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Empresa organiza expedições para visitar os destroços do Titanic

Os pacotes para os turistas custam de R$ 517 mil a R$ 776 mil, e há uma certa urgência nas viagens - pois o navio está sendo comido por bactérias

Por Rafael Battaglia
6 jul 2021, 16h19

Nesta semana, a OceanGate Expeditions, empresa americana que opera submarinos comerciais, anunciou que pretende começar a levar turistas para visitar o Titanic. O navio, cujos destroços foram encontrados em 1985, está localizado a 3,8 mil metros de profundidade nas águas do Atlântico Norte, a 600 quilômetros da costa leste do Canadá.

O projeto, na verdade, foi anunciado em dezembro de 2018 – na época, a expectativa era iniciar as expedições em 2019. Mas as viagens só começarão agora, e por um preço salgado: cada tripulante dever[a pagar de US$ 100 mil a US$ 150 mil (R$ 517 mil a R$ 776 mil, de acordo com o câmbio atual).

Alguns fatores explicam o valor elevado. O primeiro é a quantidade limitada de turistas. Ao todo, 40 pessoas compraram o pacote, mas elas precisarão se revezar, já que os submarinos comportam apenas cinco tripulantes – e, destes, um é o piloto e outro, um especialista responsável por fornecer informações sobre os destroços.

O outro motivo é que o dinheiro desembolsado pelos viajantes ajudará a custear a parte científica da expedição. Arqueólogos e biólogos marinhos também viajarão no submarino, que é feito de titânio e fibra de carbono e equipado com câmeras de alta definição e um sistema de sonar multifeixe.

Em entrevista à agência Associated Press, Stockton Rush, presidente da OceanGate, disse que o objetivo é aprender mais sobre o Titanic, bem como o ecossistema subaquático que naufrágios do tipo geram – centenas de espécies foram vistas nos seus destroços, por exemplo. Rush ressaltou a certa urgência para expedições do tipo:  “O oceano está levando [o Titanic], e precisamos documentar antes que tudo desapareça ou se torne irreconhecível”.

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Prazo de validade

O RMS Titanic bateu em um iceberg e naufragou em 1912, levando consigo 1,5 mil das 2,2 mil pessoas que estavam a bordo de sua primeira (e única) viagem. Em 1985, os destroços foram encontrados por uma expedição da Marinha americana e, desde então, têm sido explorados, sobretudo, por embarcações não-tripuladas.

Em 2019, após um período de 14 anos sem expedições com humanos por lá, um estudo mostrou que o Titanic está em um rápido processo de deterioração. Em parte, é por causa das correntes de água no fundo do mar – mas as principais responsáveis por isso são bactérias devoradoras de ferrugem.

As Halomonas titanicae, batizadas, justamente, por causa do Titanic, são capazes de metabolizar óxido de ferro e, assim, consumir centenas de quilos de ferro por dia. Além disso, suportam altas pressões, salinidade e escuridão. Resultado: as colônias estão crescendo rapidamente – e destruindo partes inteiras do antigo navio. Especialistas calculam que a embarcação sumirá nas próximas décadas. Alguns, inclusive, arriscam dizer que ela não dura até 2030.

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Visitar ou preservar?

Além de analisar a vida marinha, a expedição quer continuar investigando (e coletando registros) sobre os restos do Titanic, da arquitetura original da embarcação aos objetos pessoais (sapatos, bagagem, etc.) que afundaram. Parte dos turistas são entusiastas da história do famoso navio, e querem vê-lo de perto.

“Tem gente gastando milhões de dólares para ir fazer turismo espacial – que nem sequer é para a Lua. Isso é barato em comparação”, disse à Associated Press a americana Renata Rojas, de 53 anos, que estudou oceanografia por causa do Titanic.

As visitas turísticas, contudo, não são vistas com bons olhos por todo mundo. Anos atrás, a ONG Titanic Historical Society afirmou que as expedições e o turismo ao local do naufrágio deveriam ser limitados, e que a área deveria ser considerada um memorial às vítimas do acidente.

O projeto da OceanGate, ao menos, não coletará nenhum objeto da embarcação. Em 2020, a empresa responsável pelo Titanic tentou reaver o equipamento de rádio que havia emitido o chamado de socorro do navio. O objetivo era colocá-lo em exposição, mas a proposta gerou uma batalha judicial com o governo dos EUA, que afirmou que isso violaria uma lei do país (além de um pacto com o Reino Unido) de manter os destroços intactos.

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