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Cientistas encontram arsênio e superbactérias em ostras consumidas no Brasil

Por serem filtradores, esses animais são ótimos indicadores de poluição ambiental.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 7 ago 2025, 19h11 - Publicado em 7 ago 2025, 19h00

Ostras frescas, consumidas in natura e vendidas em mercados de São Paulo e Santa Catarina, foram encontradas com cepas de bactérias altamente resistentes a antibióticos, incluindo uma espécie nunca antes identificada em alimentos no Brasil. 

A descoberta foi publicada na revista científica Food Research International e conduzida por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP em colaboração com o Instituto de Pesca. 

O foco da pesquisa foram as enterobactérias, um grupo de microrganismos classificados como “prioridade crítica” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à sua crescente resistência a antibióticos. Para verificar a presença dessas bactérias, os pesquisadores analisaram 108 ostras frescas coletadas em cinco mercados dos estados de São Paulo e Santa Catarina. A escolha não foi à toa: por ser filtrador, esse molusco serve como um excelente indicador das condições do meio ambiente em que vive. 

Em amostras analisadas pelos cientistas foram encontradas bactérias chamadas Citrobacter telavivensis, espécie identificada pela primeira vez em um hospital israelense em 2010. Agora, ela surge no Brasil – não em um centro médico, mas nos mercados de frutos do mar.

 

Além da presença de bactérias resistentes, as ostras analisadas apresentaram concentrações de arsênio entre 0,44 e 1,95 mg/kg – o limite máximo permitido pela Anvisa é de 1 mg/kg. 

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A combinação entre resíduos de antibióticos e metais pesados como arsênio parece criar o cenário ideal para o surgimento dessas superbactérias. Os pesquisadores chamam esse fenômeno de “co-seleção”, em que as bactérias adaptadas a um tipo de poluente acabam se tornando resistentes também a outros.

Mais alarmante ainda foi a detecção da enzima CTX-M-15 nas cepas de C. telavivensis. Essa enzima confere resistência a antibióticos de última geração usados em casos graves. 

Para Edison Barbieri, pesquisador do Instituto de Pesca e coautor do estudo, os achados reforçam a necessidade urgente de ampliação da vigilância: “É fundamental que haja um maior monitoramento ambiental. Monitoramento não só do arsênio e metais, mas principalmente das bactérias resistentes. Não só das ostras, mas também dos pescados”, disse ao Jornal da USP.

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A situação é agravada pelo fato de que as ostras são consumidas cruas, sem qualquer processo de cozimento que possa eliminar microrganismos patogênicos. Isso eleva o risco de infecção, especialmente entre idosos, crianças e pessoas imunocomprometidas. E, como a origem exata dos animais analisados na natureza não era conhecida, não foi possível identificar a fonte específica da contaminação.

A legislação brasileira atual sobre a qualidade de ostras para consumo humano limita-se à detecção de coliformes fecais. Isso, segundo os pesquisadores, é insuficiente. 

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As ostras, por viverem fixas e se alimentarem por filtração, funcionam como sentinelas ambientais. Retêm microrganismos presentes na água — inclusive aqueles provenientes de esgotos domésticos e hospitalares — e refletem, em tempo real, o estado de contaminação do ambiente. 

Segundo os pesquisadores, os dados levantados mostram que “animais estão sendo infectados e morrem por essas bactérias”. A introdução de uma bactéria multirresistente como a Citrobacter telavivensis na cadeia alimentar “pode ter consequências graves”, reforça Barbieri.

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