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Realizado o primeiro transplante total de pênis e escroto da história

O receptor do novo órgão é um soldado dos EUA que perdeu os genitais após ser pego por um explosivo de beira de estrada no Afeganistão.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 abr 2018, 18h38

Um soldado norte-americano que perdeu os genitais após a explosão de um bomba de beira de estrada no Afeganistão recebeu o primeiro transplante de pênis e saco escrotal da história da medicina. O procedimento foi realizado em 26 de março na Universidade Johns Hopkins (EUA), e anunciado ontem pela assessoria de imprensa da instituição. Os dois órgãos vieram atrelados a um grande trecho de pele do abdômen do doador – entenda melhor o procedimento na animação abaixo.

De acordo com um artigo científico publicado no ano passado, 1367 militares dos EUA foram feridos nas partes íntimas entre 2001 e 2013 – o pênis foi gravemente afetado em 31% dos casos. Depois do sucesso dessa primeira tentativa, médicos têm esperança de que transplantes de genitais se tornem comuns e ajudem na recuperação de veteranos de guerra. O maior obstáculo não é médico, mas humano: é difícil encontrar doadores que, por puro altruísmo, estejam dispostos a passar desta para a melhor sem bagagem.

Até então, havia poucos casos registrados de transplantes de pênis bem sucedidos. O mais notável foi feito em 2014 na África do Sul. Nessa ocasião, porém, o paciente só precisou substituir o órgão em si – saco escrotal e testículos estavam intactos, e ele não teve problemas de fertilidade após a operação. O procedimento é extremamente complicado: para que o receptor volte a urinar e fazer sexo sem problemas, cada vaso, artéria e nervo da região afetada deve ser conectado sem erros a seus equivalentes no novo órgão.

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Para evitar incompatibilidades genéticas óbvias, o militar (que preferiu não revelar sua identidade) recebeu apenas o saco escrotal em si, sem os testículos. Ele não poderá mais ter filhos, mas suas ereções, se tudo der certo ao longo da recuperação, serão normais. Ele está tomando injeções de testosterona para compensar o fato de que não pode mais produzir o hormônio. “É um ferimento muito difícil do ponto de vista psicológico, não é fácil de aceitar”, afirmou o soldado à imprensa. “Quanto eu despertei da anestesia, me senti mais normal, e mais confiante. Como se agora estivesse tudo bem.”

Segundo um dos cirurgiões plásticos envolvidos, também seria possível construir um pênis novo a partir de enxertos de tecido tirados de outras partes do corpo. Mas aí o órgão precisaria contar com a ajuda de um implante artificial para possibilitar ereções, o que aumenta os riscos de infecção. Além disso, não é uma boa ideia tirar tecido de outras partes do corpo de pessoas que em geral já sofreram ferimentos graves e amputações. Usar o pênis de um doador, apesar do risco de rejeição, é o mais próximo que a vítima pode chegar da vida anterior ao ferimento.

Agora você já sabe: quando for informar sua família do destino de seus órgãos, considere deixar seu equipamento para a posteridade.

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