“Com os materiais usados hoje em dia, será definitivamente impossível obter um supercondutor que opere à temperatura ambiente”, decretou recentemente o físico William God-dard, do Instituto de Tecnologia da Califórnia. A declaração parece lançar uma ducha fria nas esperanças desencadeadas por aquele que tem sido, desde 1986, um dos mais espetaculares saltos tecnológicos dos tempos atuais. Muitos pesquisadores já haviam previsto, talvez com excessivo otimismo, que a temperatura máxima da supercondutividade – a condição que certos materiais possuem de transmitir eletricidade sem perda de energia – ficaria entre menos 73 e mais 27 graus centígrados.
O feito de Goddard foi calcular com maior precisão esse limite máximo, demonstrando matematicamente que fica muito aquém da temperatura ambiente. Para ele, as cerâmicas atuais, à base de ítrio, bário e óxido de cobre, podem alcançar, na melhor das hipóteses, menos 48 graus centígrados – ainda assim, 100 graus acima do recorde atual. A questão é saber se com outros compostos se poderá algum dia chegar a valores mais altos.