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Um mistério: o que aconteceu com o pênis de Napoleão Bonaparte?

O cetro do imperador provavelmente viajou mais na vida do que você. Entenda.

Por Victor Bianchin
Atualizado em 6 out 2025, 16h28 - Publicado em 3 out 2025, 18h01

Napoleão Bonaparte é uma figura histórica com muitos feitos: comandou a Campanha da Itália (1796-1797) com apenas 27 anos, liderou o Golpe de 18 de Brumário (1799) e, após coroar a si mesmo como imperador, instaurou o Código Napoleônico, um código civil que modernizou e unificou o sistema legal francês.

Além de tudo isso, ele é também a única personalidade histórica com uma página da Wikipédia dedicada exclusivamente ao seu pênis. Acredite: a história realmente vale a existência do artigo.

Após a derrota na Batalha de Waterloo (1815), Napoleão abdicou do trono e foi forçado pelos britânicos a se mudar para a ilha de Santa Helena e viver o resto de sua vida em exílio. Foi lá que ele morreu em 5 de maio de 1821, aos 51 anos.

Um médico chamado Francesco Antommarchi foi chamado para fazer a autópsia. Dezessete pessoas presenciaram o exame post mortem e uma delas, o segundo valete de Napoleão (valetes eram criados pessoais de confiança máxima), escreveu em suas memórias que o médico, “aproveitando um momento em que os olhos dos ingleses não estavam fixos no corpo, havia tirado dois pequenos fragmentos de uma costela”.

Não foi só essa parte que ele surrupiou: por motivos que apenas os deuses sabem, Antommarchi também resolveu cortar fora o Napoleãozinho. Em seguida, entregou o membro e as outras partes roubadas do corpo para o padre Abbé Anges Paul Vignali, que levou os itens em segredo para a Córsega, a maior ilha da França, localizada próxima à Itália.

O padre morreu pouco depois em uma “bizarra vingança de sangue”, nas palavras de Tony Perrottet, autor do livro Napoleon’s Privates: 2,500 Years of History Unzipped (“As Partes Privadas de Napoleão: 2.500 Anos de História Expostos”), lançado em 2015. Com isso, o pênis do imperador passou para a família do religioso, que ficou com o item até 1916.

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De mão em mão

Desse ponto em diante, a história fica meio nebulosa. Sabe-se que o pênis amputado foi parar nas mãos de um livreiro de Londres, que o catalogou como “um tendão mumificado”. Depois, em 1924, ele foi comprado por um colecionador americano, A.S.W. Rosenbach. O novo dono colocou o item em exibição em 1927 no Museu de Artes Francesas, que existiu de 1911 até meados da década de 1930 em Nova York e era uma instalação dedicada a popularizar a arte francesa na América.

O pênis de Napoleão não impressionou os visitantes. Um jornalista da revista Time compareceu ao evento, olhou para o calejado cajado e não teve dúvida no review: “uma tira de cadarço de couro maltratada”, cravou. Outro jornal descreveu como “uma enguia murcha”.

Foi a partir daí, inclusive, que o Napoleão ganhou a fama de ter pinto pequeno. Mas que injustiça! É natural que um pênis de mais de 100 anos, conservado de forma inapropriada (sem formaldeído ou similar), diminua de tamanho — para ser sincero, é surpreendente que ele ainda existisse a esse ponto.

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Há rumores também de que o governo francês teve a chance de comprar o pênis de volta nessa época, mas não quis nem saber das partes ímtimas de seu antigo imperador.

De acordo com fontes históricas, Rosenbach mantinha o pênis de Napoleão em uma caixa de veludo azul e marrom, que funcionava como uma espécie de altar. Após o fim da exposição, ele manteve esse item e os demais da chamada Coleção Vignali preservados em sua coleção.

No catálogo de seu acervo, Rosenbach dizia que a autenticidade do item havia sido confirmada pela publicação, em 1852, das memórias de Ali Saint-Denis, o valete de Napoleão que teria ajudado o padre a surrupiar os itens. Rosenbach escreveu: “[nas memórias do valete] ele afirma expressamente que ele e Vignali recolheram pequenos pedaços do corpo de Napoleão durante a autópsia”.

Onde está o pênis hoje

Em 1947, um colecionador chamado Donald Hyde comprou a Coleção Vignali dos Rosenbach. Hyde morreu em 1966 e sua viúva passou os itens para outro colecionador, John Flemming, que os vendeu para um negociante, Bruce Gimelson, por US$ 35.000. Com dificuldade para achar compradores, Gimelson consignou os itens para a casa de leilão Christie’s em Londres, mas ninguém se interessou.

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Ao saber do fracasso do leilão, os tabloides da época usaram a manchete “Hoje não, Josephine!” (“Not tonight, Josephine!”). De acordo com a lenda, o próprio Napoleão Bonaparte teria dito essa frase para sua esposa, Josefina de Beauharnais, ao se recusar a ter relações com ela — ele pediu o divórcio porque a mulher não lhe produziu nenhum herdeiro.

Finalmente, em 1974, a Coleção Vignali, com o pênis e tudo mais, foi comprada pelo urologista americano John K. Lattimer por US$ 3.000. Lattimer era um fanático por itens exclusivos de figuras históricas. Em sua coleção, ele possuía o colarinho manchado de sangue de Abraham Lincoln e o frasco que Hermann Göring (militar nazista) usou para tomar o veneno com o qual se suicidou após ser condenado nos julgamentos de Nuremberg. Lattimer tinha até um pedaço do estofamento da limusine onde John F. Kennedy foi baleado em 1963.

Lattimer deixou a coleção para sua filha, Evan, que hoje mantém os itens preservados na cidade de Nova Jersey — e longe dos olhos do público. Segundo a moça, o que motivou seu pai a comprar o artefato foi impedir que ele continuasse sendo alvo de chacota.

“Ele comprou, nunca mostrou a ninguém, nunca contou a ninguém. Ele simplesmente pegou, colocou debaixo da escrivaninha e foi ali que ficou”, disse Evan em 2014 a uma equipe de documentaristas do Channel 4, emissora britânica. Ela não permite que o pênis seja fotografado ou filmado. Até hoje, apenas 10 pessoas viram a mítica relíquia bonapártica.

“É muito pequeno, mas é famoso por ser pequeno. É perfeito estruturalmente, a universidade fez raios-X e exames e obviamente é o que é”, diz ela. No documentário, o apresentador Mark Evans se oferece a custear um exame de DNA que comprovaria a autenticidade do pênis, comparando-o com o DNA de mechas de cabelo preservadas de Napoleão. Mas Evan se recusa ao descobrir que o exame destruiria o pênis.

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Uma das pessoas que conseguiram ter um vislumbre do pênis foi Tony Perrottet, autor do livro sobre as partes de Napoleão, quando Evan lhe mostrou o item. “Foi meio que uma coisa incrível de contemplar”, disse ele. “Ali estava: o pênis de Napoleão repousado em algodão, muito lindamente disposto, e era muito pequeno, muito encolhido, cerca de uma polegada e meia [3,8 cm] de comprimento. Era como um dedinho de bebê.”

Napoleão: O homem por trás do mito

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