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Médicos levam relatos de dor menos a sério quando o paciente é mulher

Estudo avaliou 21 mil casos e concluiu que profissionais de saúde prescrevem menos analgésicos para elas por conta de vieses inconscientes.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 7 ago 2024, 14h04 - Publicado em 7 ago 2024, 14h00

Profissionais de saúde, incluindo médicos e enfermeiros, tendem a encarar reclamações de dor de forma diferente entre pacientes homens e mulheres, revelou um novo estudo. Os relatos femininos são tratados com menos seriedade – e elas passam mais tempo aguardando por atendimento, além de receberem, em média, menos medicamentos analgésicos do que homens para o mesmo problema. 

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou dados de prontuários de mais de 21 mil pacientes em hospitais dos Estados Unidos e de Israel. Os pesquisadores focaram em pessoas que procuravam atendimento médico com queixas de dores sem explicações claras (como dores de cabeça ou no corpo, por exemplo).

Segundo os resultados, a diferença acontece já quando um paciente chega no hospital. Nessa etapa, as chances do profissional pedir para que uma mulher descreva sua dor numa escala de 1 a 10 era 10% menor do que solicitar a mesma métrica para homens – considerando as mesmas queixas. Depois da entrevista inicial, elas esperavam, em média, 30 minutos a mais do que eles para serem atendidas.

A probabilidade de os profissionais de saúde prescreverem analgésicos para as mulheres também era menor do que para homens, novamente considerando as mesmas queixas de dor. Segundo os cientistas, isso foi observado consistentemente em várias amostras, incluindo em hospitais e países diferentes, mesmo quando outras variáveis eram levadas em conta (como a intensidade da dor de cada caso).

A explicação, segundo os pesquisadores, pode estar num viés (provavelmente inconsciente) de interpretar as queixas das mulheres como “exageradas” ou “histéricas”, uma consequência de interpretações sociais machistas.

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Uma conclusão curiosa foi que esse efeito permanecia mesmo se o profissional de saúde (médico ou enfermeiro) responsável era também uma mulher, mostrando que ambos os gêneros apresentam essa visão enviesada.

Além na analise de prontuários, os pesquisadores também fizeram um experimento separado, com 109 enfermeiros. Nessa pesquisa, os cientistas apresentaram um cenário hipotético de um paciente com uma queixa de dor nas costas muito forte. A equipe informou diversos dados clínicos do paciente imaginário – todos idênticos para cada participante da pesquisa, com exceção do sexo, que variava. 

Os enfermeiros voluntários então tinham que avaliar o grau de gravidade daquele caso hipotético, e os resultados mostraram que, novamente, os profissionais subestimaram o nível de dor quando o paciente era uma mulher em relação ao cenário em que era um homem.

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