As plaquinhas eletrônicas da linha Raspberry Pi servem a uma proposta tão interessante quanto ousada: serem uma espécie de computadores de bolso. Com o tamanho de um cartão de crédito, elas podem ser conectadas a um monitor ou uma televisão, e comandadas com a ajuda de teclado e mouse. Por isso, são a opção perfeita para que criativos de todo o mundo tirem seus projetos do papel.
A vantagem está, principalmente, no preço. O modelo mais barato costuma ser vendido, lá fora, por US$ 35 – no Brasil, esse valor costuma girar em torno dos R$ 200. A versão mais simples já vem preparada de fábrica para possibilitar um caminhão de tarefas. A lista envolve desde acessar a internet a controlar robôs, fazer um radiocomunicador FM ou jogar Minecraft. Ah, e também uma outra coisa mais singela: invadir os sistemas da Nasa e roubar dados secretos sobre missões espaciais.
Essa última funcionalidade veio à tona em um relatório do Escritório de Inspeção Geral da Nasa. O Raspberry Pi teria permitido a um hacker encontrar uma brecha no esquema de proteção da agência espacial americana e roubar cerca de 500 MB de dados, de 23 arquivos.
O problema aconteceu porque o microcomputador não tinha autorização para estar conectado à rede da Nasa. Foi por essa brecha que o hacker assumiu o controle do Raspberry Pi, um sistema muito simples, e conseguiu invadir a rede sem ser percebido. Estima-se que o intruso teve livre acesso ao sistema por pelo menos 10 meses.
O alvo foi o Laboratório de Propulsão a Jato, divisão da Nasa que, entre outros temas, pesquisa o futuro das explorações por Marte. Em dois desses arquivos, havia informações acerca da missão Mars Science Laboratory, que mantém o robô Curiosity. O jipinho tem trabalhado na coleta de amostra de solos e rochas do planeta vermelho. O caso de invasão aconteceu em abril de 2018, mas a pessoa ou organização responsável pelo ataque, segundo a Nasa, ainda não foi descoberta.