Oftalmologia: Você precisa de óculos?
Enxergar bem é um privilégio de poucos. Mas não é difícil conviver com os defeitos visuais.
Claudio Angelo
De cada cem pessoas, apenas quinze têm uma visão perfeita. Você acha pouco? Talvez mude de idéia se pensar na difícil combinação de fatores necessários para ver o mundo com nitidez. A vista perfeita depende da perfeita harmonia entre todas as estruturas do olho. Para começo de conversa, a distância entre a superfície da córnea e a retina tem de ser de 24 milímetros, exatamente. Com 1 milímetro a mais ou a menos, você se torna míope ou hipermétrope, e terá dificuldades para ver de longe ou de perto.
Se a córnea não for perfeitamente esférica, você terá astigmatismo: as imagens ficarão embaçadas a qualquer distância. Esses problemas chamados defeitos de refração fazem com que a luz percorra um caminho irregular dentro do olho e não seja focada no centro da visão. Felizmente, os óculos são dispensáveis em grande parte dos casos. É possível conviver com pequenos graus de astigmatismo”, diz o oftalmologista Elcio Hideo Sato, da Universidade Federal de São Paulo. “E as crianças podem ter até 4 graus de hipermetropia sem maiores conseqüências.”
Linha de montagem
Esta é a clínica do médico russo Sviatoslav Fiodorov, que inventou a ceratotomia, nos anos 70, para curar miopia. A operação consiste em cortes na córnea, que mudam o ângulo de incidência da luz, para que o foco se forme na retina. Com eficiência de apenas 64%, o procedimento está sendo substituído pela cirurgia a laser, mais segura, mas ainda em aperfeiçoamento
Quem sabe é super
O primeiro registro histórico de cirurgias oftalmológicas data de aproximadamente 3 000 antes de Cristo, na Suméria. A lei proibia os médicos de cobrar mais de dez moedas de prata por paciente. Se o médico errasse a operação, suas mãos eram cortadas.
Visão torta por linhas certas
Entenda os defeitos mais comuns.
Miopia
O olho é mais alongado do que o normal e, por isso, o foco se forma antes da retina. Resultado: quando o cristalino está relaxado e a luz chega lá, está tudo embaçado. Para ver bem, o míope precisa usar lentes de formato côncavo, divergentes.
Hipermetropia
O olho é mais curto e o foco se situa depois da retina. A imagem fica embaçada quando o objeto está próximo e o cristalino se contrai ao máximo. Para corrigir o problema, o hipermétrope precisa de lentes convexas, divergentes.
Astigmatismo
O astigmata tem a visão embaçada, para longe e para perto. Ele não pode distinguir dois pontos próximos, porque sua córnea tem o formato de uma bola de futebol americano: um eixo esférico e um pontudo. Lentes cilíndricas compensam a falha.
O fim da miopia em 30 segundos
Com o laser, o cirurgião esculpe a córnea.
A solução mais rápida para acabar com a miopia é a cirurgia a laser. Desenvolvido nos anos 80, o método destrói camadas de células no centro da córnea e pode ser usado também para a hipermetropia ou o astigmatismo: Mas a operação só é indicada quando a miopia estaciona, a partir dos 20 anos de idade, e sabe-se pouco sobre seus resultados a longo prazo.
UMA EXPLOSÃO ATÔMICA?
Não. Esta foto, obtida por microscópio, mostra a ação do laser sobre o tecido da córnea. Esse cogumelo atômico são células sendo pulverizadas
CADA VEZ MELHORES
As lentes de contato foram criadas em 1877, para corrigir o astigmatismo. Mas elas eram duras, desconfortáveis e não podiam ser usadas por muito tempo. Hoje já existem lentes multifocais e até descartáveis