzidos em seu ninho, bandos de cucos partem para o ataque e, como um legítimo grupo de mafiosos, destroem os ovos da rebelde e bicam seus filhotes até a morte. Assim, com medo da retaliação, a coitada da ave acaba sendo obrigada a cuidar dos ovos do cuco. Depois de nascer, os filhotinhos dos mafiosos ainda são alimentados no ninho de suas “babás” por mais de duas semanas.
“ÓRFÔ ASSASSINA
Em geral, formigas comem lagartas. Isso não vale para duas espécies de formigas vermelhas Myrmica. Ao achar larvas da borboleta Maculinea alcon, elas as levam cuidadosamente para o formigueiro: é que substâncias na pele das larvas fazem com que elas sejam confundidas com formiguinhas órfãs Dentro do formigueiro, as intrusas são alimentadas como se fossem larvas de formigas. Não bastasse isso, as órfãs ainda retribuem a generosa acolhida devorando as crias de suas anfitriãs. Logo antes de completar o ciclo larval e virar pupa, a lagarta escapa do formigueiro. Acredita-se que ela faça isso moldando seu odor ao das formigas de modo a confundir as guardiãs do local.
GRILO ESCRAVIZADO
Tudo começa quando um grilinho desavisado – gafanhotos também podem cair nessa – bebe água contaminada com larvas do verme Spinochordodes tellinii. Depois de ingeridas, elas vão crescendo numa boa dentro do hospedeiro. O estágio final de desenvolvimento desse verme ocorre dentro de um meio aquoso. Para tanto, o parasita “ordena” que o grilo dê um mergulho fatal em um riacho ou corpo d’água qualquer. Uma vez dentro d’água, o verme deixa o corpo do hospedeiro morto e segue sua vida adulta, procurando um parceiro para acasalar e gerar novos “monstrinhos”.