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Computadores de pulso

São relógios, mas nem fazem tique-taque, porque não precisam. A cadência é dada pela oscilação do quartzo, um cristal piezoelétrico que se movimenta quando recebe a corrente elétrica provida pela bateria. As horas, os minutos e os segundos são regulados pela eletrônica. Isso é simples demais para os eficientes circuitos integrados que hoje equipam os relógios de pulso. Cada vez menores e mais eficientes, os chips fazem dos relógios caixinhas de surpresas. Cada novo modelo oferece mais recursos que o outro.Cronômetros, alarmes e calculadoras já são coisa do passado - os relógios de pulso dos anos 90 têm memória suficiente em seus chips para calcular altitudes e profundidades, temperaturas, ritmos cardíacos e performance de esportista.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 30 nov 1992, 22h00

A concorrência entre os relógios de quartzo e os mecânicos de molas tradicionais, complicados e dispendiosos, já foi decidida há muito tempo – os relógios de quartzo são bem mais baratos e muito mais precisos. Até mesmo um a quartzo dos mais baratinhos normalmente não adianta ou atrasa mais do que 30 segundos por mês. Isso significa precisão de 99.999984%. Os muito bons e muito caros são ainda mais exatos, e só adiantam ou atrasam no máximo 10 segundos por ano.

Com a incorporação dos minúsculos microprocessadores, o relógio deixou de ser apenas marcador de horas. Virou artigo esportivo, agenda de anotações, banco de dados, barômetro e vigilante da saúde. Tudo o que os relógios medem depende do computador neles embutido, e naturalmente também dos sensores que fornecem os sinais.

Assim, os pequenos chips são capazes, por exemplo, de amarrar o “homem do tempo” ao pulso. Num dos mais recentes modelos, um sensor de temperatura mede os graus Celsius do momento, mostra-os no display e os armazena na memória por 24 horas. Chamando-se depois todos os dados, pode-se construir uma curva de temperatura do dia, o primeiro passo no caminho de um meteorologista amador.

A capacidade de armazenamento do computador não é saturada com esses poucos dados de temperatura. Para preenchê-la, introduziu-se no aparelho uma biblioteca meteorológica na forma de programação fixa permanente (a memória ROM – read only memory ). Esse banco de dados abrange temperaturas médias diurnas e noturnas de um mês inteiro, registradas em 23 cidades de todo o mundo. Ao consultá-lo, pode-se descobrir se no mês de março fez mais frio ou mais calor em Dubai, nos Emirados Árabes, do que em Auckland, na Nova Zelândia. Com isso, torna-se desnecessário perguntar em agências de turismo ou consultar tabelas meteorológicas. E se já é possível que as cidades informem sobre o seu clima, nada mais fácil do que permitir-lhes também que indiquem simultaneamente a hora local.

Outro instrumento de medição também é ideal para os meteorologistas amadores. Além da temperatura, também a pressão atmosférica é decisiva na previsão do tempo, e no pulso ainda há lugar para mais um sensor que se encarregue da pressão, pois ele não ultrapassa as dimensões de um botão de dar corda em um relógio de bolso. Esse barômetro mede a pressão atmosférica, indicando se ela cai ou sobe.

O pequeno observatório meteorológico eletrônico armazena automaticamente os valores das 18 horas precedentes, e calcula a partir delas a tendência: de queda da pressão atmosférica (significa piora do tempo), de elevação (significa melhoria) ou de estabilidade. Os prognósticos aparecem com indicações luminosas num segmento circular colorido do mostrador. Logo abaixo aparece a pressão atmosférica do momento, em milibares, num visor de cristal líquido.

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A pressão atmosférica não influencia apenas o tempo. Existe também uma relação simples entre ela e a altitude geográfica. Ou seja, quanto mais alta a montanha, mais leve é a coluna de ar que pesa sobre ela. Até 1000 metros acima do nível do mar, a pressão atmosférica cai 1 milibar a cada 8 metros de altitude. Um equipamento embutido no relógio-barômetro permite indicar também a altitude, em metros, ao se escalar uma montanha, calculando a diminuição da pressão. Esses cálculos só estão corretos, porém quando o dono não esquece de calibrar o “relógio”. Para obter um resultado mais preciso, digita-se a latitude conhecida, antes de começar a escalada. Com esse valor de referência, o computador é capaz de equilibrar mais facilmente as causas de erro. E quanto mais estáveis forem as condições atmosféricas, mais exata será a indicação da altitude. Se uma tempestade se aproximar ou se surgir um vento quente nas montanhas, lá se vai a precisão na medida.

O que e válido para os arejados cumes, também funciona em águas profundas. Nelas, o barômetro pode ser usado como medidor de profundidade. Tanto o relógio como o sensor são resistentes à pressão até 100 metros de profundidade, e à prova d’água. Esse relógio-barômetro já vem pronto da fábrica, mas os medidores de altitude e profundidade têm que ser adaptados à parte. São particularmente indicados para balonistas, pára-quedistas, planadores, pilotos de asa delta e planadores, alpinistas e mergulhadores. O motivo é que o relógio, além de instrumento de medida, pode ser usado como instrumento de alarme. Armazenam-se em sua memória determinados valores de altitude ou de profundidade que, ao serem atingidos, fazem com que o alarme do relógio dispare.

Também os pilotos de planadores usam o relógio-barômetro. É importante que os pilotos conheçam a altitude alcançada por seus aviões de competição. Mas como é praticamente impossível a avaliação apenas visual, os pilotos eram obrigados a recorrer a difíceis medições e cálculos trigonométricos. Agora os pequenos e médios medidores de altitude do relógio-barômetro são fixados em seus planadores. Depois de uma decolagem bem – sucedida, esses aparelhos se elevam, num intervalo de 18 segundos, até uma altitude de 350 a 500 metros e o relógio – barômetro registra automaticamente em sua memória a máxima altitude alcançada.

Termômetros e barômetros, ou seja, censores de temperatura e de pressão atmosférica, reagem a estímulos externos. Um terceiro instrumento de medição do relógio de pulso ausculta o interior do corpo humano. Esse sensor “controla” as pulsações do portador do relógio. Ele lembra com sinais acústicos, de tempos em tempos, que é hora de medir o pulso. Na memória, ele guarda os últimos valores medidos permitindo assim a elaboração de uma curva do ritmo cardíaco.

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O analisador de pulso funciona com luz no infravermelho. Um LED (diodo emissor de luz), fonte luminosa que emite radiações próximas ao infravermelho manda radiação eletromagnética através da polpa digital logo que o portador coloca o dedo sobre o sensor. Parte dessas radiações é refletida pelas partículas de ferro da hemoglobina do sangue. Uma célula fotossensível, situada bem ao lado do diodo, capta a radiação refletida. Essa fotocélula transforma luz em impulsos elétricos e, quanto mais raios luminosos chegam à fotocélula, mais forte o impulso. A cada pulsação, nova quantidade de sangue chega através das artérias e, assim, uma simples contagem dos picos de impulsos elétricos estabelece a freqüência dos batimentos do pulso.

Tanto leigos como médicos não se interessam apenas pela freqüência cardíaca, mas também pela pressão sangüínea. Por isso, os engenhosos relojoeiros do ramo computadorizado acreditam ter encontrado uma brecha no mercado a ser preenchida, combinando instrumentos de medição do pulso e da pressão sangüínea. O relógio executa diversas funções de sentinela: depois de armazenar valores normais em sua memória, ele é capaz de emitir sinais luminosos no mostrador, que alertam para a aproximação dos valores registrados aos valores limítrofes. Uma das possibilidades é a de se conhecer a freqüência do pulso no momento Outra é compará-la com valores do pulso em condições de repouso. Pode-se armazenar dados deste último e relacionar os dois. Para esportistas, por exemplo, é importante saber, quanto tempo a pulsação leva para voltar ao ritmo de repouso, depois de realizado um esforço.

Em direção oposta aos aparelhinhos de lazer e de saúde caminham os relógios que substituam o bloco de anotações do bolso do colete de executivos. Dependendo do modelo, neles podem ser armazenados muito mais do que uma centena de números de telefone, assim como anotadas datas de compromissos e registrados horários de aviões ou bens. Quem se encontra em viagem de negócios anota nele horários de partida, de chegada, nomes dos que devem ser visitados e ainda incumbe o relógio de lembrar que deverá telefonar para determinado número na Califórnia exatamente às 17 horas. O dono de um relógio desses também poderá descobrir facilmente que horas são, naquele momento, na costas leste dos Estados Unidos: Com um simples saque na tela em seu pulso, ele faz com que o mapa mundial se desenrole da esquerda para a direita.

Como os pequenos computadores portáteis, do tipo palmtop, os relógios computadorizados podem até ser acoplados ao telefone e discar por si mesmo, contanto que a rede telefônica seja digital. Embora a memória do chip ainda seja pequena, é uma questão de tempo conseguir mais memória no mesmo espaço para que se transmitam dados armazenados no relógio via telefone.

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O último inverno em várias estações de esqui da Europa lançou uma nova moda entre os chiques e endinheirados: um relógio com o qual se pode pagar teleféricos e elevadores que transportam os esquiadores até o topo da montanha. Ele substitui os cartões diários ou permanentes que os esquiadores levavam pendurados no pescoço, um tanto incômodos na hora de passá-los no aparelho de leitura. Para pagar o elevador com o relógio, basta passar o pulso por cima de um transmissor, na distância máxima de 35 centímetros. Um simples esfregar do pulso por cima do aparelho já é suficiente para induzir a passagem das correntes elétricas que transportam os dados. O preço da passagem é eletronicamente descontado do crédito arquivado na memória do relógio. Naturalmente, é necessário que esse crédito seja previamente ali registrado por uma agência bancária.

A substituição da carteira de dinheiro, ou mesmo dos cartões, pelo relógio carregado com crédito no banco pode alterar completamente os intercâmbios financeiros. A carteira eletrônica, através de uma bateria de lítio, mantém a conta corrente em segredo seguro por quase oito anos. Durante todo esse tempo, pode – se esvaziar e carregar de novo a conta. Não é preciso temer mergulhos ou escaladas de montanha, a eletrônica agüenta pressões da água e da atmosfera.

O pagamento sem dinheiro vivo cada vez se difunde mais, sobretudo nos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte. Lá, porém, a enorme diversidade de cartões de plástico, com holograma, fita magnética no verso ou com chips embutidos complica seu controle. O dinheiro de plástico é presa fácil para falsificadores e ladrões, além do inconveniente de muitos cartões, como os de telefone, só poderem ser utilizados no país de origem.

A conta corrente eletrônica no pulso é facilmente controlada pelo comprador. Só se pode pagar, e portanto comprar, enquanto existir um saldo arquivado no relógio. As somas são imediatamente descontadas. Evita-se com isso a desagradável sensação de ver todos os gastos descontados de uma só vez semanas depois das compras, abrindo um rombo na conta bancária. Aos comerciantes, seria desnecessário investir em dispendiosos mecanismos de segurança, como os usados para testar a validez dos cartões de crédito.

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Em poucos anos, a carteira de pulso poderá ser usada não só para pagar o elevador de esquis, como também para compras em supermercados, lojas ou mesmo durante as viagens de férias. Talvez se torne também um bom método de cobrança em ônibus ou metrô. O dinheiro que recheia a carteira passará a se esconder atrás do mostrador de relógio computadorizado.

Para saber mais:

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(SUPER número 4, ano 3)

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