Alerta: 26% das aguardentes brasileiras contêm excesso de cobre, metal pesado que se acumula no organismo, provocando intoxicações. A denúncia é de químicos da Universidade de São Paulo, em São Carlos, interior do Estado. Liderados pelo pesquisador Douglas Wagner Franco, eles analisaram 74 amostras de aguardentes produzidas no Brasil. Algumas apresentam teor de cobre superior aos 5 miligramas por litro tolerados pela legislação.
O metal é incorporado pela bebida ao dissolver o azinhavre, uma substância esverdeada que se forma nas paredes do alambique, quando este é feito de cobre. Se uma pessoa tomar 120 mililitros de aguardente por dia (o equivalente a quatro doses) com teor de 10 miligramas de cobre por litro, em quatro meses começará a ter problemas típicos de uma intoxicação crônica — febre, lesões de pele e de fígado, distúrbios respiratórios e até sinais de catarata. O Brasil produz 2 bilhões de litros de cachaça por ano. Acredita-se que 30 a 40% desse total sejam destilados ilegalmente. “Compra-se bebida de proveniências diferentes e se vende uma cachaça de qualidade duvidosa”, diz Douglas Franco. A qualidade varia muito conforme a região do país (veja gráfico). Não foram reveladas as marcas analisadas, por razão ética. A proposta é fazer alambiques de cobre misturado a outro metal, como o aço inox. Isso atenua a contaminação sem afetar o sabor da bebida, o que ocorre em equipamentos feitos só de inox.