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Ciclo menstrual varia entre pessoas de diferentes etnias, indica estudo

Dos 12,6 mil participantes da pesquisa, aqueles que se identificaram como asiáticos têm um dia e meio a mais de ciclo, em média.

Por Luisa Costa
Atualizado em 26 out 2022, 18h18 - Publicado em 26 out 2022, 18h15

O ciclo menstrual de uma pessoa é o intervalo entre o primeiro dia da menstruação e o dia anterior ao início da próxima. Geralmente tem duração de 24 a 38 dias, podem ou não ser regulares – e variam de acordo com a etnia de cada um. Essa é a conclusão de um estudo que monitorou mais de 165 mil ciclos de 12,6 mil indivíduos dos Estados Unidos.

Participaram do estudo pessoas negras, indígenas, brancas e hispânicas, além de voluntários de ascendência asiática, do Oriente Médio ou Norte da África. Os pesquisadores acompanharam os ciclos por meio de um aplicativo de celular, em que os participantes registravam as datas do início de sua menstruação.

Os pesquisadores notaram que, entre os participantes que se identificaram como asiáticos, os ciclos menstruais eram, em média, um dia e meio (1,6, para ser mais preciso) mais longos do que os de pessoas brancas. Já para os hispânicos (ou seja, de ascendência espanhola ou latino-americana), os ciclos duravam 0,7 dia mais em relação às pessoas brancas.

Os cientistas ainda não sabem ao certo o que estaria por trás da duração e variabilidade dos ciclos menstruais em cada etnia. Fatores possíveis incluem estresse, desigualdade no acesso aos serviços de saúde (e no status socioeconômico) e exposição a produtos químicos que provoquem alterações hormonais.

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Dados sobre o índice de massa corporal (IMC) e a idade dos participantes também podem influenciar. Os pesquisadores perceberam, por exemplo, que pessoas com obesidade grau 3 (IMC acima de 40) tiveram ciclos de um dia e meio a mais, em média, do que aquelas com IMC saudável.

Entre pessoas com mais de 50 anos, os ciclos menstruais se mostraram irregulares e mais compridos. Estudos anteriores já observaram essas mudanças: são situações esperadas para essa faixa etária, em que geralmente ocorre o climatério e a menopausa, que encerram o período fértil da vida de alguém.

As características estudadas são pistas importantes sobre condições ginecológicas, fertilidade, doenças cardiometabólicas e risco de mortalidade. Ciclos menstruais longos e irregulares, por exemplo, já foram associados a uma chance maior de morte antes dos 70 anos – principalmente relacionada a doenças cardiovasculares. Essa pesquisa, contudo, não investigou os riscos aumentados entre as etnias, faixas etárias e IMCs.

“Com a popularidade dos aplicativos de monitoramento do ciclo menstrual, nosso estudo demonstrou que esses dados são um recurso promissor e poderoso para a pesquisa da saúde menstrual”, escrevem os pesquisadores.

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Quem realizou o estudo foi uma equipe de doze pessoas; entre elas, pesquisadores de Harvard e do National Institutes of Health (NIH) – a principal agência governamental dos EUA responsável por pesquisas de saúde pública.

O estudo foi publicado no MedRxiv, um site que disponibiliza artigos científicos antes da revisão por outros pesquisadores – uma etapa importante da produção de conhecimento científico, que avalia os resultados de um estudo e antecede a publicação em revistas especializadas. Por isso, estas descobertas ainda não podem influenciar práticas clínicas, por exemplo.

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