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Mp3 – Você já ouviu esse som?

Parece nome de banda pop, mas trata-se de uma técnica inventada para ouvir e transmitir música pela Internet. Só que ela está fazendo tanto sucesso que pode até substituir o CD.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

Gabriela Aguerre

Comparado com o preto fosco dos discos de vinil, o platinado dos CDs é um salto tecnológico e tanto – tão grande que dá a impressão de que vai levar muito tempo até descobrirem algo melhor. É só impressão. A velocidade da tecnologia é imprevisível. Tanto que, com apenas 20 anos de idade, o compact disc já corre o risco de ser desbancado por uma nova tecnologia: o mp3. A mãe desse invento era uma velha necessidade da Internet. É que os arquivos musicais são grandes demais para serem transmitidos pela rede mundial de computadores. Era preciso dar um jeito de comprimi-los. Assim nasceu o mp3.

Isso foi em 1987, mas só neste ano o formato se popularizou. Nas últimas semanas, chegou a ser o assunto mais procurado na Internet, batendo o aparentemente imbatível sexo. Seu sucesso ultrapassou as fronteiras do mundo virtual. O engenheiro carioca Luiz Augusto Barros, de 25 anos, aderiu de vez. Não usa mais o aparelho de som. Ligou as caixas acústicas ao micro e, em vez de CDs novos, decide montar suas próprias coleções, dividindo o repertório com os amigos. “Eu comprava até trinta CDs por mês, mas, depois que conheci o mp3, estou economizando”, festeja Luiz Augusto. “É a coisa mais simples do mundo.”

Assim como ele, há outros 3 milhões de usuários no planeta. Se você digitar essa sigla no Altavista – uma das mais poderosas ferramentas de busca da Internet –, vão aparecer quase 3,5 milhões de páginas contendo a palavra. Uma delas, a MP3.com, que é a mais famosa, recebe cerca de 200 000 visitantes por dia. Eles querem saber que músicas já existem no novo formato e como transformar os seus CDs convencionais em mp3. Se, apesar de toda essa fama, você nunca tinha ouvido falar dessa nova mania, não se preocupe. Uma pesquisa feita pela SUPER ON-LINE constatou que muita gente ainda não tem idéia do que se trata (veja ao lado). Por isso, leia as páginas a seguir e saiba por que essa nova tecnologia é tão sensacional que pode chegar a substituir os não tão “velhos” CDs.

A super on-line perguntou: você já ouviu música mp3?

NÃO: 54,7%

8 354 respostas

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SIM: 45,3%

6 914 respostas

Dos 15 268 internautas que responderam à pesquisa, a maioria nunca tinha ouvido uma música nesse formato. A partir de agora, essa resposta pode mudar.

O segredo é a compressão do arquivo

Os mais velhos – e os românticos saudosistas – nunca vão esquecer os discos de vinil girando e oscilando lentamente enquanto uma agulha de diamante percorria os sulcos do plástico preto. Da vibração provocada por esse contato saía a música, depois amplificada e enviada aos alto-falantes. Em 1979, porém, a empresa holandesa Philips inventou os compact discs, convertendo a música num artigo hi-tech feito de bits – a unidade básica da linguagem dos computadores.

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Assim como os sons armazenados no CD – numa série de números binários representados na superfície do disco –, o mp3 também é um arquivo digital. Só ele tem uma tecnologia capaz de comprimir tanto uma música que ela fica com menos de 10% do seu tamanho original. E, o que é melhor, praticamente sem perder a qualidade do som.

A primeira conseqüência disso é a facilidade de manipulação desses arquivos. Com um computador, conexão à Internet e programas chamados players, qualquer um pode curtir música em mp3 e passá-la adiante, como e-mail. À semelhança do walkman, já existem até os MPman, aparelhos nos quais você carrega as músicas que quiser (veja na página ao lado). O apelido vem do complicado nome MPEG Audio Layer-3. MPEG é a sigla de Moving Pictures Expert Group, o consórcio mundial que padroniza a compressão de arquivos digitais.

Grandes gravadoras e empresas de informática começam a fazer suas apostas. Em entrevista à revista americana Wired, Rob Glaser, o presidente da Real Networks – que produz softwares de áudio e vídeo especialmente para a Internet –, prevê que até 2007 a distribuição digital de música será um negócio de cerca de 4 bilhões de dólares por ano. Ele é do ramo. Sua empresa criou o Real Jukebox, um dos mais completos programas de computador feitos para ouvir mp3. Só na semana de estréia do software, em maio passado, mais de 1 milhão de usuários instalaram em seus micros a jukebox do futuro. As gravadoras, no entanto, temem sofrer muito nessa história, por causa da pirataria (veja na página ao lado).

No Brasil, o número de internautas já passa dos 3 milhões, um mercado e tanto. Já começam a surgir sites e sites com listas de músicas em mp3, gratuitas e pagas. Há três meses, foi aberta a primeira gravadora virtual do país, que distribui mp3 para todos os gostos. É a Música Online, uma parceria entre quatro empresas de natureza bem diferentes: uma gravadora convencional, um estúdio de tecnologia, a indústria de aparelhos eletrônicos Gradiente –que distribui um dos players do mp3 – e o Universo Online, o maior provedor brasileiro de acesso e conteúdo de Internet.

Todos os passos para ouvir uma música em mp3

As ferramentas básicas são o micro e programas disponíveis na Internet.

Recheando sua mpteca

Existem milhares de páginas na Internet que reúnem músicas no formato mp3. Alguns programas de busca, como o Lycos, funcionam também para procurar artistas específicos. Vá até uma delas, escolha a música que você quiser e faça um download desse arquivo. Fazer um download é copiar um arquivo, ou baixá-lo, como se diz no jargão da Internet.

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Puro deleite

Para, finalmente, ouvir uma música mp3, é preciso ter um player, um programa encarregado de tocá-la. Há uma dezena deles na Internet (veja ao lado). Alguns servem até para transformar as músicas de um compact disc normal em mp3. E o melhor: você nem vai sentir a diferença em relação aos CDs, pois a qualidade de som é praticamente igual.

Toca-discos virtual

Conheça os players para ouvir mp3, programas de computador e aparelhos portáteis parecidos com um walkman.

Sonique

Toca a música ao mesmo tempo que você está fazendo download.

Onde copiar: https://www.sonique.com/dload.html

RealJukebox

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Ele grava CDs e toca arquivos mp3 com muita facilidade.

Onde copiar: https://www.real.com/products/realjukebox/index.html

WinPlay

Desenvolvido pelo mesmo instituto que fez o mp3, o Fraunhofer Institut Integriert Schaultungen. É pouco pretensioso no visual. Até por isso é bem simples de usar.

Onde copiar: ftp.iis.fhg.de/amm/download/mp3player/index.html

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WinAmp

Possui mais de 3 000 skins, imagens que enfeitam o programa com estampas diferentes, de acordo com o tipo de música ou cantor.

Onde copiar: https://www.winamp.com/download/index.html

Rio

A versão mais recente do primeiro portátil de mp3 tem material translúcido, de cor azul, e 64 megabytes de memória, mas pode chegar a ter 96 megabytes. É encontrado em importadoras.

Preço: 550 reais

Clapp Informática: 0_ _11 2500705

MPman

Tem 64 megabytes de memória, para armazenar arquivos mp3 ou de outros tipos, como imagens. É ligado ao micro por um cabo que acompanha o produto. Pesa apenas 70 gramas. Nele, uma pilha pequena dura até 12 horas.

Preço: 498 reais

Gradiente: 0_ _11 814 82 22

Como abastecer a estante

Na Internet encontra-se todo tipo de música. Algumas são grátis, outras duram apenas um dia. A maioria é de artistas independentes.

https://www.mp3.com É o principal site de informações do mp3. Além de notícias, atualizadas diariamente, contém listas gigantes de músicas. Nele você vai encontrar de tudo.

mp3.lycos.com – O Lycos é uma ferramenta de busca na Internet que pegou carona no sucesso do mp3, montando sua própria lista de músicas. É fácil encontrar o artista que você procura. Pena que haja poucos brasileiros.

https://www.centralmp3.com.br O guia para quem quer aprender desde o início, em português, e, de quebra, uma lista grande de músicas. Tem uma seção chamada Palco que apresenta artistas novos.

https://www.sombrasil.com.br Tem centenas de canções em formato mp3 que podem ser ouvidas apenas durante um dia. Se o usuário quiser mais, precisa comprar o CD.

O fantasma do pirata

Ao facilitar a transmissão de arquivos de música, o mp3 ameaça a indústria fonográfica.

Enquanto os internautas deitam e rolam na nova mania, tem muita gente torcendo o nariz para o mp3.

São os que ganham o pão de cada dia com a gravação e a venda de CDs. Para essas empresas, ver milhares e milhares de consumidores em potencial ouvindo e reproduzindo as músicas de seus artistas contratados não tem a menor graça.

“O formato mp3 não permite mapear a distribuição da música e não remunera direitos autorais e artísticos”, disse à SUPER Yves Degen, gerente de marketing da Sony Music no Brasil, que já conseguiu que fossem fechados sites de mp3 que continham obras de seus artistas contratados. “Isso significa uma palavra só: pirataria”, resume. Ele se refere ao hábito dos internautas de trocar músicas entre amigos por e-mail e a usuários que transformam canções de artistas conhecidos em arquivos gratuitos, disponíveis em sites clandestinos.

Como não podem fechar os olhos diante desse gigantesco mercado digital, as principais gravadoras do mundo se reuniram para construir o SDMI, sigla em inglês para segurança da música digital. Esse sistema é parecido com o mp3, mas agrega a cada arquivo um código único que controla suas andanças pela rede.

Invenção vem da Alemanha e voou pela rede

A pergunta que paira sempre que se está diante de uma boa invenção é: por que ninguém pensou nisso antes? Na verdade, o mp3 existe desde 1987, invenção do Fraunhofer Institut Integriert Schaultungen – um renomado instituto de tecnologia alemão que existe há pelo menos cinqüenta anos – junto com a Universidade de Erlangen.

A difusão do mp3, no entanto, só se tornou possível a partir do ano passado, quando o Pentium superou a barreira dos 300 megahertz de velocidade de processamento. Com esse cacife, o micro permite copiar e transmitir uma música em segundos. Isso mesmo, segundos.

“Eu ainda sinto a necessidade de pegar nas mãos a caixinha do CD, folhear o encarte e acompanhar as músicas com a letra”, comenta o designer Renato Yada, de 30 anos. Embora seja um entusiasta do mp3, ele acha que essa mania não tem potencial para derrubar o compact disc – mesmo sabendo que um CD gravado no formato mp3 pode conter quase 11 horas de música.

O que não se pode negar é que o mp3, dado os números gigantescos de gente e dinheiro que move, aponta novos caminhos para a música no futuro. Em São Paulo, o duo eletrônico Bojo conseguiu uma vaga no Festival de Jazz de Montreal graças a esse novo formato. Como não tinha recursos para gravar um CD, montou uma página na Internet para divulgar seu e-disco. “Em pouco mais de um mês, foram cerca de 2 000 downloads. Você conhece alguma banda que tenha vendido 2 000 CDs nesse período?”, comentou Mauricio Bussab, integrante do grupo, em um bate-papo pela Internet. Já se espera que esses três caracteres, m-p-3, ainda dêem muitos outros caracteres que falar.

Vem aí o mp4

Já existem outras tentativas de apertar os arquivos ainda mais.

O três do nome mp3 não é à toa. Significa que antes dele já houve outras duas tentativas de fazer uma compressão de arquivos, o mp1 e o mp2. Nenhuma foi tão eficaz, mas mesmo assim existem por aí músicas e players para os formatos anteriores. Agora, vários institutos de tecnologia estão atrás do mp4. Já há um bocado de gente trabalhando em um padrão um pouco diferente, o MPEG-4.

O maior desafio é criar um tipo de sistema multimídia que sirva tanto para áudio quanto para vídeo. Depois de estabelecido esse novo padrão, aí, sim, é só esperar que alguém, na Alemanha ou em outra parte do mundo, apareça com um mp4 embaixo do braço ainda menor. O mais interessante é que a nova técnica deverá servir também para filmes. Você vai poder assistir a videoclipes diretamente no seu computador.

A rota de uma música mp3

O arquivo comprimido viaja do CD até seu micro.

1. Para entrar no micro, a música é gravada de um CD normal. Passa por um processo de compressão e fica dez vezes menor que a original.

2. Ainda não existem discos de mp3. Mas os arquivos estão disponíveis em páginas na Internet. É pela rede mundial de computadores que as músicas transitam.

3. O usuário tem duas maneiras de ter acesso a arquivos mp3. Ou copia de um site ou usa o correio eletrônico, tanto para receber quanto para enviar.

4. Quando já estão no micro do usuário, as músicas são ouvidas em aparelhos portáteis ou no computador.

Receita compacta

Para comprimir o tamanho de um arquivo em até 90%, os sons são gravados em códigos simples e depois decodificados.

1. Em um CD, a música é feita de bits que traduzem cada nota em zeros e uns.

2. Um programa chamado encoder afunila os dados num código simplificado. Ele detecta seqüências e padrões repetidos e os resume.

3. O encoder também elimina sons inaudíveis e chiados.

4. Ao reler os códigos do mp3, o player reproduz os sons com qualidade semelhante à de um CD.

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