Sair de casa e esquecer o celular é uma chateação. Mas, quando Claudio Urayama vai trabalhar sem o seu telefone, ele tem um problema. Claudio não é viciado em SMS ou em bater papo. Mas em Tóquio, onde mora há 13 anos, o celular serve para muito mais do que fazer ligações: ele paga bilhete de ônibus e metrô, é aceito em máquinas automáticas de refrigerantes e faz compras em lojas de conveniência. Para Cláudio, o celular agregou mais uma função: a de carteira.
• No mundo, existem 33 milhões de pessoas que podem sair de casa sem carteira, mas não sem um celular no bolso. Cerca de 85% delas estão na Ásia. Até 2011, esse grupo deve chegar a 104 milhões, de acordo com a consultoria especializada em tecnologia Gartner. E, cada vez mais, vai se espalhar por outras partes do planeta.
• No Brasil, o pagamento via celular ainda engatinha. Alguns bancos aceitam transações e pagamento de contas. Já para compras na boca do caixa existem poucas experiências. O caso mais conhecido é o Oi Paggo, da operadora de telefonia Oi. Mas o funcionamento é bem mais rudimentar que o asiático. Aqui, tudo depende do envio de um SMS para autorizar o débito. No Japão, o celular funciona como uma espécie de código de barras: basta aproximá-lo de um receptor e a cobrança é efetuada. As operações estão cada vez mais sofisticadas também. No sistema de transporte público, por exemplo, é possível comprar créditos de passagens pela internet, carregá-los no celular e depois utilizá-los na catraca.
• Mesmo com esse enorme déficit tecnológico, o Brasil é considerado um mercado promissor pelas operadoras – nossos 130 milhões de celulares em atividade são um atrativo e tanto. Além disso, as oportunidades de negócio não se restringem às telefônicas. “O pagamento por celular pode ser uma boa alternativa para o crescimento do setor bancário num país em desenvolvimento”, diz Sandy Shen, diretora de pesquisas do Gartner.
• O Oi Paggo conta com quase 1 milhão de usuários e 22 mil estabelecimentos cadastrados. Suzana Avellar, auxiliar de dentista de Nilópolis, no Rio, é uma das clientes do serviço. “Peço pizza e pago com o celular. É bem prático”, afirma. O maior receio dos usuários é a velha conhecida insegurança online e o fato de tudo ser feito eletronicamente, sem comprovante físico. Mas esse foi um medo que também cercou as compras pela internet no início. E acabou superado.