Se você passou pelo litoral paulista entre ontem (14) e hoje (15), é provável que tenha avistado uma imensa cortina de fumaça. Também há grandes possibilidades de que algumas pessoas que cruzaram seu caminho estivessem nitidamente passando mal. Não era a produção de nenhum filme ou novela. Eram 20 toneladas de ácido dicloro isocianúrico sendo queimadas no porto de Santos, no Guarujá.
Não é à toa que aparece “cloro” no nome do produto incêndiado. A substância é a utilizada para produzir o pó que, misturado com a água, serve para a limpeza de piscinas. E é justamente a reação do produto com o liquido que pode ter causado tudo isso. O ponto é que o ácido em questão reage de forma efervescente, ao entrar em contato com a água. A hipótese sustentada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) é que o contêiner que levava o carregamento de dicloro estava com algum tipo de problema de vedação. Choveu, a água entrou, a substância reagiu com o liquido e produziu uma reação exotérmica (onde há geração de calor), a caixa esquentou e as sacas começaram a pegar fogo, outros contêineres (com produtos ainda desconhecidos pelo Corpo de Bombeiros) foram atingidos assim surgiu a fumaça – tóxica.
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Espessa por conta de suas toxinas, especialmente o ácido dicloro, os que passavam pela fumaça começavam a sentir efeitos na hora. E se engana quem pensa que foram poucos. A fumaça atingiu três cidades (Santos, Guarujá e Cubatão), e mais de 140 pessoas da região procuraram hospitais. As reclamações se repetiam: problemas respiratórios, náuseas, dores de cabeça e sintomas como irritações na garganta, olhos e pele. Nesses últimos casos vale ressaltar que, apesar do instinto natural ser molhar as partes do corpo que estão gerando incomodo, aqui vale mais a pena se controlar um pouco lembrar das aulinhas de química. Se você colocar água, o cloro vai encarar a região como um lugar mais do que propicio para reagir e, infelizmente, as coisas só vão piorar. O mesmo vale em usar pano molhados para tentar cobrir o rosto. É melhor que os pedaços de tecido estejam secos.
O outro problema que a fumaça pode causar talvez seja o pior deles, e só descobriremos a longo prazo. Ainda não se sabe quais as consequências que a fumaça pode trazer para o ambiente da região. A CETESB anunciou que só analisará os danos após o término de todos os trabalhos dos bombeiros. Por enquanto, a única notificação dada é a de que não foram encontrados animais marinhos mortos nos entornos. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) também afirmou que está acompanhando o caso e sugeriu que caminhões suguem águas contaminadas na região, antes que elas prejudiquem a vida marítima.
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