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Navio viking atravessa o Atlântico à moda antiga – e tem de pagar taxa de R$ 1,3 milhão

Réplica arqueológica refez o trajeto milenar dos exploradores nórdicos, mas arranjou problemas com a guarda costeira americana

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 11 mar 2024, 11h07 - Publicado em 18 jul 2016, 15h00

O Draken Harald Hårfagre é o maior navio viking da atualidade, com 34,5 metros de comprimento, 8 de largura e um mastro de 24 metros de altura. O barco é uma obra de arte da arqueologia: a construção dele, que ficou pronto em 2012, foi baseada em tudo que se sabe sobre a cultura naval nórdica, dos materiais às técnicas de montagem. Até seu nome é uma homenagem à história norueguesa: draken significa dragão, enquanto Harald Hårfagre foi o rei que uniu os povos nórdicos para criar um país.

A missão da embarcação é recriar a viagem transatlântica de Leif Eriksson, explorador dinamarquês que teria chegado à América do Norte no ano 1.000, 492 anos antes de Cristóvão Colombo descobrir oficialmente o continente. Eriksson também é famoso pelo descobrimento da Groenlândia. A viagem empolgou voluntários do mundo todo: mais de 4 mil pessoas se inscreveram para compor a equipe de 32 marinheiros do Draken.

Mas existe um motivo para a construção naval ter evoluído nos últimos mil anos: os navios vikings não eram nada práticos nem seguros. Logo no começo da viagem, o Draken, só com suas velas e remos, teve grandes dificuldades para atravessar regiões cheias de icebergs e ondas revoltas no norte do Atlântico. A travessia partiu da Noruega em 26 de abril e só terminou no dia 1º de junho, quando a embarcação chegou a Newfoundland, no Canadá.

A equipe conseguiu chegar com esforço até o continente. O plano era participar de exposições marítimas no Canadá e nos EUA e terminar o tour em Duluth, Minnesota, em um grande festival. Mas aí o barco encontrou um inimigo bem pior que os icebergs: a burocracia.

A região americana dos Grandes Lagos exige que o barco viking contrate um piloto licenciado para navegar as águas da região. Como é um navio pequeno para os padrões comerciais, a equipe do Draken Harald Hårfagr acreditou que conseguiria uma dispensa dessa exigência, como acontece em outros países para embarcações com menos de 35 metros de comprimento.

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Mas nos EUA, nem os poderes de Odin resolveram o problema. De acordo com a guarda costeira americana, a lei federal não permite exceções e só o Congresso poderia liberar a passagem do barco sem um piloto local. Os pilotos são pagos por hora e, com uma longa viagem pela frente, o custo total seria de US$ 400 mil (R$ 1,3 milhão). O barco foi construído e é mantido por uma organização sem fins lucrativos, que já afirmou não ter como arcar com a despesa.

O Draken Harald Hårfagr fez sua última parada em Bay City, Michigan, para uma exposição. Dali para frente, precisa ir para casa na Noruega ou começar a pagar as taxas de pilotagem. Os ingressos para os festivais já estão vendidos, então a pressão do público sobre a guarda costeira para que o navio seja tratado como exceção é grande.

O problema é que visitas a navios vikings atraem um público limitado – a organização do evento de Duluth, um dos maiores, espera faturar R$ 300 mil – bem menos do que custaria só para o barco chegar lá.

A esperança dos marinheiros são campanhas de crowdfunding criadas por americanos de origens nórdicas no Minnesota. A equipe se comprometeu a percorrer todo o caminho possível com as doações que receber online e nos festivais a caminho de Duluth, onde é a atração principal. Se a grana acabar no meio do caminho, os vikings modernos vão voltar tendo deixado apenas uma pequena marca no continente americano – mais ou menos da mesma forma que seus antepassados fizeram mil anos atrás.

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