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A máquina de multiplicar genes

Um equipamento criado nos Estados Unidos multiplica bilhões de vezes uma ínfima partícula de DNA, a molécula componente do gene.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h31 - Publicado em 31 out 1991, 22h00
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  • Imagine um amplificador tão potente, que seria capaz de transformar o som sutil da respiração em um estrondoso rugido – guardadas as diferenças é isso o que faz o PCR, um equipamento criado ha seis anos, nos Estados Unidos, que em poucas horas multiplica bilhões de vezes uma ínfima partícula de DNA, a molécula componente dos genes. Uma célula cancerosa, que se divide em ritmo acelerado, levaria um mês inteiro para conseguir todas essas copias. “No futuro, com a analise do PCR, poderemos prever se uma pessoa herdou dos pais a tendência a ter infarto”, exemplifica animado o bioquímico Fernando Reinach, professor da Universidade de São Paulo, um dos sócios da Genomic, a primeira clinica brasileira a receber o equipamento.

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    “Com uma única célula, extraída de qualquer parte do organismo, como o sangue ou o fio de cabelo, podemos descobrir a paternidade de uma pessoa”, afirma Reinach. “Basta confrontar seus genes com as copias do DNA do provável pai, que pode ate estar morto.” Por enquanto, na clinica paulista, o PCR é mais procurado para esse tipo de exame. Mas os cientistas americanos nos têm usado o equipamento para comparar os genes encontrados em fosseis de animais extintos com os genes de seus parentes modernos, fornecendo pistas sobre eventuais mutações. Outra aplicação é nas investigações policiais: multiplicando o DNA de um esperma, o PCR pode apontar a identidade de um estuprador, por exemplo.

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    “Como todas as nossas características estão gravadas nas moléculas de DNA, o aparelho poderia ser aplicado ate mesmo para descobrir o tipo sanguíneo de uma pessoa, mas não compensaria financeiramente”, explica o medico inglês Martin Whittle, criado no Brasil, também sócio da clinica. Pesquisador das chamadas doenças hereditárias na USP, é que ele, de fato, se encarrega da manipulação do aparelho, instalado em uma sala pequena e clara na clinica. O PCR – sigla do inglês para reação polimerize em cadeia – tem o tamanho aproximado de um forno microondas e aparência de uma simples caixa de alumínio, onde podem ser guardadas dezenas de tubos de ensaio, correspondentes a vários exames, realizados ao mesmo tempo.

    Dentro de cada tubo, encontra-se o coquetel do material genético da pessoa examinada; moléculas de DNA sintético de determinada porção dos genes que se deseja multiplicar e, finalmente, uma dose de polimerize, a enzima que promove a replicação de uma célula. “Com um jogo de aquecimento seguido de resfriamento, que se repete varias vezes, o PCR provoca uma multiplicação exponencial de certo pedaço do gene”, resume Whittle. “O resultado é analisado a olho nu em uma placa, como se o DNA tivesse passado por um supermicroscópio.”
    Segundo o medico, o exame devera ser muito procurado para diagnosticar doenças hereditárias em fetos: “Infelizmente, por enquanto, isso só pode ser feito naquelas cinqüenta doenças, aproximadamente, cujo endereço é bem conhecido na seqüência de DNA. Ou seja, temos de saber qual o gene responsável pelo distúrbio, porque é essa porção que deve ser reproduzida”, diz ele. Muitas vezes contudo, o PCR procura no organismo de uma pessoa rastro de genes alheiros, como os de um vírus. “Nos Estados Unidos, alem de eficiente, esse exame é o mais barato para diagnosticar AIDS”, conta o bioquímico Reinach. “É como se o aparelho conseguisse acusar o DNA do vírus da doença entre 100000 células de um paciente, ou seja, algo semelhante a achar uma agulha em palheiro.”

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