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Estas esferas de couro são a evidência mais antiga de esporte com bola da Ásia

Pouco maiores que uma bola de tênis, elas foram feitas há 3 mil anos – e provavelmente serviam para jogos em equipe, disputados com cavalos.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 13 mar 2024, 14h19 - Publicado em 23 out 2020, 10h48

O hábito de se divertir usando bolas feitas à mão existe há pelo menos 4,5 mil anos: no Egito Antigo, as mais comuns eram de linho, mas, como mostra o túmulo de uma criança egípcia de 2,5 mil anos a.C, também havia versões feitas com trapos e lã. Povos da América Central produziam bolas de borracha há 3,7 mil anos – e, inclusive, faziam espécies de quadras de pedra para jogar seus jogos.

O costume parece ter chegado mais tarde à Ásia e a Europa. Esferas artesanais se tornaram comuns na Grécia, por exemplo, há pelo menos 2,5 mil anos. Já na China, o hábito de jogar com bolas, até então, parecia ter pouco mais de 2,2 mil anos. Mas um novo estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, em parceria com cientistas alemães e chineses, encontrou evidências de bolas ainda mais antigas na região.

A descoberta aconteceu enquanto o grupo analisava bolas encontradas em tumbas do antigo cemitério Yanghai, próximo à cidade de Turpan, no nordeste da China, que tem mais de 3 mil túmulos e foi descoberto nos anos 1970.

Feitas de couro e pele de carneiro – uma delas (a número 3 que você vê abaixo) era recheada com cabelo –, todas as três esferas medem entre 7,4 e 9,2 centímetros de diâmetro. Ou seja, eram pouco maiores que uma bola de tênis. Sua idade, segundo os cientistas, pode ser estimada como algo entre 2,9 mil e 3,2 mil anos. Um estudo que descreve as descobertas foi publicado na revista Journal of Archaeological Science: Reports.

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Estas esferas de couro são a evidência mais antiga de esporte com bola da Ásia
(XY Chen e P. Wertmann/Journal of Archaeological Science: Reports/Montagem sobre reprodução)

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Duas das bolas estavam enterradas junto a objetos como calças, arcos e equipamentos de equitação – o que significa que os túmulos provavelmente pertenciam a cavaleiros. Além disso, as esferas possuem marcas de bastões ou cajados – e, em duas delas, há cruzes vermelhas gravadas, semelhante a bolas da dinastia Tang (século 7 e 8) usadas na China em competições de polo.

Tudo isso levou parte da imprensa a questionar se as tais bolas não serviam a alguma versão muito primitiva de esportes como polo, golfe ou hóquei na grama. Varetas curvadas encontradas em túmulos do cemitério Yanghai, porém, jogam contra essa hipótese. Segundo os cientistas, além de serem muito menos antigas, elas não parecem servir para conduzir as bolas de couro enterradas no local. “Infelizmente as informações arqueológicas não são suficientes para responder com clareza como essas bolas eram jogadas”, disse Patrick Wertmann, pesquisador que assina o estudo, em um comunicado.

“Pode ser um esporte como o pólo”, esclareceu Wertmann em entrevista à Scientific American. “Mas também pode ser algo como uma das primeiras formas de hóquei ou golfe. Já que não temos nenhuma evidência, e não temos nenhum bastão do mesmo período, não sabemos exatamente”.

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A hipótese mais aceita é que as bolas eram usadas em uma modalidade coletiva – que, segundo os autores, provavelmente servia como uma espécie de treinamento militar. Faz sentido, uma vez que guerras com cavalos eram comuns na região à época. As evidências mais antigas da prática de algo semelhante ao polo, por outro lado, são bem mais recentes, e por ora, datam de 2 mil anos atrás. Nada que não possa mudar com descobertas futuras, é claro.

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