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Quem foi José Ramos, o linguiceiro da Rua do Arvoredo

Na Porto Alegre do século 19, José Ramos (?-1893) e sua amante matavam por ganância e a sangue frio em uma história bizarra de "canibalismo passivo"

Por Danilo Cezar Cabral
25 out 2016, 17h19 • Atualizado em 11 mar 2024, 11h56
  • Sugestão do leitor Marcos Prates, Sapucaia do Sul, RS
    Ilustra Tom Ventre
    Edição Felipe van Deursen

    3

    1. Filho de uma índia com um soldado português combatente na Guerra dos Farrapos (1835-1845), José Ramos nasceu em Santa Catarina. Suspeita-se que ele matou o próprio pai ao defender a mãe de maus-tratos. Após o incidente, mudou-se para Porto Alegre e se tornou um policial truculento. Mesmo assim, era conhecido como um cavalheiro, gentil e apreciador de teatro

    2. Em 1883, Ramos mantinha um relacionamento com a húngara Catarina Paulsen. Juntos, iniciaram uma série de crimes. Frequentavam bons locais públicos e checavam, com antecedência, quais homens ali eram ricos e poderiam ser seduzidos por Catarina. A preferência era por estrangeiros, já que Catarina não falava português. Então, ela os levava ao casarão de um cúmplice, Carl Claussner, na Rua do Arvoredo (atual Rua Coronel Fernandes Machado)

    3. No casarão, Ramos matava e mutilava as vítimas e roubava seus pertences. Depois, transportava os pedaços em um carrinho até o açougue de Claussner, na Rua da Ponte (atual Rua Riachuelo). Lá, Claussner os desossava, triturava, misturava com carne bovina, sal, pimenta e especiarias e transformava em linguiças. A “iguaria” era vendida ao público, mas o trio não comia. Ossos e outros restos eram queimados

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    4. Em agosto de 1863, Claussner disse que estava infeliz em Porto Alegre e que pensava em viajar para o Uruguai. Temendo que ele abandonasse o barco, Ramos o matou e o enterrou no quintal do açougue. O casal tomou posse do casarão e da loja, e dizia a quem perguntava que haviam comprado as propriedades de Claussner

    5. Arrependida, Paulsen relatou as últimas mortes à polícia: um senhor chamado Januário, um comerciante português e seu auxiliar, um garoto – todos enterrados no quintal do açougue. Ela confessou também que Claussner foi morto. Com a morte do açougueiro, a fabricação de linguiças humanas acabou, pois o casal não tinha expertise para isso

    6. Descobriu-se que, além das três vítimas, outras seis, que também viraram linguiça, tiveram seus restos enterrados no quintal. Em 1864, após um longo julgamento, Ramos e Paulsen foram condenados. Ela, a 13 anos sob regime de trabalhos forçados. Ele, à morte

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    7. Há relatos de que Ramos foi avistado livre após a condenação. Possivelmente, ele foi solto, o que era comum na época. Dom Pedro 2º, que governava o Brasil naquele tempo, abominava a pena de morte e distribuía indultos (com motivos políticos) a certos condenados

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    QUE FIM LEVOU?
    Ramos negou os crimes até morrer doente, cego e sozinho na Santa Casa de Porto Alegre, em 1893. Paulsen saiu da prisão em 1877 e morreu em 1891

    FONTES Site crimesdaruadoarvoredo.blogspot.com; documentário Linha Direta – Os Crimes da Rua do Arvoredo (TV Globo); livro O Maior Crime da Terra, de Décio Freitas

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