O que significa o chapéu que é mascote das Olimpíadas de Paris?
As phryges ou barretes frígios estão em todos os prédios do governo, moedas e selos franceses.
Desde 1932, as mascotes Olímpicas são parte fundamental de todas as edições dos Jogos e são criadas como uma forma de concretizar o espírito olímpico e promover a história e a cultura da cidade sede. Em geral, as mascotes são animais típicos de cada lugar – em 2016, nos Jogos que ocorreram no Rio, a dupla Tom e Vinícius representava a fauna e a flora do Brasil.
Mas em 2024, a mascote dos Jogos Olímpicos de Paris não é um animal nem uma planta nem nada que já tenha sido mascote. É um tipo de chapéu. A escolha pode parecer inusitada de primeira, mas é aprovada por mais de 75% dos franceses e tem tudo a ver com os valores do país.
O chapéu de desenho animado foi apresentado como mascote olímpico em novembro de 2022. A mascote é um gorro vermelho decorado com as cores nacionais e com olhos que se afunilam em laços de fita, um ornamento popular na França.
O gorro em questão é a phryge, uma espécie de touca que foi adotada na Revolução Francesa, em 1789 e se tornou o principal símbolo da república no país. Existem registros de phryges sendo usadas durante a construção da Catedral de Notre-Dame de Paris, em 1163, durante as obras de construção da Torre Eiffel e nos Jogos Olímpicos de Paris em 1924.
Também chamados de barretes frígios, podem ser vistos no topo da icônica figura Marianne, símbolo da Revolução Francesa, e em todos os prédios do governo, moedas e selos franceses.
Mas a phryge é muito mais antiga do que a própria França. Muitos historiadores atribuem sua origem ao pileus, um gorro usado pelos ex-escravizados na Grécia e Roma antiga para indicar que haviam sido libertados.
O nome vem da Frígia, uma antiga região no que hoje é a Turquia, onde chapéus semelhantes eram usados em algum momento antes do século VII. O boné frígio era caracterizado por um cone na parte superior que podia se inclinar para a frente ou para trás.
No lançamento oficial, Tony Estanguet, presidente do comitê dos Jogos da França, disse que queriam que os mascotes representassem mais do que um animal, mas um ideal.
“Queríamos mascotes que incorporassem a nossa visão e pudessem compartilhá-la com o povo francês e o mundo. Mais do que um animal, nossos mascotes representam um ideal. O barrete frígio é um símbolo de liberdade. Por nos ser familiar, representa também a identidade e o espírito franceses”, afirmou.
Além da Phryge Olímpica, há também a Phryge Paralímpica, que tem uma perna prostética, para trazer representatividade para as pessoas com deficiências. Desde 2010, nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver, as mascotes das Olimpíadas e das Paralimpíadas andam sempre juntas.
Segundo Julie Matikhine, diretora de marca de Paris 2024, as mascotes dos Jogos devem “liderar uma missão de revolução pelo esporte.”
“O objetivo é mostrar que o esporte pode mudar tudo na sociedade. O objetivo é mostrar que o esporte e seus valores podem fazer grandes coisas. É sobre fraternidade, solidariedade e ajuda a sociedade a crescer”, diz Matikhine.