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E se as luzes da Terra fossem montanhas? Tóquio seria o Everest

Já viu uma foto da Terra à noite? Pois bem: e se os pontos mais luminosos fossem classificados como as montanhas do planeta? Um mapa 3D faz exatamente isso

Por Guilherme Eler
Atualizado em 12 mar 2024, 10h17 - Publicado em 14 set 2018, 18h55
SI_luzes da Terra
(@JWasilGeo/Petrichor Studio/Reprodução)

Por mais detalhadas que sejam, imagens de satélite que mostram a Terra vista do espaço costumam ser sempre meio parecidas. Dá para ver o que é oceano e o que não é – no máximo, você diferencia continentes e ilhas, aspectos da vegetação ou massas de ar. Nada tão diferente do que você já tenha visto em algum livro didático na escola.

Tudo isso muda com o apagar das luzes. Vista à noite, a Terra se parece um planeta completamente diferente. Isso porque a iluminação das cidades, que se amontoa em certos cantos dos continentes como se fossem uma poeira brilhosa, ajuda a definir fronteiras e identificar como as populações se distribuem pelo globo – e até o tamanho da conta de energia de certos países, por exemplo.

É possível notar uma quantidade maior de luzes ao longo de rios e faixas costeiras, por exemplo, áreas que costumam ser mais populosas. Regiões metropolitanas de grandes cidades tem mais brilho que as interioranas, é claro. E os fatores econômicos também pesam na conta: enquanto países mais desenvolvidos são bem iluminados, locais pobres, gelados ou desérticos ficam ofuscados.

Além de serem ótimos planos de fundo para seu desktop, fotos da Terra vistas à noite podem servir a aplicações na conservação ambiental, como o rastreio à pesca predatória, proteção de florestas e ecossistemas. O mesmo vale para as cidades: chamar a atenção por brilhar além da conta pode ser um indício de poluição luminosa, que pode causar efeitos negativos à saúde.

Pensando em tudo isso, por que não transformar essa informação toda em arte?

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Um usuário da plataforma GitHub, que permite que programadores de todo o mundo compartilhem seus projetos, propôs recentemente uma nova leitura desses dados. Sabe mapas de relevo, aqueles que você vê em atlas geográficos, que mostram a diferença de altura entre as montanhas e as planícies? Pois bem: a ideia do rapaz era transformar as megalópoles brilhosas em cordilheiras de luz. 

O homem por trás do projeto é Jacob Wasilkowski, desenvolvedor geoespacial que mora nos Estados Unido. O mapa criado por Wasilkowski utiliza dados captados pelo Suomi NPP, satélite da Nasa  lançado ao espaço em 2011.

Para o efeito “montanhas luminosas”, o desenvolvedor utilizou uma ferramenta de JavaScript chamada “chroma.js”. Ela calculou a elevação de cada trecho do mapa proporcionalmente à luz que tinha em cada pixel das imagens de satélite do planeta Terra.

Se a quantidade de luz vista do espaço fosse medida em altura, nenhuma outra cidade do mundo teria tanta altitude quanto a região metropolitana de Tóquio, capital do Japão. No mapa luminoso, a cidade é o ponto mais elevado do planeta. Por quê? A resposta é fácil: a cidade abriga mais de 36 milhões de pessoas. Sendo assim, levaria facilmente o título de Everest Iluminado, em homenagem ao monte mais alto da Terra.

Se as cidades muito grandes fossem tão altas quanto a luz que elas produzem, então a costa leste dos Estados Unidos estaria nas alturas. A mesma coisa com as megalópoles Pequim e Xangai, na China, ou Nova Délhi, capital da Índia – da para imagem até o ar rarefeito que elas teriam, de tão elevadas.

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No Brasil, as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro teriam destaque. Nossas principais “montanhas”, ao invés de estarem na Serra do Espinhaço, como acontece no mundo real, estariam localizadas nas zonas litorâneas.

Outra dona de recorde luminoso é a área ao norte da África. A região não têm os maiores picos de luminosidade – não seriam, daí, as maiores montanhas do mundo. Por outro lado, é a região mais extensa de iluminação acima da média. Seria o equivalente geográfico a uma Cordilheira dos Andes – que em altitude, não chega aos pés de um Everest, mas é a maior reunião de montanhas do mundo, em extensão. O mais interessante é que essa “cordilheira luminosa” da África segue o contorno do Rio Nilo, onde as maiores cidades da região estão reunidas.

Você pode explorar melhor o mapa, passeando por diferentes cantos do mundo, neste link. Óculos escuros são recomendados para aqueles que estiverem pretendendo fazer uma visitinha a roteiros mais abrilhantados.

 

 

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