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África do Sul anuncia plano para acabar com a criação de leões em cativeiro

Os animais, que costumam viver em ambientes sujos e superlotados, são utilizados no turismo e também nas “caças enlatadas”, em que são confinados em áreas delimitadas para serem mortos.

Por Carolina Fioratti
7 Maio 2021, 16h39

As organizações de conservação animal têm um novo motivo para comemorar. No início desta semana, o Departamento de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente da África do Sul deu um grande passo para acabar com a criação de leões em cativeiro no país. Em comunicado, eles explicaram que a manutenção dos cativeiros não está contribuindo para a conservação da espécie, mas sim afetando a imagem do país frente à causa. 

De acordo com a Panthera, uma organização sem fins lucrativos que visa a proteção de grandes felinos, há cerca de 350 instalações criando entre 8 e 12 mil leões em cativeiro na África do Sul. Quando jovens, os animais costumam ser usados em atrações turísticas, onde os visitantes podem tirar fotos com os filhotes e interagir com os animais ainda esbeltos.

A idade, porém, não é sinônimo de liberdade para os animais. Os leões mais velhos acabam sendo utilizados para a reprodução ou são vendidos para instalações de caças, que promovem a chamada “caça enlatada”. Como o nome sugere, o animal é encurralado em uma espécie de cerco, sem ter para onde fugir, virando alvo fácil para o caçador.

Na caça enlatada o leão é o troféu, e aquele que conseguir abater o bicho leva para casa sua cabeça e pele. Os ossos do animal costumam ser exportados para a Ásia, onde são aplicados na medicina tradicional. Até então, todas estas práticas eram feitas de forma legal. 

O posicionamento do departamento veio acompanhado por um documento de 600 páginas que recomenda uma série de mudanças no tratamento destes animais. Além do fim da criação dos leões em cativeiro, o documento pede ainda pela destruição do estoque atual de ossos e pela aplicação da eutanásia de forma humanitária nos animais. Eles não temem os humanos e nunca aprenderam a caçar, o que leva a crer que não sobreviveriam na natureza. 

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A vida em cativeiro está longe de ser agradável. Os leões são criados em ambientes sujos e superlotados. As fêmeas têm poucos dias para conviver com seus filhotes, que logo são afastados da mãe para que ela possa procriar novamente. Mas parece que a crescente oposição pública às práticas desumanas, aliada à maior compreensão acerca das doenças zoonóticas (originadas em animais), podem ter pesado na decisão de começar a reverter o cenário. 

Cabe agora ao parlamento da África do Sul transformar as recomendações apresentadas pelo Departamento de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente em lei ou não, mas o governo do país já se mostrou favorável a acabar com a criação e reprodução destes animais para uso recreativo. Licenças para novas instalações de leões em cativeiro devem ser suspensas, e as atuais serão revogadas. 

Por outro lado, ainda não há um consenso sobre a venda dos esqueletos. Há quem acredite que a proibição possa levar ao aumento da caça e tráfico ilegal, o que dificultaria o monitoramento por parte das autoridades. Dessa forma, é sugerido um comércio de ossos de leão reformado e sustentável. Outro grupo vai contra a ideia, dizendo que o próprio comércio legal estimula a demanda, fazendo com que cada vez mais animais sejam mortos para sustentar o mercado. 

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