Nem toda nudez será castigada
O cosmologista brasileiro José Lemos conseguiu uma maneira de equacionar a fórmula dos buracos negros no universo.
Entre muitas idéias complicadas astrofísicos, uma das mais curiosas é a instituição de uma censura cósmica para impedir que as singularidades desfilem nuas entre as estrelas. Agora, liberou geral. Pelo menos, essa é a proeza que o brasileiro José Lemos, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, parece perto de realizar. De forma simples, seus cálculos partem da noção de singularidade, um ponto onde a matéria se concentra infinitamente – como a Matemática diz existir no interior dos buracos negros. Imaginava-se que estes corpos ultra-densos, gerados pela implosão de grandes estrelas, sempre cobrem sua singularidade com uma espécie de véu, o chamado horizonte de eventos. Assim, como nada passaria por essa barreira, nem mesmo a luz, evitava-se a incômoda perspectiva de lidar com o esmagamento eterno da matéria no interior dos buracos negros. Lemos, no entanto, montou equações que parecem dispensar o horizonte de eventos, e desse modo abriu a possibilidade de existirem singularidades inteiramente despudoradas no Cosmo.