Dá para criar atmosfera artificial na Lua?
Não, a menos que fosse instalada uma gigantesca cúpula em volta dela. A gravidade lunar, seis vezes menor que a da Terra, não consegue prender os gases. “Todos os planetas ou satélites tendem a perder sua atmosfera aos poucos”, explica o astrônomo Augusto Damineli, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo. O hidrogênio não se segura nem por aqui. Como é muito leve, acaba vazando para o espaço. A Terra está livre do perigo de ficar sem ar porque as plantas repõem os gases fujões.
Mas a gravidade não é o único problema. Nossa atmosfera se formou durante bilhões de anos, num processo que começou com erupções vulcânicas que trouxeram gases do interior do planeta. “Situação parecida só aconteceria na Lua com uma reação química em enorme escala, que fosse capaz de derreter as rochas subterrâneas”, imagina Damineli. Várias usinas nucleares enterradas no satélite até poderiam gerar a energia necessária para tal tarefa. Só que ninguém pensa em fazer isso. Ao menos por enquanto.
Liberdade total
Sem nada que a prenda, a atmosfera escapa.
Na Terra, os gases precisam ultrapassar a velocidade de 11 quilômetros por segundo para vencer a gravidade. Só os mais leves, como o hidrogênio, conseguem se mover tão rápido. O oxigênio (O2) e o gás carbônico (CO2) ficam presos.
Na Lua, a velocidade necessária para fugir da gravidade é muito pequena – cerca de 2 quilômetros por segundo. Por isso, qualquer gás que fosse colocado lá se perderia no espaço.