Poluição do ar pode causar câncer de boca – mesmo em quem não fuma
As partículas PM2.5s, muito pequenas, entram pelo nariz e descem pela garganta, sem contato direto com a boca. Mas podem causar o surgimento de tumores nela
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 15.490 casos de câncer de boca são diagnosticados por ano no Brasil. As principais causas são tabagismo e grande consumo de bebida alcoólica. Mas uma nova pesquisa aponta para um fator inusitado: a poluição do ar.
O estudo, que foi realizado em Taiwan, associou dados de 66 estações de monitoramento da qualidade do ar com informações de saúde de mais de 480.000 homens com mais de 40 anos. No total, mais de 11 mil casos de câncer de boca foram detectados entre os participantes da pesquisa.
Na pesquisa, os cientistas levaram em conta a exposição dos participantes a partículas muito pequenas, conhecidas como PM2.5s (o nome faz referência ao tamanho delas, inferior a 2,5 micrômetros). Elas são pequenas o suficiente para invadir até mesmo as menores vias aéreas do corpo humano — e acabam desencadeando doenças respiratórias e cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que os níveis médios de PM2.5s não devem exceder 10 μg/m3.
Dependendo da área onde os participantes viviam, eles foram classificados em diferentes grupos — do menor ao maior nível de exposição. Depois de considerar fatores como idade e níveis de exposição a outras partículas, os pesquisadores descobriram que os homens expostos a níveis mais altos de PM2.5s (40,37 μg/m3) tinham 43% mais risco de desenvolver a doença do que aqueles expostos aos níveis normais em Taiwan (26,74 μg/m3).
O curioso é que essas partículas não têm contato direto com a boca: elas entram pelo nariz e descem pela garganta. Mesmo assim acabam aumentando as taxas de câncer. Os pesquisadores ainda não sabem explicar por que isso acontece. Mas o estudo representa um alerta: a poluição do ar pode causar ainda mais problemas do que se imagina.