Tocar instrumento musical na infância deixa a mente mais afiada na velhice
Segundo estudo escocês, aprendizado musical logo cedo é fonte da juventude para o cérebro, que tende a preservar melhor habilidades cognitivas.
Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, descobriram uma ligação entre aprender um instrumento musical na infância ou adolescência e ter uma mente mais “jovem” quando a idade já está bem avançada. Quanto mais extensa em anos a experiência em tocar um instrumento, mais as habilidades cognitivas permanecem bem conservadas na velhice.
Esse estudo teve uma peculiaridade incomum: aproveitou dados de outra pesquisa, esquecida, feita em 1947. À época, todas as crianças nascidas na Escócia em 1936 foram obrigadas a fazer uma bateria de testes de inteligência. No total, 70.805 crianças participaram. Esse trabalho foi redescoberto há alguns anos por um grupo de acadêmicos escoceses, liderados pelo professor Ian Deary, diretor do Centro de Envelhecimento Cognitivo e Epidemiologia Cognitiva da universidade, que pretendia estudar a mente. E os dados daquela época vieram a calhar. Os estudiosos do presente foram atrás dos voluntários do passado para avaliar sua saúde mental hoje, e que hábitos influenciaram nos aspectos positivos e negativos.
Para analisar a influência do aprendizado musical, selecionaram uma amostra de habitantes das cidades de Edimburgo e Lothians, que tinham participado dos testes na década de 1940, quando todos tinham 11 anos de idade. Dos 366 indivíduos analisados, 117 relataram alguma experiência de tocar um instrumento musical – principalmente quando ainda eram meninos e meninas.
Da descoberta para cá, os agora idosos foram sendo testados periodicamente em várias funções físicas e mentais. E isso implicava também repetir o teste de habilidade cognitiva padronizado que cada um fez lá na infância, incluindo perguntas que exigiam raciocínio verbal, consciência espacial e análise numérica.
A conclusão: quem começou a ter aula de algum instrumento cedo na vida manteve, na média, a cabeça mais afiada, já na velhice, que aqueles que não se interessaram por aprender piano, violão, violino ou gaita de fole (estamos falando de escoceses, lembre-se).
E mais: essa “cabeça boa” dos velhinhos que foram músicos mirins independe de fatores como status econômico, anos de educação, capacidade cognitiva na juventude e o estado de saúde com o passar dos anos. O aprendizado musical fazia a diferença entre indivíduos com históricos semelhantes.
“À medida que nós e outros procuramos os muitos pequenos impactos que podem contribuir para que o cérebro de algumas pessoas envelheça de forma mais saudável, vale a pena acompanhar esses resultados”, afirmou Ian Deary.