Bactéria da gonorreia cria resistência aos antibióticos
Ceftriaxona, uma das poucas drogas que combatia a doença, não é mais tão eficiente
A gonorreia é um grande problema de saúde pública: infecta 80 milhões de pessoas por ano no mundo. Mas pode ficar ainda pior. A bactéria N. gonorrhoeae, que causa a doença, desenvolveu resistência à ceftriaxona, um dos poucos antibióticos que ainda eram eficazes contra ela. A mutação foi encontrada por cientistas da Faculdade de Medicina da Carolina do Norte, nos EUA, que analisaram o genoma da bactéria.
Eles também descobriram que a mutação vem com um custo: ela diminui drasticamente a taxa de crescimento das bactérias. Isso porque a mudança altera a enzima bacteriana que é alvo da ceftriaxona, diminuindo a ação do antibiótico. Mas, ao mesmo tempo, a mudança prejudica a construção e reparação da parede celular bacteriana. Se essas bactérias mutantes competissem contra bactérias não resistentes ao antibiótico, elas perderiam.
No entanto, ao infectar ratos com uma mistura igual de bactérias normais e bactérias mutantes, os cientistas observaram que o crescimento dos dois tipos era equivalente, gerando até uma competição acirrada entre eles. “Suspeitamos que as bactérias [mutantes] adquiriram [outras] mutações “compensatórias”, que aumentaram sua taxa de crescimento”, afirmou o líder do estudo, Rob Nicholas. Como é imune aos antibióticos atuais, a superbactéria poderia causar uma epidemia difícil, ou impossível, de conter.
Mas nem tudo está perdido. Agora, os cientistas estão tentando encontrar um jeito de atacar a enzima AcnB, que é responsável pela produção de energia dessas bactérias – e, se inibida, poderá fazer com que elas morram.