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Música silenciosa

Para o sossego dos vizinhos de músicos, chega uma nova geração de instrumentos eletrônicos que não fazem barulho.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 31 jan 2000, 22h00
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  • Gabriela Aguerre

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    No palco, um bom violinista pode levar a platéia às lágrimas. O som doce sai do pequeno instrumento, entra pelos ouvidos e atinge o coração. No quarto de sua casa, no entanto, o mesmo instrumentista faz o vizinho chorar também – só que por motivos bem diferentes. Até parar de desafinar, os áridos ensaios ferem os mais embrutecidos ouvidos. Para acertar as notas, o músico passa horas e horas repetindo a mesma passagem. Enquanto isso, separado apenas por uma parede, o vizinho pena.

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    Pioneira em sons eletrônicos, a Yamaha promete acabar com essa aflição. A empresa desenvolveu uma série de instrumentos absolutamente silenciosos, que inclui até bateria. O som, no entanto, é acústico e vai direto para os ouvidos do músico, via fone de ouvido. “Quem toca um instrumento desses ouve o som real do violino, mas sem fazer barulho”, maravilha-se a violinista Martha Mooke, de Nova York. Nasce assim uma nova orquestra, a orquestra do silêncio. E a política da boa vizinhança.

    O segredo do som acústico

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    Quando se fala em instrumentos eletrônicos, lembramos daqueles teclados que a própria Yamaha popularizou nos anos 70 para pianos elétricos e sintetizadores. O som dessa nova geração, no entanto, não tem nada de artificial. A música não parece de verdade, ela é de verdade. Isso acontece porque o instrumento é praticamente igual a um convencional. Num violino, o som começa a nascer quando se esfrega o arco nas cordas. Elas vibram e o som dessa oscilação vai para o bojo, que amplifica as notas. Sem essa ressonância, o som não sairia. O que a Yamaha fez foi eliminar o bojo e transferir a música direto para o ouvido de quem está tocando, via fone. Nos outros instrumentos da série, acontece mais ou menos a mesma coisa (veja infográficos).

    É claro que não dá para ter a pretensão de substituir um Stradivarius, mas há músicos experientes que estão gostando da novidade.

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    “Com meu celo silencioso eu toco mais improvisação e música contemporânea, mas tudo é possível”, disse à SUPER o celista suíço Jonas Tauber, que diz adorar tanto seu celo italiano de 1758 quanto o modelo silencioso de cor vermelha. Já para o trombonista americano Phil Arnold, que já tocou com estrelas como Dizzy Gillespie, o encanto é o mesmo. “Para quem toca metais, é um milagre”, comenta.

    O som que se escuta no fone é o mesmo que se ouviria se o violoncelo ou o piano fossem tocados naturalmente. Até a ruidosa bateria, que inferniza pais de adolescentes, tem sua versão sossegada. Todos vão ficar felizes. Depois de bem ensaiadinho, o músico pode chamar o vizinho do lado para ouvir – e esperar os aplausos. Ele vai adorar ter sido poupado dos ensaios.

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    gabriela.aguerre@abril.com.br

    Algo mais

    O arco do violino silencioso é igual ao do convencional. Ele é formado por crina de cavalo.

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    Antes de roçá-lo nas cordas, o violinista passa breu, uma espécie de resina. Assim, os fios do arco ficam unidos e conseguem produzir o som ao serem esfregados nas cordas.

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    Discreto, mas poderoso

    Quem está de fora ouve apenas o barulho do arco nas cordas. Mas o violinista, com o fone, escuta perfeitamente.

    Caixa de controle

    Aqui dá para plugar fones de ouvido, caixas acústicas ou gravadores.

    Efeitos especiais

    Comandos reproduzem a sensação de estar tocando com a acústica de um quarto, um teatro pequeno ou um grande.

    Tudo igual

    As cordas e a ponte que as seguram são convencionais.

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    Linha falsa

    Uma peça de plástico vazada imita o contorno do violino.

    Bateria de algodão

    Em vez de tampas vibrando, ouve-se um suave bater de baquetas sobre placas de borracha.

    Cérebro musical

    Desta caixa, que controla o volume e o timbre, sai o fone de ouvido.

    Células sensíveis

    Por baixo da tampa de borracha, há sensores que percebem cada toque.

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    Trompa na surdina

    Colocado nos metais, o acessório amplifica o som apenas dentro dos ouvidos.

    Melodia pífia

    Do lado de fora, o que se escuta parece uma cornetinha.

    Abafa, mas amplia

    A surdina não deixa o som sair.

    Cadê o som?

    Como um microfone ao contrário, o cone manda o som para um fio.

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    Cara de gafanhoto

    Mesmo sem a caixa acústica, o violoncelo não perdeu elegância e ganhou o dom do silêncio.

    Firmeza total

    Um celista segura o instrumento com a parte interna das coxas. Estes suportes servem para isso.

    Reduzido ao mínimo

    Os suportes laterais podem ser recolhidos, como um tripé, para o instrumento ser guardado.

    Quase igual

    Esta peça imita a parte de cima da caixa do celo. Serve para firmar uma das mãos.

    Cada vez mais fino

    Criado há mais de três séculos, o violoncelo nunca tinha passado por uma dieta tão drástica

    Quase humano

    De pé, o violoncelo bate no ombro de um adulto.

    Meio mutilado

    A primeira versão silenciosa do celo, de 1998, não tem caixa acústica.

    Mudança radical

    Agora, o emagrecimento foi total, mas o som se mantém.

    Teclas caladas

    Graças a sensores de raios infravermelhos, o piano acústico se transforma em um instrumento fantasma.

    Toque interrompido

    O martelo não chega a tocar na corda, mas o som é gerado mesmo assim.

    Dublê de pianista

    Um sensor percebe como o autor tocou aquela nota.

    Dedos invisíveis

    O sistema de sensores permite que o piano toque sozinho.

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