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Olimpíadas: Um dia os atletas olímpicos vão parar de quebrar recordes?

Será que as limitações fisiológicas do corpo humano serão capazes de parar os avanços da tecnologia e da ciência aplicadas aos esportes?

Por Bela Lobato
10 ago 2024, 10h00

O clima de competição das Olimpíadas cria uma expectativa em quem assiste: quebrar recordes, fazer história nas piscinas, nas pistas e nas arenas de Paris. Mas, à medida que os desempenhos melhoram e os recordes se tornam cada vez mais difíceis de serem superados, será que os atletas um dia chegarão aos limites do que é possível? 

O arremesso de martelo pode já ter tido esse destino: desde 1986, ninguém quebrou o recorde mundial de 86,74 m, de Yuriy Sedykh, da extinta União Soviética.

No entanto, os atletas frequentemente se superam em outros esportes. Nos Jogos de 2024, teve modalidade que até exagerou: o recorde mundial feminino da disputa do ciclismo de pista foi quebrado três vezes em quatro corridas (e terminou com a Grã-Bretanha).

Aliás, parece ser isso que deseja o nadador brasileiro César Cielo, que viralizou nas redes sociais ao torcer contra os atletas que competem em Paris. Cielo quer continuar invicto com seu recorde, que já é o mais longevo da história da categoria: em 2009, ele bateu a marca de 20.91 segundos nos 50 metros livres.

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As restrições biofísicas dos músculos, o tempo de reação e o envelhecimento natural podem ser alguns dos limites no caminho dos recordes infinitos. No entanto, técnicas inovadoras, roupas esportivas aprimoradas, e a IA podem ajudar os atletas a continuar a atingir novos níveis de desempenho.

As limitações dos músculos

Os atletas olímpicos geralmente ostentam músculos impressionantes, mas ganhos maiores não levam necessariamente a melhorias no desempenho atlético.  De modo geral, mais massa muscular produz força extra, mas os retornos diminuem à medida que a massa muscular continua a crescer – e os músculos acabarão se aproximando de um limite rígido do que podem alcançar.

Além disso, músculos enormes podem até mesmo limitar os atletas em alguns esportes, como a corrida de velocidade. Por um lado, os músculos aumentados dão ao velocista mais força e, portanto, o ajudam a superar a inércia – a tendência de um objeto em repouso de permanecer em repouso – na largada. 

Além do tamanho dos músculos, o tipo dominante de fibra muscular de um atleta pode afetar seu desempenho. Há dois tipos principais de fibras musculares: as de contração rápida e as de contração lenta.

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Os velocistas têm uma abundância de fibras musculares de contração rápida, que geram contrações musculares curtas e vigorosas. Essas fibras, que se cansam rapidamente, começam a se deteriorar aos 30 anos. Enquanto isso, as fibras musculares de contração lenta são muito mais resistentes à fadiga, e sua quantidade permanece praticamente constante durante toda a vida.

A influência da técnica e do equipamento

Os músculos estabelecem um limite máximo para o esforço dos atletas, mas o desempenho também depende do que os atletas fazem com seus músculos.

Nas Olimpíadas de 1968, Dick Fosbury usou uma estratégia inovadora para o salto em altura que literalmente elevou o nível. Em vez de voar para frente sobre a vara, ele girou o corpo no meio do voo. O salto para trás permitiu que ele arqueasse o corpo e diminuísse o centro de massa para que pudesse saltar sobre a vara com menos esforço. Cinco anos depois, Dwight Stones aperfeiçoou o “Fosbury flop” e superou o recorde mundial de salto em altura usando esse método.

Foi uma mudança na técnica, e não na capacidade. Hoje em dia, é assim que todos os atletas profissionais saltam.

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As melhorias nas roupas esportivas também podem aumentar significativamente o desempenho. Por exemplo, os atletas que usavam trajes de banho revestidos de poliuretano quebraram 25 recordes mundiais nas Olimpíadas de 2008. O material foi banido das competições em 2010, pois produz uma vantagem de flutuabilidade injusta. No entanto, isso não impediu que os atletas superassem os recordes, sugerindo que o desempenho real dos nadadores ainda não atingiu um teto.

Desde 2016, calçados equipados com palmilhas revestidas de carbono podem dar uma vantagem aos corredores, disse Ferri. Esse tipo de calçado limita a perda de energia por meio da entressola de absorção de choque do tênis, o que significa que o corredor precisa se esforçar menos para correr mais rápido.

A World Athletics, uma organização de federações de atletismo, permite que os atletas compitam com esses calçados, desde que a base de espuma não seja mais alta do que 4 centímetros, portanto, é possível que esse vestuário esportivo leve a novos recordes de corrida.

IA no esporte

Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Internacional (COI) possui uma agenda específica sobre inteligência artificial (IA). Para os atletas, individualmente, existem diversas aplicações. Uma delas usa bancos de dados de desempenho, características físicas e habilidades para identificar talentos. 

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Outra importante utilização da IA é na identificação de padrões ocultos no desempenho dos atletas. Com base nesses dados, as ferramentas podem ajudar os treinadores a propor treinos mais adequados e dar instruções personalizadas para auxiliar na prevenção e reabilitação de lesões.

Essas ferramentas podem compor um sistema de treinamento mais econômico e acessível do que os tradicionais, às vezes exigindo apenas um smartphone. 

Mais recordes quebrados estão por vir?

Outros fatores podem influenciar o desempenho, como a dieta do atleta, seu estado psicológico ou seu modo de treinamento. Por exemplo, ciclistas e corredores treinam em altitudes elevadas, o que faz com que seus corpos produzam mais glóbulos vermelhos que transportam oxigênio. Assim, podem gradualmente aumentar a resistência de seus corpos.

Pode ser que as categorias femininas vejam mais recordes sendo quebrados: pela primeira vez, as Olimpíadas têm mulheres ocupando metade das vagas de atletas.

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Como, historicamente, sempre houve mais homens do que mulheres nos ambientes esportivos, a maior parte da pesquisa sobre o desempenho atlético foi baseada na anatomia masculina.

Alguns cientistas acreditam que o desenvolvimento de melhores métodos de treinamento voltados especificamente para atletas do sexo feminino poderia proporcionar maiores ganhos de desempenho.

Então, Cielo e Bolt que se segurem: ainda existe espaço para que os recordes sejam superados.

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