A internet , 10 anos que abalaram o mundo
A internet dominou o mundo de forma mais rápida que qualquer outra tecnologia. Saiba por que não podemos mais viver sem ela e o que ainda vem por aí
Rafael Kenski
Em 1992, a internet ultrapassava a marca de 1 milhão de computadores conectados. No mesmo ano, eram testados os primeiros protótipos de navegadores para a web. Na época, a rede já tinha 23 anos de história e estava conectada ao Brasil, mas ainda era praticamente desconhecida do grande público e qualquer menção a ela deveria ser seguida da explicação “a rede mundial de computadores”. Meses depois, tudo era diferente: os navegadores tornavam-se populares, empresas “ponto com” já eram notícia, diversos tipos de vírus circulavam pela rede, as Nações Unidas inauguravam sua página e endereços de e-mail passaram a fazer parte de cartões de visita.
Dez anos depois, o que mudou? A resposta mais simples é “quase tudo”. Pouco a pouco, sem que você ou eu percebêssemos, a internet foi tomando conta de nossas vidas. O que você encontrará aqui é um inventário com as principais mudanças que a internet trouxe para o mundo. Pode parecer muita coisa, mas prepare-se: ainda vem muito mais pela frente.
Vida social
Olhe para um internauta a qualquer hora do dia e é muito provável que ele esteja trocando mensagens. O e-mail é, com larga vantagem, a ferramenta mais popular da rede, utilizada por 94% dos usuários. Junto com ferramentas como chats, fóruns e programas de mensagens instantâneas, a internet é cada vez mais o modo como as pessoas mantêm contatos com parentes e amigos. O problema é que, até hoje, ninguém sabe ao certo se os computadores melhoram ou pioram as relações sociais. Algumas pesquisas indicam que não existe muita diferença entre os relacionamentos de internautas e de pessoas que não estão na rede. Outras indicam que a rede aumenta a vida social ao permitir o contato entre amigos distantes, a organização de grupos e a troca entre pessoas que dividem os mesmos interesses, não importando o lugar do mundo em que estejam.
A única acusação que está quase descartada é a de que a web trancaria as pessoas diante do computador e as isolaria do mundo real. “Se a internet tem algum impacto nas interações sociais, ele é positivo. Para a maioria das pessoas, ela é uma extensão da vida em todos os seus aspectos”, diz o sociólogo Manuel Castells, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, no livro The Internet Galaxy (A galáxia internet, inédito no Brasil).
Ao que parece, a internet trouxe apenas uma nova dimensão à vida social já existente. “As pessoas misturam o mundo online e o offline. Usam a internet para manter contato com quem elas já conhecem e visitam pessoas que elas encontraram na rede”, diz o psicólogo social Robert Kraut, da Universidade de Carnegie Mellon, Estados Unidos. Por esse motivo, as vantagens sociais da rede costumam ser maiores entre as pessoas que já são extrovertidas no dia-a-dia. A maioria dos problemas costuma aparecer em pessoas introvertidas que passam o dia inteiro diante do computador. Para Kraut, dois fatores determinam se a internet será boa ou ruim para os relacionamentos: o uso que as pessoas fazem dela (trocar e-mail traz mais benefícios sociais do que baixar músicas, por exemplo) e o que as pessoas deixam de fazer para usar o computador (sair com os amigos é melhor do que ver mais TV, por exemplo).
O que não se discute é que, dentro ou fora da net, existe hoje um novo padrão social, em que cada indivíduo faz parte de uma rede complexa, reunindo à sua volta diversas comunidades (família, colegas de trabalho, amigos de bairro etc.). “A internet fornece o suporte material para que esse tipo de sociabilidade se torne dominante”, diz Castells.
Empresas
A revolução que a internet trouxe ao mundo corporativo foi tão rápida e intensa que não seria exagero dizer que o capitalismo ficou diferente desde então. Além do surgimento das empresas “ponto com” inflando o mercado de ações e dos novos serviços criados, a rede acelerou as relações entre fornecedores, distribuidores, produtores, administradores e todos os integrantes da cadeia produtiva. Essas operações entre parceiros de negócios – chamadas de “business to business”, ou B2B – representaram, no ano passado, 80% de todas as transações feitas na rede e deram o tom de como as empresas funcionarão nos próximos anos.
A facilidade de comunicação e a economia de tempo trazidas pela internet incentivaram as corporações a se concentrarem nas suas atividades principais e a deixarem os demais processos para empresas menores. A cadeia de lanchonetes McDonald’s, por exemplo, terceirizou toda a produção e distribuição dos ingredientes de seus sanduíches. A americana Cisco, uma das maiores empresas de tecnologia do planeta, repassou para outras companhias até a montagem das máquinas que vende. Cada uma dessas organizações se transformou em redes gigantescas de pequenas e grandes empresas que dividem informações e controlam, juntas, pela internet, toda a produção. O resultado é uma flexibilidade, rapidez e economia de milhões de dólares em suas atividades.
“Todos os tipos de negócios podem ser aperfeiçoados com a internet, basta encontrar um modelo apropriado”, afirma Cid Torquato, diretor executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. Os bancos diminuem os gastos de suas operações em até 90% ao transferi-las para a rede. Até o governo saiu ganhando com a web: centralizou todas as compras da União em leilões eletrônicos, feitos pelo portal ComprasNet. Além de dar mais transparência às licitações, o sistema trouxe uma economia de 500 milhões em menos de dois anos.
A internet também viabilizou um novo tipo de cooperação no desenvolvimento de produtos. O principal exemplo é o sistema operacional Linux. Disponível de graça na internet, cada programador do mundo pode modificá-lo e melhorá-lo. No final, ninguém é dono do programa, mas todos se beneficiam dele. “É um novo modo de produção, em que os trabalhadores não dependem do mercado e nem de um patrão”, afirma José Fernando Perez, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Esse modelo de trabalho viabilizou algumas das pesquisas científicas mais avançadas do país, como a decodificação de genomas e o mapeamento de toda a biodiversidade do Estado de São Paulo. “Nós interligamos pela internet centenas de doutores de diversas universidades, fazendo-os parte de um mesmo instituto virtual. Com isso, reduzimos custos, disseminamos o conhecimento e aumentamos a visibilidade dos projetos”, diz José Fernando.
Trabalho
A internet é uma das ferramentas mais poderosas para ajudar o trabalho… e também para evitá-lo. Uma pesquisa feita pela companhia americana Websense no mês passado, nos Estados Unidos, mostrou que empregados com acesso à rede costumam gastar o equivalente a um dia por semana olhando páginas não relacionadas ao serviço. Mas os patrões não precisam se preocupar, porque a internet compensa esse tempo perdido ajudando os funcionários a reciclar conhecimentos, solucionar problemas e trabalhar fora do horário – não é preciso que todos se encontrem na mesma hora quando se usa o e-mail.
A rede também aumentou a quantidade de informação com a qual as empresas precisam lidar e, por consequência, o trabalho necessário para interpretá-las. Por esse motivo, as empresas passaram a exigir trabalhadores capazes de aprender e se adaptar rapidamente a mudanças. Com a rede, esses talentos puderam ser achados em qualquer lugar do mundo e contratados mesmo que à distância e por pouco tempo. “O padrão de emprego tornou-se mais flexível”, diz Manuel Castells.
Só que, na cabeça do trabalhador, lidar com esse mar de dados não é tão simples. “As pessoas começam a se comportar como os computadores, pensando em várias coisas ao mesmo tempo”, afirma o administrador Nelson Lerner Barth, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, de São Paulo. Essa avalanche de informações, segundo alguns pesquisadores, coloca tanta pressão na nossa memória que fica impossível lembrar-se de tudo. O resultado seria o aumento do estresse no trabalho, como revelam diversas pesquisas. “A internet fornece quantos dados você precisar. Quando não sabemos algo, é porque não procuramos direito. Em tese, estamos sempre devendo”, diz Nelson.
Ficar o dia inteiro na frente do computador, aprendendo com ele e utilizando-o para se comunicar com colegas de trabalho também gera algumas confusões mentais. “A web pode muito bem nos fazer tratar os computadores como pessoas e as pessoas como computadores, até o ponto em que começamos a tratar os dois da mesma forma”, afirma o sociólogo Clifford Nass, da Universidade de Stanford, Estados Unidos.
Privacidade e segurança
Na internet, todo mundo quer destruir a sua privacidade, inclusive você. Governos, empresas, criminosos e até seus amigos estão interessados em obter informações sobre cada um e, em nome da segurança e da comodidade, a maioria de nós praticamente não vê nenhum problema em fornecê-las.
Comecemos pelos criminosos. Cresce a cada dia o número de formas pelas quais eles podem utilizar o computador para praticar crimes. Um dos principais é o roubo de dados bancários, números de cartões de crédito e outras informações pessoais que são depois utilizadas para compras fraudulentas. O seu micro também pode ajudar a espalhar vírus ou receber pequenos programas que, quando acionados, ajudam a atacar outros sites na rede. Esses problemas já são graves, mas tendem a piorar. “Quem coordena os ataques tem mais vantagens do que quem defende. Eles se organizam em comunidades online e dividem as informações. Já as empresas, ao descobrir uma falha em um software, muitas vezes a escondem para não ter problemas de marketing”, afirma Ricardo Costa, engenheiro sênior da empresa de segurança eletrônica Symantec.
Para prevenir crimes, os Estados se sentem cada vez mais impelidos a vigiar a troca de dados na internet. “Controlar a rede é tão impossível quanto matar todas as formigas do mundo. Só é possível fiscalizá-la localmente”, afirma Jean Paul Jacob, gerente de Relações Técnicas do Centro de Pesquisas de Almadén da IBM, Estados Unidos. A solução em países como a Inglaterra foi criar leis que obrigam os provedores de acesso a fornecer as páginas visitadas e os e-mails de cada conta quando for preciso. Governos autoritários como os da China e da Arábia Saudita construíram, com a ajuda de companhias ocidentais, verdadeiras muralhas eletrônicas que vigiam as páginas visitadas e impedem o acesso dos cidadãos a sites com informações proibidas.
As empresas, por sua vez, têm seus próprios motivos para colecionar dados sobre os consumidores. A internet permite que as companhias ofereçam serviços e anúncios personalizados a seus clientes, mas antes é preciso que elas colecionem dados sobre as preferências de cada um. “Existem ferramentas para garantir a privacidade, mas muitas pessoas, assim como eu, entregam os dados pessoais porque sabem que eles reverterão em serviços melhores”, afirma Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor geral do MSN Brasil, o portal de serviços e conteúdo da Microsoft.
O último golpe na privacidade vem de nossos amigos. Basta digitar o nome de qualquer internauta em uma ferramenta de busca que pode se descobrir muito sobre o passado dela. É possível que, em breve, qualquer metrópole fique parecida com as pequenas cidades em pelo menos um aspecto: todo mundo saberá tudo sobre a vida dos outros.
Propriedade intelectual
Há um dono para quase tudo na internet. A British Telecom, por exemplo, possui a patente dos links. Uma pequena empresa americana chamada E-Data tem o registro dos downloads de softwares. A firma norueguesa Bellboy registrou, na Europa, a patente do e-commerce. A lista vai longe: há registros para transmitir som e imagem na mesma página, vender carros online e mandar cartões de felicitação pela web. Em poucos anos, a internet fez pela propriedade intelectual o que nenhuma tecnologia havia feito antes. Na nova realidade, qualquer atividade pode ser transferida para o mundo virtual e se transformar em uma idéia nova e registrável.
A avalanche de patentes é tão grande que já atrapalha o próprio desenvolvimento tecnológico. “A criatividade e a inovação são sempre construídas a partir do que existe. Temos cada vez menos liberdade para nos inspirar nas idéias existentes, porque elas são reguladas por licenças”, diz o advogado Lawrence Lessig, da Universidade de Harvard, Estados Unidos, um dos maiores ativistas contra abusos da propriedade intelectual. Mesmo assim, escritórios de patentes de todo o mundo batem recordes a cada ano. Quando a informação é o bem mais valioso, nada mais importante do que ter propriedade sobre idéias – ainda mais quando, na internet, qualquer conhecimento pode ser copiado.
As questões sobre propriedade intelectual esquentaram com o surgimento de programas que permitiam a qualquer um partilhar músicas, filmes e softwares. As gravadoras afirmam que esse tipo de cópia causou uma queda de 7% na venda mundial de CDs no último ano. Para diminuir o problema, elas processaram e fecharam alguns dos programas mais populares. “Eliminar a troca de arquivos é impossível. O que elas querem é apenas impedir que essa troca se profissionalize”, diz o advogado Nehemias Gueiros, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Apesar dessa guerra das gravadoras, o problema parece menos grave. Uma pesquisa realizada pelo instituto americano Edison Media Research mostrou que a maioria dos usuários desses programas compram álbuns de artistas que conheceram na internet.
Informação e aprendizado
Em 1996, Jonathan Lebed, um garoto de12 anos de Nova Jersey, utilizou a internet para aplicar seus 8 000 dólares de economias em ações. Continuou a negociá-las e, quatro anos depois, multiplicou esse dinheiro para 800 000 dólares. Só que, segundo a comissão que fiscaliza o mercado de ações, Jonathan havia feito 11 transações ilegais entre 1999 e 2000. Ele tinha comprado ações e colocado diversas mensagens em listas de discussão sobre o mercado financeiro recomendando os títulos recém-adquiridos. O valor deles subia e Jonathan vendia logo em seguida. Para a comissão, ele havia manipulado o mercado e foi obrigado a devolver 285 000 dólares. Mas ficou com a boa diferença.
A história de Jonathan ilustra muitas das mudanças que a internet trouxe ao mundo. Em primeiro lugar, ela ampliou os recursos educativos ao ponto de ensinar o funcionamento da Bolsa de Valores a um pré-adolescente e fazê-lo bem-sucedido. Em segundo, tirou o mercado de ações das mãos de especialistas e o tornou acessível a qualquer um, assim como ela fez com outras profissões. “A internet solapou qualquer cargo cujo status dependia de acesso privilegiado à informação”, afirma Michael Lewis em seu livro Next (Próximo, inédito no Brasil). Os médicos, por exemplo, começaram a atender alguns pacientes mais informados dos detalhes da sua doença do que eles próprios. Da mesma forma, advogados tiveram que aceitar conselhos de especialistas da rede. Até os padres foram obrigados a dividir sua especialidade: nos Estados Unidos, informações religiosas são mais procuradas que os sites de leilões, de cassinos, de bancos ou de encontros.
A internet também permitiu que qualquer pessoa, assim como Jonathan, produzisse informações e influenciasse outras pessoas. Depois de trocar e-mails, a atividade mais popular na web é ler notícias. Mas, ao contrário dos jornais, canais de televisão e revistas, qualquer pessoa na internet pode divulgar novidades. Existem hoje mais de meio milhão de blogs, páginas de fácil manutenção parecidas com diários, em que o autor expõe detalhes da sua vida e sua visão de mundo. “A internet trouxe informações que não costumavam aparecer na mídia tradicional”, afirma o sociólogo especializado em ciberespaço André Lemos, da Universidade Federal da Bahia.
Democratizar a informação tem também um lado negativo. Quando todos podem escrever o que querem, cabe ao leitor apurar o que é boato ou não. “Por esse motivo, ainda existe uma busca maior pelos sites ligados à mídia tradicional”, afirma André. É possível que, no futuro, essa tendência mude. Quando isso acontecer, as pessoas entrarão em contato direto com a fonte da notícia, seja ela a crise da economia seja a fascinante vida de um cidadão desconhecido.
Exclusão social
No mundo todo, mais de 550 milhões de pessoas possuem acesso à internet em casa e, dentre essas, 14 milhões estão no Brasil. Pode parecer muito, mas esse número indica que apenas um em cada 12 brasileiros está conectado às tecnologias que determinaram o ritmo da economia e da sociedade na última década. “A exclusão digital é um dos maiores problemas que enfrentamos hoje. O acesso à internet é tão importante quanto outros recursos, como água e eletricidade”, afirma Jayne Cravens, especialista em voluntariado online das Nações Unidas. Uma vez que a web mudou os modos de trabalhar, produzir e comercializar, os problemas básicos só podem ser resolvidos se levarmos em conta a rede mundial de computadores.
Existem iniciativas na web, por exemplo, que promovem a venda de produtos de comunidades locais para empresas, que jamais seriam alcançados de outra forma. Ao mesmo tempo, a internet pode ajudar a preservar as tradições de grupos étnicos. “Não existia antes uma ferramenta capaz de fazer o contato entre pessoas de todo o mundo que possuem uma cultura isolada ou uma língua em vias de desaparecer”, diz Cravens. Os movimentos de protesto também são beneficiados. “A internet pode dar dimensão global aos conflitos locais. O movimento zapatista, no México, tornou-se conhecido pela internet”, diz André Lemos.
Resolver a exclusão digital, no entanto, não é apenas dar computador para o povo. É preciso antes ter uma infra-estrutura de telecomunicações e, depois, um treinamento para que as pessoas conheçam os recursos da rede. Para amenizar a exclusão digital, o governo federal brasileiro prometeu gastar 1 bilhão de reais para a instalação de internet em todas as cidades com mais de 600 000 habitantes. Agora é esperar que dê certo.
Futuro
Se a atual quantidade de informação na internet já lhe deixa tonto, prepare-se para lidar com muito mais problemas daqui para a frente. “Nos próximos dois anos, vamos gerar mais informação do que em toda a história da humanidade”, diz Jean Paul Jacob. Teremos tantos dados que nem mesmo os programas mais sofisticados de hoje conseguirão encontrar uma informação desejada. “As ferramentas de busca conseguiram acompanhar até agora o crescimento da rede. Não sabemos se, daqui em diante, elas continuarão a ser tão úteis”, afirma o cientista da computação Ed Chi, do Centro de Pesquisas Palo Alto, da Xerox, Estados Unidos.
Algumas tecnologias já estão sendo desenvolvidas para resolver esse problema. Uma delas é uma linguagem de programação – chamada XML – capaz de reunir e relacionar informações semelhantes mesmo que elas estejam em lugares distantes da rede. “A internet transformou o mundo em uma grande biblioteca. Agora, o XML vai transformá-lo em uma grande base de dados”, afirma Oswaldo Barbosa de Oliveira, do MSN. Outra proposta para digerir o mar de informações é dar inteligência às máquinas e fazer com que elas nos conheçam. Bilhões de dólares são hoje investidos em pesquisa para conseguir que o computador descubra o que precisamos a partir de dados sobre nossas ações e preferências.
Recolher informações sobre nós não será difícil. A previsão é de que a internet, daqui em diante, estará conectada a todo tipo de aparelho, dos eletrodomésticos ao relógio de pulso. “Não vamos mais pensar na rede. Ela será uma infra-estrutura embutida em tudo o que usamos”, diz André Lemos. Os produtos que teremos em um mundo desse vão desde despertadores que checam notícias sobre o trânsito e nos acordam mais cedo quando houver um engarrafamento até roupas que analisam nossa saúde e passam um relatório para o médico.
É pouco provável, no entanto, que a internet acabe com a TV. “Os canais de televisão continuarão existindo, mas talvez eles mudem de formato”, afirma Jean Paul. Poderemos ter, por exemplo, sistemas que montem programações personalizadas, em que cada pessoa escolhe seus programas e os assiste na hora que quiser.
Saber como as redes de hoje evoluirão, no entanto, não depende apenas dos produtos e das novidades que serão inventados. “A tecnologia não determina o futuro. Ela depende de aspectos econômicos, sociais e políticos”, diz Jean Paul. Dessa forma, o destino da internet será determinado, principalmente, pelo que você e eu quisermos fazer com ela.
Para saber mais
NA LIVRARIA
The Internet Galaxy, Manuel Castells, Oxford University Press, 2001
Next: The Future Just Happened, Michael Lewis, W. W. Norton & Company, 2001
What Just Happened, James Gleick, Pantheon Books, 2002
Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde, Tadao Takahashi (org.), Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000
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