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A Internet no seu dia-@-dia

A rede mundial de computadores simplifica cada vez mais o cotidiano. Se esse ainda não é seu caso, é bom ler esta reportagem.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 31 ago 1999, 22h00

Gabriela Aguerre

Suponha que o símbolo de arroba, no título desta reportagem, não faça sentido para você – embora habite o planeta Terra e more no Brasil. Digamos, leitor, que em sua opinião, a Internet seja uma nova marca de eletrodomésticos. Além disso, você acha o computador um aparelho muito complicado e, resignado, aceita se postar em filas e mais filas em caixas de bancos e supermercados. Nesse caso, você, realmente, ainda não foi pego pela rede. Rede? Que rede?

Tudo bem. Saiba que exatos quatro anos depois da chegada oficial da Internet ao país, já existem 3,3 milhões de brasileiros navegando pela rede mundial de computadores. Ela está começando a mudar definitivamente o jeito de lidar com as coisas mais prosaicas do cotidiano. Como conhecer gente ou fazer compras no supermercado. Nas páginas seguintes, você vai perceber como a Internet está entrando, irremediavelmente, no dia-a-dia de todo mundo. Não é o caso? Pois relaxe: daqui a pouco será.

gabriela.aguerre@abril.com.br

Algo mais

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Embora tenha só quatro anos de Brasil, a Internet pode ser considerada uma balzaquiana, pois foi criada em 1969 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Naquela época, era muito diferente de hoje e limitada a textos e em preto e branco. Imagens, cor e sons só apareceram em 1994.

Bate-papo no teclado

A maior parte dos internautas usa a rede para conhecer gente e manter amizades. O correio eletrônico está resgatando o velho hábito de escrever cartas.

https://www.icq.com

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Nele você copia gratuitamente o programa mais usado no mundo para conversa em tempo real. Ele avisa cada vez que um amigo seu se conecta à Internet.

Fichário particular

Visitar arquivos de livros e documentos sem sair de casa. Folhear livros e mais livros sem se perder em estantes empoeiradas. Encontrar a fonte certa e a informação mais precisa. Tudo isso pode ser feito pela rede.

https://www.vatican.va

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A Biblioteca do Vaticano é uma das mais completas, com navegação em várias línguas, inclusive em português. É possível folhear diversos manuscritos antigos.

Escritório em casa

Todo trabalho que pode ser feito por computador – seja um texto, um desenho ou uma planta de arquitetura – pode ser enviado por e-mail ou ftp, uma forma de transferência de arquivos. Isso facilita um bocado a rotina de quem trabalha em casa e não pode perder tempo no trânsito. Tom B, o autor das ilustrações, não precisou vir à redação para entregar seu trabalho. Mandou tudo pela Internet, assim como a repórter Gabriela Aguerre, que escreveu o texto e o enviou para a casa do editor num domingo.

https://www.tucows.com

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Este site tem milhares de programas gratuitos para quem precisa trabalhar, de processadores de textos a programas de tratamento de imagens e de correio eletrônico.

À procura de trabalho

Existem sites especializados em fazer cruzamento entre as vagas disponíveis no mercado e aqueles que procuram emprego. Cerca de 45% das 500 maiores empresas americanas recrutam pela Internet. Tudo arranjado por e-mail.

https://www.catho.com.br

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Empregados, empregadores e desempregados estão presentes na home page dessa empresa de recursos humanos. Os serviços incluem desde recolocação de executivos até informações sobre profissões e tradução de currículos.

Supermercado digital

Não é como visitar um supermercado real, mas quase. Os produtos estão todos lá, vários em fotos coloridas. A vantagem é o tempo que se gasta. As compras chegam à sua casa de um dia para o outro. E nem por isso o serviço é mais caro.

https://www.uol.com.br/pda

O Pão de Açúcar é um dos vários supermercados na rede. O preço é igual ao das lojas. É cobrada apenas a taxa de entrega de R$ 9,30.

Roteiro de férias

Tudo o que é preciso programar para as férias dá para fazer pela Internet. Escolher roteiro turístico e fazer reserva em hotéis distantes. Buscar passagens aéreas baratas e reservar assentos em aviões. Dá até para reservar um lugar na mais badalada peça da Broadway.

https://www.uol.com.br/nikkey

Com esse guia turístico vritual, é possível fazer reservar em mais de 31 000 hotéis e garantir um lugar no vôo de 400 companhias aéreas. A passagem é entregue em sua casa.

Para mudar de casa

Alugar ou comprar imóveis ficou mais fácil. Você informa o que procura e as imobiliárias selecionam e comunicam o que têm. Em alguns casos, é possível conhecer a casa por dentro.

https://www.plano100.com.br

Neste endereço, a empresa paulista mostra como são os imóveis que vende. Dá até para ver as plantas dos apartamentos e saber quanto custam.

Loja mundial

Depois que você decide qual produto comprar, os dados do seu cartão de crédito são criptografados, ou seja, transformados em códigos secretos e invioláveis. E a conta vem na próxima fatura.

https://www.amazon.com

É a maior livraria virtual do mundo. A fórmula deu tão certo que hoje ela vende também CDs, brinquedos e aparelhos eletrônicos.

Leilões sem martelo

Experiência nova na Internet, os leilões são verdadeiros mercados das pulgas. Encontra-se de tudo lá. Desde uma roupa velha até uma guitarra usada por um Beatle. As casas tradicionais e famosas também estão lá.

https://www.ebay.com

O primeiro site a fazer leilões na Internet tem de tudo, de brinquedos a selos e moedas raras. São mais de 2,5 milhões de artigos, divididos em 1 627 categorias.

Adeus às filas de banco

Os bancos já sucumbiram à Internet. Dá para fezer praticamente qualquer operação bancária com segurança. Como ocorre com a senha do cartão de crédito, cria-se uma assinatura eletrônica para pagar contas ou pedir talões de cheques.

banco1.com.br

É o primeiro banco do país totalmente virtual: não tem uma única agência. Tudo pode ser feito exclusivamente pelo computador.

Navegar na rede é preciso e necessário

A primeira vez na Internet é um encantamento. A sensação de apertar um botão em casa e entrar imediatamente num computador do outro lado do mundo é de onipresença e onipotência. Navega-se a esmo, com a reação inédita de mudar de continente ao clique do mouse. Com o costume o encantamento vai se transformando em objetividade. Quem entra na rede vai direto atrás de informação, diversão ou serviços.

“Não sou nerd nem hacker”, avisa a escritora paulistana Roberta Rizzo. “Mas tudo o que posso fazer pela Internet eu faço” (nerd, caso você não saiba, é a gíria para micreiros bitolados e compulsivos; já hacker é o especialista em violar sistemas de computação). A Internet está presente no dia-a-dia de Roberta das mais variadas formas – da pesquisa ao pagamento de contas, do supermercado à leitura de jornais. Esse interesse extrapolou até suas necessidades práticas. Ela terminou um casamento de quatro anos por causa de um namoro que começou virtual, pela rede. O novo relacionamento durou até que Roberta se encantou por outro internauta, que conheceu em uma sala de bate-papo do Universo Online (UOL). Os dois estão morando juntos há dois anos, no Rio.

Histórias como essa não são exceção. O UOL é o maior serviço on-line do Brasil. Como provedor de acesso, tem 455 000 assinantes em mais de 100 cidades brasileiras. Freqüentam suas páginas 4 milhões de internautas ao menos uma vez por mês. O que eles mais visitam são essas salas de bate-papo – exatamente 1 354, divididas por temas e idades, e que passam abertas 24 horas por dia. A quantidade de gente que entra lá diariamente oscila entre 100 000 e 200 000.

No próprio UOL há uma seção em que os internautas contam essas experiências. “Nunca consolidamos um balanço, mas tenho a impressão de que as histórias de amor predominam”, comentou com a SUPER, por e-mail, Márion Strecker, diretora de produtos do UOL. “Muita gente se conhece pela Internet e depois continua o relacionamento na vida real”. Há pouco tempo apostava-se que isso jamais aconteceria. “A Internet teve um impacto oposto ao que se esperava”, afirma Jean Paul Jacob, gerente do Centro de Pesquisas da IBM em Almaden, nos Estados Unidos. “Achava-se que os computadores iriam isolar os indivíduos. Mas o ser humano é um bicho que gosta de se comunicar.”

Da quitanda ao mercado

As relações virtuais também se estendem ao trabalho. O engenheiro da computação Leandro Marques Moraes da Costa diz que está convencido disso. Há poucos meses, ele resolveu procurar emprego. Em vez de recortar os classificados dos jornais e preparar um monte de currículos para despachá-los pelo correio, plantou-se na frente do computador. Fez tudo isso pela Internet e se deu bem. Aos 27 anos, ele está de malas prontas para os Estados Unidos, onde conseguiu uma colocação na CCSC, uma empresa especializada em bancos de dados em Atlanta, na Geórgia. “Fiz todas as tentativas e contatos sem sair de casa”, afirma. Dentro de algumas semanas, ele embarca com a mulher para lá, com grandes perspectivas profissionais. “Vou com um salário sensivelmente maior”, acrescenta. Comparado com a era pós-Internet, aquilo que antigamente se chamava de mercado de trabalho revela-se uma quitanda.

Biblioteca virtual

Se você estiver no ginásio ou se for um médico experiente, a Internet é o melhor – e o mais barato – jeito de estudar e aprender. Com 800 milhões de páginas, pode-se encontrar de tudo: desde informações detalhadas sobre um país longínquo até a mais recente pesquisa sobre uma doença rara.

Como achar uma agulha nesse imenso palheiro? Com a ajuda das chamadas ferramentas de busca, programas que vasculham e catalogam tudo que encontram na rede. Você digita uma palavra-chave sobre o assunto que procura e deixa o programa buscar. O mais popular é o Yahoo (www.yahoo.com). Mas, apesar de sua fama, ele cobre somente 7,4% da rede.

O mais abrangente é o Northern Light (www.northernlight.com), que procura em 16% do total da Web. Em segundo lugar estão o Altavista (www.altavista.com) e o Snap (www.snap.com), com 15,5%. Com eles você acha o que quiser – e muito mais.

Máquina de fazer e gastar dinheiro

Quando se trata de gastar – e ganhar – dinheiro, a Internet é ainda mais promissora. Imagine alguma coisa. Qualquer coisa. Pode ter certeza de que dá para comprar diante da tela do computador: um carro, uma casa, flores ou pizza. Isso é que se chama e-business, ou comércio eletrônico. Ele integrou todo tipo de comércio à rede com a vantagem de oferecer produtos de qualquer lugar do mundo, para qualquer ponto do planeta. “O e-business está só começando”, disse à SUPER William Etherington, vice-presidente mundial da IBM.

O internauta nem percebe a imensa estrutura que o comércio eletrônico move. “A Internet faz com que você comece a trabalhar para um monte de gente, sem o menor esforço”, comenta Jean Paul Jacob. Ao eliminar a necessidade de ir a bancos e lojas, você vira um misto de caixa e balconista virtual.

“Dependendo do clique que o internauta dá, ele vira um consumidor”, resume Índio Brasileiro, diretor no Brasil do site da Starmedia, um dos serviços on-line que mais crescem na América Latina. Por isso, é bom tomar cuidado antes de comprar qualquer coisa pela rede. Um clique durante um leilão virtual pode transformar você no feliz comprador de um Renoir. Só que vai ter de pagar. As decisões tomadas na frente do seu micro são coisa séria. Como no mundo real.

A moeda global

Você está quase convencido a comprar pela Internet aquele livro ou CD estrangeiro tão desejado. Assim, economiza tempo, aquilo que muita gente compara a cifrões. Mas e na hora de pagar, como se faz? Até agora, todos eram obrigados a digitar o número do cartão de crédito para fazer compras, depois de fazer contas de conversão de moeda. Mas já existe uma alternativa mais prática. Começa a pegar nos Estados Unidos uma nova mania – o e-gold, ou ouro eletrônico. O internauta entrega seu dinheiro a uma operadora americana, que o converte em ouro e o deposita num banco. À medida que faz suas compras, seja num site francês ou inglês, o metal é convertido de novo em franco ou libra para pagar a fatura.

https://www.e-gold.com

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