Karin Hueck, Tiago Cordeiro e Gabriel Gianordoli
A comida dos camponeses do século 12, quem diria, era nutritiva. Os pobres, que formavam 90% da população da Europa, tinham uma dieta muito mais balanceada que a dos nobres e religiosos. Ela incluía iguarias como carne de castor, mingau de trigo e água com vinagre.
Proteínas
Iguarias
Peixes eram as proteínas mais comuns, principalmente no litoral. Sardinhas (como na foto), congros e carpas eram o carro-chefe. Já carne costumava ser rara e caríssima. Ninguém comia vacas porque gado servia como força de trabalho.
Caiu na rede, é peixe
“Peixe” era todo animal que vivia na água. Como a Igreja incentivava o consumo desse alimento, valia tudo: de camarão a baleia. No norte da Europa rabo de castor era iguaria. Como o bicho morava na água, virou peixe.
Prato bem temperado
Nos castelos já havia especiarias asiáticas, como pimenta e gengibre. Mas, no campo, tempero era sálvia, tomilho, salsa ou manjericão.
Luz de sebo
As casas tinham apenas uma janela. Para aquecer, era feita uma fogueira sem chaminé. Para iluminar, velas de sebo ficavam acesas até a hora de dormir, umas 21h.
Carboidratos
Mingau nosso
Os mingaus eram engrossados com papa de trigo: cozia-se lentamente aproveitando todo tipo de alimento. A medicina aprovava, pois se acreditava que comida picada, cozida ou triturada fazia bem para a digestão.
Pé de pão
Na península ibérica, as castanhas eram tão essenciais que as castanheiras ganharam o apelido de “árvore de pão”.
Pão pra toda obra
“Pão” era um termo genérico para definir alimentos feitos de cereais – os ricos tinham acesso ao feito de trigo, como os de hoje, mas os pobres comiam uma versão mais escura feita de restos de cereais.
Vegetais
Salada de frutas
No norte da Europa, as frutas mais comuns eram morango, maçã e pera. No sul, uvas, figos e laranjas. Os ricos as usavam para dar um gosto agridoce a pratos salgados. Já os pobres comiam as frutas diretamente do pé, sem lavá-las.
Velhos vegetais
Antes da descoberta do Novo Mundo, não havia batata, tomate nem milho. O jeito era se virar com grão-de-bico e ervilha. Os ricos desprezavam repolho, espinafre e cenoura – mas os pobres não viviam sem eles, cozidos em sopas.
Bebidas
Na palma da mão
Quando chegou a Paris, a princesa bizantina Teodora causou escândalo no jantar ao usar um objeto esquisito para comer. Era um garfo. Entre os pobres, o hábito era comer com as mãos e virar o prato na boca.
Cachaça é água
Água potável era rara, e o risco de doenças, alto. Por isso, a maioria preferia bebidas alcoólicas. Eram consideradas saudáveis e nutritivas.
Vinho
O vinho (de uva, romã, amora ou pera) era comum no sul. O processo de fermentação era parecido com o atual, apenas mais diluído em água.
Cerveja
Antes da descoberta da levedura, a cerveja estragava em poucos dias. Era consumida fresca e por isso ficava bem mais escura.
Vinagre
Nem todo mundo tinha casa e emprego. Sem acesso a vinho, os indigentes se viravam com vinagre diluído em um pouco de água, que servia para matar os germes.
INGREDIENTES DA PA E DO MINGAU
• Espinafre
• Beterraba
• Cebola
• Couve
• Alho
• Grão-de-bico
• Cenoura
• Repolho
• Ervilha
• Fava
Fontes Dicionário Temático do Ocidente Medieval, História da Vida Privada, volumes 1 e 2, Paul E. Szarmach, historiador da Universidade de Cambridge, e Patrick Geary, professor de história da Universidade da Califórnia.