À procura dos restos da estrela
A Supernova 1987A completa 10 anos cheia de mistérios. E talvez precisemos de mais dez para resolvê-los.
Thereza Venturoli
Ao surgir, há dez anos, a Supernova 1987A emitiu tanta luz quanto uma galáxia inteira. Agora, o lugar onde morava a estrela que explodiu está bem mais calmo. Ali só se vêem três anéis de gases iluminados (veja a foto na página anterior). Astrônomos reunidos no Chile, no começo deste ano, reviram o que se sabe do fenômeno. Mas os mistérios permanecem, a começar pela própria explosão. A estrela autodetonou-se numa fase de aparente vigor, quando ainda era uma supergigante azul (veja o infográfico abaixo). O normal é a estrela explodir quando já perdeu quase toda sua energia e se tornou vermelha. Outro enigma: onde está o cadáver estelar? É natural supor que a finada tenha deixado no seu lugar um buraco negro. Ou, no mínimo, um pulsar, estrela de nêutrons que rodopia milhares de vezes por segundo e lança ao espaço um facho de luz, feito um farol. Até hoje não se detectou nada. Talvez muita coisa seja elucidada até o vigésimo aniversário da SN1987A. A massa da estrela lançada pela explosão está se espalhando pelo espaço a 15 000 quilômetros por segundo. Nos próximos anos, esses detritos devem se chocar com o anel antigo, que flutua ao seu redor. Com isso, o anel vai brilhar 1 000 vezes mais do que hoje. Os astrônomos calculam que o foguetório clareie os arredores do local do crime e dê novas pistas.
Uma explosão estranha demais
A estrela entrou em colapso quando ainda tinha muita energia.
1. Ela era uma supergigante azul, dez vezes maior e 100 000 vezes mais luminosa que o Sol.
2. Seu diâmetro aumentou dez vezes e seu brilho, milhares de vezes. Virou uma supergigante vermelha.
3. Ela encolheu e deixou no espaço um anel de hidrogênio. Nesse momento, voltou a ficar azul.
4. Aí a surpresa: ela explodiu na fase azul, lançando gases a 15 000 quilômetros por segundo.
5. Depois de alguns anos, a luz enfraqueceu. Mas o anel ainda está lá, firmão.
6. Os astrônomos querem achar uma estrela de nêutrons ou um buraco negro por trás dos despojos.