Uma descarga elétrica entre neurônios mais duradoura que as habituais: a crise epilética sempre começa assim. O que acontece depois depende da área do cérebro atingida. Se a descarga se restringir à região responsável pela mão esquerda, por exemplo, a crise pode ser apenas uma sensação de formigamento nessa parte do corpo. A temida convulsão é apenas um dos tipos de crise. E a mais grave delas.
As descargas anormais só acontecem quando já existe algum problema no cérebro que facilita a superexcitação. A falha pode estar em neurônios que funcionam mal por causa de problemas genéticos, ou que não amadureceram direito, devido a problemas de má formação do córtex. Uma pancada forte na cabeça também é capaz de causar epilepsia. É que as novas ligações entre os neurônios, formadas durante a cicatrização, podem criar o cenário ideal para descargas incomuns.
Cirurgias são indicadas a cerca de 25% dos pacientes, explica Renato Marchetti, do Projeto de Epilepsia e Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Na maioria dos casos, a doença não é curada, mas controlada com remédios e hábitos saudáveis, como evitar bebedeiras. O álcool até diminui a atividade cerebral, o que ajudaria a evitar as crises. Mas o problema vem com a conta do bar: quando você pára de beber, a atividade do cérebro volta a aumentar, favorecendo a ocorrência das descargas elétricas não habituais.
Como ajudar alguém em convulsão
Boca seca
Coloque a pessoa deitada de lado, para que a saliva escorra e não a sufoque.
Língua solta
Nada de segurar a língua do paciente. Não há perigo de ela ser engolida e você ainda pode se machucar.
Abre alas
Como o corpo treme muito e a pessoa perde a consciência, afaste móveis de perto, para que ela não se machuque.
Fique por perto
A crise vai durar de um a dois minutos (tempo que o cérebro leva para liberar os neurotransmissores que inibem a corrente de eletricidade entre neurônios). Se a situação se estender, chame uma ambulância.