Os maiores mitos sobre a Deep Web
A internet oculta está cheia de histórias assustadoras envolvendo sexo, armas e crimes. Mas também tem coisas que são, pura e simplesmente, lendas
As incursões pelo lado sombrio da web podem reservar situações excêntricas aos visitantes menos experientes. Um dos primeiros pontos que despertam a atenção é a estética da Deep Web. Não espere encontrar páginas de design revolucionário ou preciosidades da engenharia virtual lá embaixo. Pelo contrário. Nos porões da rede, os sites costumam ter um visual semelhante aos da internet de 15 anos atrás. As páginas são simples, sem grandes enfeites ou recursos. Isso porque as ferramentas usadas para criação de estruturas mais elaboradas podem abrir brechas nos mecanismos de anonimato. Além disso, o grande atrativo está na liberdade do conteúdo. E são necessários poucos passos pelas profundezas da rede para você sacar que o lugar é mesmo terra de ninguém.
Há uma oferta abundante de drogas, armas, passaportes e outros ilícitos em série Vasculhando nos fóruns, não é difícil encontrar tópicos e salas destinadas à troca de pornografia ilegal ou grotesca – incluindo sexo com animais e cadáveres. O conteúdo gore também é farto. O termo se refere a fotos ou vídeos de violência extrema, com decapitações e tripas borbulhando na tela do espectador. Grande parte da má fama imputada à Dark Web surgiu com base nessas imagens.
Asas à imaginação
Um exemplo é o caso das bonecas sexuais humanas. A história macabra gira em torno de um pretenso médico polonês que adota meninas em orfanatos do Leste Europeu e, então, corta seus braços e pernas. As Lolitas Slave Toys seriam vendidas pela Deep Web para servir como escravas sexuais.
É obviamente um hoax – como são chamadas as histórias da carochinha veiculadas na web. O texto das bonecas humanas é apenas um conto de ficção. Já os vídeos misturam imagens de atendimentos reais a mutilados com cenas de filmes de terror.
As farsas em relação à Darknet não param por aí. É o caso das red rooms – salas de tortura online. Nesses espaços de voyeurismo diabólico, o internauta poderia assistir a pessoas sendo queimadas, mutiladas ou abusadas ao vivo. Certos sites até permitiriam ao usuário escolher o perfil da vítima. Mas, claro, o conteúdo só é liberado depois do pagamento. Há uma enorme probabilidade de essas páginas serem apenas um esquema para roubar bitcoins. E, como não é algo propriamente legal, não há como recorrer às autoridades.
As lendas sobre experimentos científicos com humanos são outro exemplo de como a rede é usada para manipular fantasias. Existem arquivos “demonstrando” como um grupo de médicos teria replicado a experiência fictícia do filme Centopeia Humana na vida real. No filme, de 2009 e que entrou instantaneamente para a cultura popular, um médico funde várias pessoas, costurando a boca de uma ao ânus da outra – simulando um “sistema digestivo único”. Claro que a ideia de que isso seria reprodutível fora da fábula é só uma piada, talvez de mal gosto. Como também provavelmente são os textos da Deep Web que “ensinam” a melhor forma de temperar, carne humana.
Texto originalmente publicado no Dossiê SUPER: Guia da Deep Web, publicado em novembro de 2017