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Existem doenças mentais que só atacam determinados povos?

Sim - tudo graças à cultura. Conheça os distúrbios mais curiosos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 30 set 2007, 22h00

Texto Eduardo Campos Lima

A histeria do Ártico, também chamada de pibloktoq, acomete esquimós e outros povos da região. Os­ doentes – principalmente mulheres – rasgam suas roupas, gritam obscenidades, comem fezes e jogam-se na neve imitando focas. Seria uma histeria como outra qualquer? “Uma crise histérica de mulheres em uma sociedade moderna jamais apresentaria tais traços”, responde Marcos de Noronha, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria Cultural.

Na literatura médica, o pibloktoq é classificado como um transtorno específico de cultura – um padrão aberrante de comportamento e quadros psi­quiátricos observados em uma determinada sociedade, mas inexistentes em outras. A causa de um distúrbio assim tem relação com a estrutura social e com os aspectos culturais do povo em que aparecem. Há estudos ligando a histeria do Ártico à dieta dos esquimós (que sofrem de deficiência de cálcio e superdosagem de vitamina A) e às transformações no seu modo de vida, ocorridas desde o século passado.

Não existem estudos conclusivos sobre as causas desse tipo de distúrbio. “A pesquisa ainda está no nível das especulações vagas”, afirma o sociólogo Lloyd Rogler, da Universidade Fordham, em Nova York. Alguns especialistas chegam a contestar a existência desses transtornos como uma categoria à parte. “Não há nada, dentro da psiquiatria, que seja isento de aspectos culturais”, diz a antropóloga italiana Chiara Pussetti, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, de Lisboa.

 

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Cada lugar com a sua mania

Conheça alguns dos transtornos específicos de certas culturas

Indonésia

O koro faz o doente crer que sua genitália será absorvida pelo corpo, o que causará sua morte. Os homens observam e seguram o pênis ininterruptamente, para impedir que ele suma. A síndrome pode estar ligada a crenças espirituais relativas à fertilidade.

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Japão

O taijin kyofusho provoca o medo de que partes ou funções de seu corpo ofendam os outros devido à aparência, ao odor ou aos movimentos. Especialistas afirmam que uma das causas pode ser a ênfase na coletividade, e não no indivíduo, presente na cultura japonesa.

Canadá

O windigo aparece em povos indígenas. O doente acredita estar possuído por um espírito que o obrigará a comer carne humana. Muitos pedem para ser mortos antes que comam alguém. A causa do problema pode estar na fome causada pelo rigoroso inverno na região.

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China

Diversos distúrbios específicos são relatados na China. O shenjing shuairuo causa fadiga física e mental, problemas gastrintestinais e crises nervosas. O shenkui é o pânico provocado pela crença de que a ejaculação freqüente causa a perda da energia vital pelo sêmen.

 

América Latina

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O susto ocorre na Amazônia e causa perturbações no apetite, no sono, depressão, cefaléia, diarréia e até morte. A crise é deflagrada, ora, por um susto – pode ser no encontro com uma fera ou por um trovão –, o que, segundo a crença dessa região, pode fazer a alma abandonar o corpo.

Países industrializados

Os países ocidentais são os que apresentam mais casos de depressão. A tensão pré-menstrual (TPM), a anorexia e a bulimia também prevalecem nessas sociedades. Há especialistas que, por isso, classificam esses transtornos como específicos da cultura ocidental.

 

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