Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Revista em Casa por 9,90

Mortes por calor extremo devem dobrar até 2054 na América Latina

Análise de nove países (Brasil incluso) sugere que os termômetros nas alturas serão responsáveis por 2% do total de óbitos. Entenda.

Por Manuela Mourão
16 out 2025, 19h00

Eis mais um péssimo cenário da crise climática: segundo um novo estudo, a mortalidade associada pelo calor nas cidades da América Latina pode mais que dobrar nas próximas três décadas. 

Publicada na revista Environment International, a pesquisa liderada pelo professor Nelson Gouveia, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), projeta que, entre 2045 e 2054, a proporção de mortes atribuídas ao calor passará de 0,87% para 2,06% do total de óbitos.

O estudo analisou dados de 326 cidades em nove países latino-americanos – Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Panamá e Peru –, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. Embora as mortes associadas ao frio devam diminuir, essa redução não compensará o aumento expressivo das fatalidades ligadas ao calor extremo.

“As pessoas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem”, afirmou Gouveia em comunicado. “Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou a espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas.”

O trabalho faz parte do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (SALURBAL-Clima), uma iniciativa internacional de cinco anos (2023–2028) que busca entender como o aquecimento global afeta a saúde das pessoas da região.

Continua após a publicidade

Os resultados apontam que, mesmo em um cenário com menos emissões de carbono, o número e a duração das ondas de calor devem dobrar até meados do século. No pior cenário (com a quantidade de emissões maior ou igual à atual), o número de eventos pode crescer até 12 vezes, e sua duração aumentar nove vezes, de acordo com um artigo complementar publicado em 2024 na Scientific Reports, também de autoria de Gouveia.

A década de 2015 a 2024 já é a mais quente desde 1850, e os efeitos do calor sobre a mortalidade são desproporcionais. Cada aumento de 1 °C em dias extremamente quentes eleva em 5,7% o risco de morte – quase o dobro do impacto observado em dias frios, segundo outro estudo de Gouveia publicado na Nature Medicine em 2022.

Além de causar mortes, o calor extremo agrava doenças crônicas, como problemas cardíacos e respiratórios. “As mortes são apenas a ponta do iceberg”, ressalta Gouveia. “O calor aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente entre idosos e pessoas com doenças pré-existentes.”

Continua após a publicidade

Um estudo publicado no ano passado na Environmental Epidemiology estima que, entre 1997 e 2019, mais de 59 mil pessoas morreram em decorrência do calor em 13 países latino-americanos – sendo o Brasil responsável por parte significativa das fatalidades.

Diante desse panorama, os pesquisadores defendem medidas urgentes de adaptação urbana e saúde pública. Entre as ações propostas estão sistemas de alerta para ondas de calor, expansão de áreas verdes, criação de corredores de ventilação nas cidades, telhados verdes e sombreamento em espaços públicos. Também são recomendados protocolos específicos para atendimento de idosos e pessoas com doenças crônicas – como já acontece no Rio de Janeiro – e a introdução de programas de educação para a população sobre os riscos do calor e maneiras de proteção, tanto em níveis individuais, quanto coletivos.

“Mitigar as emissões é essencial”, diz Gouveia, “mas também precisamos nos preparar para viver em um clima mais quente. Isso envolve desde políticas governamentais até mudanças individuais de comportamento, como reduzir o uso do carro, economizar energia e evitar a exposição ao sol em horários de maior calor.

Continua após a publicidade

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente.
Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.