Uma picadinha no dedo, uma gota de sangue e, em poucos segundos, o nível de glicose aparece no visor. Apesar de ser simples, a tarefa é desconfortável para quem precisa fazer o teste com bastante frequência – ou diariamente, como grande parte das pessoas com diabetes tipo 1, quando o organismo produz pouca ou nenhuma insulina. Mas uma nova e indolor forma de medir o açúcar no sangue pode poupar os diabéticos desse exame um tanto incômodo: um bafômetro.
Os cientistas sabem há algum tempo que os cachorros treinados são capazes de perceber se seus donos estão prestes a ter um ataque de hipoglicemia, quando os níveis de açúcar no sangue estão muito baixos. A novidade, publicada no Diabetes Care, é que cientistas da Universidade de Cambridge conseguiram isolar a substância que os cachorros detectam pelo faro. Ela se chama isopreno e é um composto natural presente no hálito humano que, ao contrário dos cachorros, não somos capazes de perceber. Apesar de ainda não saberem de onde ele vem e da sua relação exata com a ascensão dos níveis de açúcar, os pesquisadores acreditam que o isopreno seja um subproduto da produção de colesterol.
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Para encontrar qual era substância que os cachorros tanto cheiravam, os cientistas baixaram gradativamente a pressão de oito mulheres na faixa dos 40 anos portadoras de diabetes tipo 1 e analisaram os produtos químicos da respiração delas. Ao final do experimento, notaram que os níveis de isopreno quase dobraram quando as mulheres estavam com hipoglicemia.
A descoberta abre um novo leque de possibilidades para aparelhos medidores de glicose, principalmente por se tratar de uma doença que mata 3,7 milhões de pessoas todos os anos e que assola um em cada 11 adultos no mundo. A estimativa da Federação Internacional de Diabetes é que, até 2025, 380 milhões de pessoas sejam diabéticas, se nada for feito para evitar.
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