Consumo excessivo de sal pode aumentar estresse
Em um teste com ratos, os que tinham uma dieta salgada foram mais afetados por uma situação estressante e tiveram respostas fisiológicas mais fortes
As consequências fisiológicas do alto consumo de sódio já são bem conhecidas. O sal eleva a pressão arterial que, por sua vez, pode aumentar o risco de problemas cardíacos.
Cientistas começaram a explorar, também, um tópico não usual dessa influência: o efeito do sal no nosso comportamento, particularmente nos níveis de estresse.
Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, realizaram um experimento com ratos para investigar a relação entre a ingestão de sódio e o estresse. Os cientistas alimentaram ratos machos com dietas ricas em sal, em uma proporção semelhante à tipicamente ingerida por seres humanos.
Além de um grupo controle, que recebia refeições com baixo nível de sal, os roedores foram divididos em dois grupos: alguns comeram os pratos salgados por duas semanas, e outros por oito.
Analisando as amostras de sangue dos ratos, eles descobriram que os níveis de cortisol – hormônio relacionado ao estresse – eram sempre mais altos nos ratos da dieta rica em sal. Para induzir o estresse, os ratos eram tirados do repouso e colocados em pequenos tubos de vidro.
O sal não desencadeou o estresse nos ratos, mas o amplificou. Segundo os cientistas, as cobaias teriam essa resposta de qualquer jeito. Mas a ingestão excessiva de sal piorou a situação.
No estudo, os pesquisadores também colheram amostras de tecidos de alguns ratos após sacrificá-los. As cobaias tinham aumento na atividade de genes que produzem as proteínas cerebrais responsáveis pela resposta ao estresse – mesmo no grupo que recebeu a dieta salgada por apenas duas semanas.
O impacto do sal na saúde não é um tema de pesquisa simples. Monitorar a ingestão de sal das pessoas é difícil, mesmo em condições controladas, por ele ser tão presente em nossos costumes. Além disso, como o sal pode aumentar a pressão arterial com o tempo, adicionar conscientemente sal à dieta dos participantes do estudo é um dilema ético.
A solução para os pesquisadores foi usar ratos. Segundo eles, os roedores são similares aos seres humanos em termos de anatomia, fisiologia e genética; além disso, nas duas espécies a dieta é um dos fatores que pode controlar a resposta ao estresse. Os ratos também não costumam ingerir muito sal, o que facilita o teste de seu impacto.
Apesar disso, ainda existem diferenças na maneira como os humanos e os animais absorvem, usam e metabolizam o sal – sendo assim, os resultados não devem ser traduzidos linha por linha. “As comparações entre roedores e seres humanos devem ser interpretados com cautela”, afirmou Giuseppe Faraco, professor-assistente de neurociência na Weill Cornell Medicine, que estuda a ligação entre o sal e o comprometimento cognitivo, mas que não participou deste estudo, à Wired.