Como funcionam os abrigos antinucleares?
A construção contava também com filtros de purificação de ar iguais aos de um submarino .
Construídos nos Estados Unidos e na Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial, esses refúgios tinham uma estrutura simples, mas de proteção extremamente eficaz no caso de uma hecatombe atômica. Para começar, todos ficavam mais de uma centena de metros abaixo da superfície – e o fato de estarem sob a terra já impedia de serem atingidos pelo menos ofensivo dos três componentes da radioatividade: as partículas alfa. O abrigo em si era feito de imensas paredes de concreto, material capaz de barrar a penetração das partículas beta, o segundo elemento radioativo. Mas a peça-chave era mesmo o revestimento de chumbo. “Com sua alta densidade, esse metal barra as partículas gama, as mais perigosas entre as que formam a radiação”, diz Luiz Pinguelli Rosa, professor de planejamento nuclear da pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A construção contava também com filtros de purificação de ar iguais aos de um submarino (sem entrada de ar externo) e um estoque de alimentos para, no mínimo, dois meses. “O espaço nada tinha de grandioso, apenas o suficiente para acolher cerca de 600 pessoas, entre militares, governantes e uns poucos privilegiados”, afirma Pinguelli.
Refúgio subterrâneo
Paredões em camadas garantiam proteção contra a radioatividade
1. Para chegar ao abrigo, entre 120 e 150 metros abaixo da superfície, era preciso descer por um longo túnel
2. Estar envolvida pela terra já bastava para proteger a construção da radiação alfa
3. Paredes de concreto com 3 metros de espessura impediam a penetração da radiação beta
4. Entre o concreto e o tijolo, placas de chumbo (ou tungstênio) barravam a radiação gama, a mais perigosa de todas
5. Como em uma casa, o revestimento interno das paredes e as divisões entre os cômodos eram de tijolo