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Como Elvis Presley ajudou os Estados Unidos a eliminar a poliomielite

A imunização do Rei do Rock incentivou diversos jovens a fazerem o mesmo. Depois disso, foi a vez dos próprios adolescentes americanos darem início a um movimento pró-vacinação.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 14 jul 2021, 22h23 - Publicado em 24 dez 2020, 11h34

Na última quarta (14), Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, convidou a atriz e cantora Olivia Rodrigo para fazer um discurso na Casa Branca sobre a importância de se vacinar contra a Covid-19.

Apesar de a vacinação ter avançado no país, com eventos, competições esportivas e demais aglomerações voltando ao normal, os EUA ainda encontram dificuldade em imunizar a população mais jovem. Entre os americanos de 18 a 24 anos, por exemplo, 50,5% deles tomou ao menos uma dose da vacina (41,6% foram completamente vacinados). No geral, a taxa de imunização das faixas etárias mais jovens está bem abaixo da média nacional.

O objetivo, então, é fazer com que Olivia, que recentemente se tornou uma das maiores figuras do pop, vire um símbolo – e incentive essa parcela da população a se vacinar. Aos 18 anos, a artista é estrela de uma série da Disney (High School Musical: The Musical: The Series), possui 28 milhões de seguidores no Instagram e seu álbum de estreia, Sour, está no topo das paradas.

Legal, não? Mas não foi a primeira vez que uma estrela da música deu uma ajudinha em uma campanha de vacinação.

No final da década de 1940, a poliomielite – também conhecida como paralisia infantil ou apenas pólio –, afetava cerca de 35 mil pessoas por ano nos Estados Unidos. O vírus, que infectava principalmente crianças, era fatal em 20% dos casos em que a pessoa desenvolvia o problema. 

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O cenário deveria ter melhorado em 1955, com a chegada da vacina do médico Jonas Salk. Infelizmente, não foi bem isso que aconteceu. O imunizante, produzido pelos laboratórios Cutter, era confiável, e composto pelo vírus inativado. Contudo, alguns dos primeiros lotes distribuídos para a população estavam alterados, e traziam o vírus ativado em suas doses. Resultado: 40 mil casos de poliomielite, causados tanto pela vacinação indevida quanto pela transmissão natural do vírus. O episódio ficou conhecido como Incidente Cutter.

Mesmo após o problema ser resolvido, os americanos continuavam com medo da vacinação. Além disso, eram necessárias três doses da vacina para obter a imunização, e cada uma custava entre US$ 3 e US$ 5 – valor que, hoje em dia, equivaleria a US$ 30 e US$ 50. Pelo alto preço, famílias com muitos filhos optavam por dar menos doses a eles – o que não era efetivo. Como se não bastasse, jovens enxergavam a doença como algo exclusivo das crianças e escolhiam não se vacinar. 

Rei do rock (e da saúde pública)

No dia 28 de outubro de 1956, Elvis Presley chegou para salvar o dia. O astro subiu no palco do The Ed Sullivan Show, o programa de televisão mais popular dos EUA naquela época. Lá, ele cantou sucessos como “Love Me Tender” e “Hound Dog”. Mas, antes disso, cumpriu um pedido da March of Dimes (antiga Fundação Nacional para a Paralisia Infantil). O cantor, que tinha 21 anos, posou para as câmeras enquanto recebia a vacina contra a poliomielite. 

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Nem é preciso dizer que o ato ganhou os jornais do país. Até então, apenas 10% dos jovens de Nova York haviam se vacinado – e registros da época mostram que a taxa aumentou com a influência do astro. A March of Dimes, inclusive, passou a oferecer fotos autografadas por Elvis aos fã-clubes que comprovassem que todos os seus membros haviam sido vacinados. Entre 1955 e 1957, os casos de pólio nos EUA caíram 81%.

Virando o jogo 

A participação de Elvis nessa história é inegável. Mas, claro, foi apenas mais uma peça de um movimento muito maior. Os próprios jovens, que antes não queriam se vacinar, criaram um grupo chamado Adolescentes Contra a Poliomielite (TAP, sigla em inglês), apoiado pela March of Dimes. O grupo aderiu à panfletagem, colaborou com funcionários de saúde pública para custear injeções e ajudou na organização de eventos de vacinação.

A TAP chegou, inclusive, a lançar uma política de “sem vacinas, sem encontros”: caso o pretendente romântico não estivesse imunizado, nada de match. Em festas, só aqueles com a carteira de vacinação em dia eram bem-vindos.

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