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Porto Alegre: plano de ação climática seria implementado em julho

Projeto estava em fase final, e propunha justamente medidas para enfrentar as consequências do aquecimento global na cidade.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 7 Maio 2024, 17h52 - Publicado em 7 Maio 2024, 17h17

As intensas chuvas e enchentes no sul do país afetaram pelo menos 80% das cidades do Rio Grande do Sul.  O número de mortos já passa dos 90, com pelo menos 362 feridos e 131 pessoas desaparecidas.

A capital Porto Alegre foi duramente afetada, em um cenário de devastação que pode durar por pelo menos mais 10 dias. 85% da população da cidade está sem abastecimento de água.

As alterações climáticas em virtude da emissão de gases de efeito estufa, desmatamento e outros fatores são a principal causa pela ocorrência de eventos extremos como o que atinge o Rio Grande do Sul. E, numa infeliz coincidência, Porto Alegre se preparava para adotar um plano de medida para combater essas mudanças e prevenir esse tipo de tragédia.

Como aponta o site Capital Reset, a capital gaúcha preparava para o mês de julho a finalização e implantação de um documento chamado de Plano de Ação Climática de Porto Alegre. Trata-se de um projeto com diversas estratégias e medidas propostas por governos, organizações internacionais, empresas e as próprias comunidades para combater as mudanças climáticas.

Esse tipo de projeto não é único da capital gaúcha. Diversas metrópoles ao redor do planeta já possuem documentos do tipo, como São Paulo, Salvador, Paris e Nova York.

Porém, mais do que só identificar quais as consequências e os riscos que esses eventos podem trazer para as regiões, planos climáticos buscam também propor medidas para se combater essas mudanças. Dentre elas, estão a redução da emissão de gases do efeito estufa da cidade, promover a adoção de energias renováveis e a proteção das áreas e ecossistemas naturais.

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Como é o Plano de Ação de Porto Alegre

O projeto de ação climática da capital gaúcha estava perto de ficar pronto. Na semana passada, pouco antes das enchentes começarem, uma pesquisa de opinião pública havia sido aberta.

O projeto, que é uma parceria entre a prefeitura da cidade e o Banco Mundial, já mostrou no Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa que pelo menos 67,7% das emissões da capital vinham dos meios de transporte, por exemplo.

O projeto foi dividido em algumas etapas. Em uma delas, a de análises de riscos, a equipe responsável pelo plano levantou a ameaça da ocorrência de seis eventos climáticos na região: tempestades, secas meteorológicas, inundação fluvial, deslizamentos e erosão, ondas de calor, e a proliferação de vetores de doenças (derivadas de enchentes, por exemplo).

A análise do risco é feita levando em consideração o nível da ameaça junto com a exposição da cidade, seu patrimônio e a vulnerabilidade de sua população. Com isso, o projeto faz uma estimativa de cenários possíveis caso eventos climáticos extremos ocorram.

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Apesar do plano revelar as consequências das mudanças climáticas a médio e longo prazo, as enchentes do sul mostram que a situação é ainda mais urgente do que o previsto. Algumas projeções para 2050 revelam que enchentes por causa de inundações fluviais (o transbordamento de rios), podem causar alagamentos em pontos-chave da cidade.

O plano previa que enchentes poderiam alagar lugares como o aeroporto Salgado Filho, a Arena do Grêmio, e bairros como Humaitá e Navegantes. Dito e feito: todos eles já se encontram inundados devido às chuvas e enchentes da última semana.

 

Área interna de aeroporto alagado.
(X/Reprodução)

Adaptar, não apenas mitigar

Em 2023, 54 pessoas morreram no Rio Grande do Sul em decorrência de fortes chuvas e alagamentos. Mesmo assim, a prefeitura de Porto Alegre passou o ano inteiro sem investir em medidas de prevenção contra enchentes.

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Ou seja: o plano de ação climático, previsto para julho deste ano (e que agora não há previsão de quando ficará pronto), já teria nascido atrasado mesmo que o estado não tivesse passado pela tragédia atual.

É preciso que cada vez mais a sociedade entenda que casos como o do Rio Grande do Sul não estão isolados: são consequência da crise climática em curso. A ação humana sobre o planeta chegou a tal ponto que parte das alterações já são irreversíveis.

Um relatório de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas  (IPCC) revelou que eventos climáticos extremos, como as ondas de calor e as enchentes no sul do país, podem se tornar mais frequentes. Há 30 anos, por exemplo, as ondas de calor no país aconteciam sete vezes por ano. Hoje, elas se repetem por pelo menos 52 vezes nesse mesmo intervalo.

Diante desse cenário, tão importante quanto mitigar a crise climática é aceitar que ela já é uma realidade – e entender como se adaptar à ela.

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