Ferramenta do Google usa inteligência artificial para ensinar hieróglifos
O Fabricius promete facilitar o trabalho de pesquisadores, mas também pode ser usado por qualquer um interessado em aprender a linguagem usada no Egito Antigo – ou apenas se divertir com ela.
Se você sempre quis aprender o que aqueles símbolos do Egito Antigo queriam dizer, a ferramenta Fabricius, lançada pelo Google na última semana, pode dar uma mão. A ferramenta usa inteligência artificial para ensinar hieróglifos e facilitar o trabalho de pesquisadores da área. Ela foi lançada no dia 15 de julho, aniversário de descobrimento da Pedra de Roseta, artefato que permitiu a compreensão dos antigos símbolos egípcios, e está disponível no site do Google Arts & Culture, braço da empresa que desenvolve projetos em parceria com artistas, museus e instituições culturais.
O nome da ferramenta faz referência a Georg Fabricius, historiador alemão do século 16 considerado o pai da epigrafia – estudo das inscrições (ou epígrafes) antigas. Até o momento, ela está disponível em dois idiomas: inglês e árabe.
O Fabricius é uma evolução da “The Hieroglyphics Initiative”, iniciativa que surgiu em 2017 graças a uma parceria do British Museum, de Londres, com a desenvolvedora de games Ubisoft. O objetivo era usar inteligência artificial para facilitar o processo de agrupar, catalogar e entender os hieróglifos. Na época, isso tudo fez parte da divulgação de um jogo da Ubisoft, Assassin’s Creed Origins, que se passa no Egito Antigo, mas as pesquisas evoluíram desde então.
Como o Fabricius funciona?
A nova ferramenta foi desenvolvida com a ajuda de pesquisadores da Universidade Macquarie, na Austrália, da Psycle Interactive, uma empresa britânica de desenvolvimento digital, e de vários egiptólogos. Esses especialistas em hieróglifos ajudaram a construir o sistema de tradução – e avaliaram a eficácia da plataforma.
O Fabricius funciona com aprendizado de máquina (em inglês, machine learning). É como colocar o sistema para realizar uma extensa lista de exercícios: por meio da repetição, a inteligência artificial aprende, aos poucos, a identificar padrões. A ferramenta do Google foi treinada para reconhecer mais de mil hieróglifos e, a partir daí, compara-os com uma base de dados composta por dicionários e traduções.
Ao entrar na plataforma, o usuário possui três opções: aprender, brincar e trabalhar. A primeira é um passo a passo para decifrar os hieróglifos, com aulas e exercícios. O objetivo, aqui, é simular o processo de decifração: da mesma forma que egiptólogos transcrevem os símbolos inscritos para o papel, o Fabricius ensina, logo na primeira atividade, a desenhar alguns deles.
A segunda opção é uma brincadeira que envolve hieróglifos, textos – e emojis. Basta escrever uma mensagem qualquer, com palavras e carinhas, e a plataforma devolve uma tradução (aproximada, claro) do que você quis dizer. Depois, é possível compartilhar o resultado.
A terceira opção, disponível apenas para desktop, é voltada para pesquisadores, que podem usá-la para facilitar a tradução de documentos antigos. Mas também é uma via de mão dupla: o sistema e os dados do Fabricius foram disponibilizados em código aberto. Dessa forma, com o tempo, o uso coletivo pode aumentar a eficácia da plataforma, aprimorando funcionalidades e expandindo seu banco de dados.