Estudo acha possível explicação da ‘Covid longa’
Pacientes com essa condição têm anormalidades em fluido que envolve o cérebro.
A Covid longa, que se manifesta depois que a pessoa já está curada do Sars-CoV-2, é um dos elementos mais misteriosos – e preocupantes – da pandemia: suas vítimas podem apresentar insônia, dificuldades de memória e concentração e a chamada “síndrome da fadiga crônica”, uma sensação de cansaço permanente que parece ter origem neurológica (ela se manifesta mesmo se a pessoa não tiver feito nenhum esforço).
Não há cura; nem sequer tratamento. Mas um estudo pode ter dado o primeiro passo para decifrar o enigma. Cientistas da Universidade da Califórnia avaliaram 17 pessoas que sofrem de Covid longa (1) e aceitaram se submeter a uma punção lombar, procedimento delicado que consiste em introduzir uma agulha entre as vértebras lombares para colher uma amostra de fluido cefalorraquidiano, o líquido que envolve e protege o cérebro e a medula espinhal.
Dessas 17 pessoas, 13 tinham sintomas neurológicos da Covid longa – e, em 10 delas (77%), havia anticorpos e níveis elevados de outras proteínas no fluido cefalorraquidiano. São sinais de que o sistema imunológico estava atacando o cérebro. Para os pesquisadores, isso pode ser uma consequência do contato com o coronavírus, que levaria a uma hiperativação imunológica.
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Fonte 1. Risk factors and abnormal cerebrospinal fluid associate with cognitive symptoms after mild COVID-19. J Hellmuth e outros, 2022.