Por ser um local abrigado e com muitos nutrientes, o manguezal atrai uma diversidade de espécies de caranguejos, peixes, moluscos, mariscos, aves e até mamíferos. “É importante esclarecer que muitos desses animais não residem exatamente lá. A maior parte usa o manguezal como refúgio ou como local de alimentação”, afirma o biólogo Renato de Almeida, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Localizados em regiões tropicais e subtropicais, os manguezais encontram-se numa faixa entre a terra e o mar e sofrem influência direta do regime das marés. Na maré alta ele se enche de água e na baixa seca, transformando-se num grande lodaçal, com camadas de lama que podem atingir até 15 metros de profundidade. Uma condição indispensável para sua existência é que ele esteja longe da zona de arrebentação do mar, pois a violência das ondas impediria o crescimento das árvores.
Outros fatores essenciais são a pequena variação de temperatura e uma boa quantidade de chuvas anuais. O Brasil conta com uma das maiores extensões de manguezais do mundo: do Amapá a Santa Catarina, são cerca de 10 mil quilômetros quadrados desse hábitat. Três tipos de árvores constituem a maior parte da vegetação desses locais: o mangue-vermelho (Rizophora sp.), o mangue-seriba (Avicennia sp.) e o mangue-branco (Laguncularia sp.). Essas árvores costumam estar acompanhadas por um pequeno número de outras plantas, como gramíneas, samambaias, bromélias e hibiscos. O emaranhado de raízes forma um abrigo natural para animais marinhos se esconderem de seus predadores. Durante muito tempo, os manguezais foram mal vistos, pois eram associados aos mosquitos transmissores de doenças como febre amarela e malária. Hoje, porém, todos sabem de sua grande importância ecológica.
Visitas esporádicas
Alguns mamíferos, como a lontra (Lutra longicaudis) e o guaxinim (Procyon cancrivorus), podem ser encontrados nesse ecossistema. Assim como a maioria dos animais, eles vão até lá em busca de alimento e no período de acasalamento
Comida fácil
Robalos, tainhas e sardinhas, entre outros peixes, vêm ao manguezal para se reproduzir ou em busca de alimentos. Algumas espécies passam a vida toda por lá, enquanto outras voltam para o mar ou para os rios quando atingem a idade adulta
Vida até a raiz
Muitos moluscos, como as ostras-do-mangue (Crassostrea rhizophora), também são encontrados nos manguezais. Elas só se fixam nas raízes das árvores chamadas mangue-vermelho (Rizophora sp.)
Pouso seguro
Muitas espécies de ave são habitantes temporárias dos manguezais. Os guarás (Eudocimus ruber), as garças (Ardea alba) e os colhereiros (Ajaia ajaia) são bons exemplos. Eles utilizam o local para se alimentar e durante a época de reprodução. Aves migratórias também costumam parar por aqui para descansar
Habitantes populares
Os caranguejos são os bichos mais famosos desse hábitat, que reúne espécies como o guaiamum (Cardisoma guanhumi), o aratu (Goniopsis curentata) e o uçá (Ucides cordatus). Tais animais passam grande parte da vida nos manguezais e podem ser vistos subindo nos troncos e raízes das árvores ou escondidos em galerias cavadas na lama
Berçário de crustáceos
Muitas espécies de camarões passam a fase larval e juvenil no manguezal. Quando esses crustáceos crescem, aproveitam o vaivém das águas das marés para se deslocar rumo ao ocean
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