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No Cosmo de quatro dimensões, as estrelas reluzem no passado

Análise da mudança e da luminosidade dos astros no universo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 30 abr 1992, 22h00

Quem vê a luz dos grandes astros situados nas galáxias vizinhas não imagina que eles podem já estar mortos.

Nada pode andar no Universo com velocidade maior que a da luz: 300.000 quilômetros por segundo. Assim, todas as informações que nos chegam são de coisas que já aconteceram há bastante tempo. Esse efeito da teoria da Relatividade de Einstein é bem pequeno na escala humana; em geral, não e preciso levá-lo em conta. Por exemplo, numa corrida de formula 1 realizada no Japão, retransmitida pela tevê, nós só ficamos sabendo o resultado 7 centésimos de segundos depois das pessoas que vêem a corrida ao vivo. Mas na escala astronômica o efeito tem impacto profundo. Se o Sol se apagar, só ficaremos sabendo disso 8,3 minutos mais tarde. Estaremos vendo Alfa Centauri como ela era a quando o Muro de Berlim ainda estava de pé. Quem olha para o Cruzeiro do Sul, vê a Intrometida como ela era nos tempos do imperador Dom Pedro I; vê Delta Crucis como era quando o sábio italiano Galileu morreu, em 1645; e Mimosa como era quando Cabral chegou ao Brasil. Em suma, estamos vendo o Cruzeiro não só no espaço mas também no tempo. E não é pouca coisa: suas cinco estrelas mais brilhantes formam um sanduíche de quase quatro séculos. Elas já não estão na posição que aparentam, nem sua luminosidade é a mesma. Mesmo assim, as mudanças físicas dos astros acontecem em escala de tempo muito superior a quatro séculos: nesse período, a imagem do Cruzeiro permanecerá praticamente a mesma. De fato, já enxergamos milhões de vezes mais “longe” que quatro séculos, cobrindo períodos tão longos que as estrelas têm tempo de percorrer várias fases de sua vida. Uma estrela de massa equivalente a 30 vezes a do Sol, por exemplo, vive cerca de 2 milhões de anos. Assim, todas as estrelas com mais de 30 massas solares que vemos na vizinha galáxia Andrômeda, distante 2 milhões de anos-luz, já estão mortas. Quanto mais distante a galáxia observada, tanto mais estrelas já morreram. Em outras palavras, quando mais longe olhamos, mais estamos vendo a galáxia como elas eram no passado, ou seja, mais jovens. Se quisermos saber como era o Universo em sua infância, é só olhar bem longe, em qualquer direção. A cerca de 1 bilhão de anos-luz, vemos galáxias que, alem das estralas, tem uma outra fonte de luz muito poderosa no centro. São as galáxias com núcleos ativos, como as galáxias de Seyfert e as radiogaláxias. Da fonte central sai um jorro de luz e de matéria a altíssima velocidade, percorrendo milhões de anos-luz através do espaço intergaláctico. Esse tipo de fonte de energia gera mais Luz que todas as estralas de uma galáxia juntas.
Quanto mais longe olhamos ( mais no inicio do Universo), tanto mais luminosas sãos as fontes centrais de energia. Para lá de 10 ou 15 bilhões de anos- luz, o Universo é predominante iluminado por fontes de luz desse tipo, que ofuscam por completo as estrelas à sua volta. São os quasares, galáxias bebê. Alguns, como o OQ172, têm apenas um quarto de idade do Universo. Percorrendo o espaço a partir dos quasares, em nossa direção, podemos acompanhar todos os estágios de evolução das galáxias. A poderosa fonte central de energia se enfraquece; parecem as estrelas. Mas alguns bilhões de anos a fonte central se apaga quase completamente; as galáxias ficam velhotas como a nossa. As luzes do Universo em nossa vizinhança já se tornaram bem fracas. Mas, em sua própria vizinhança, os quasares também estão, hoje, bilhões de anos mais velhos. Um hipotético habitante do OQ 172, por exemplo, vive agora numa galáxia normal. Se ele olhar para o fundo do céu, verá a Via Láctea em sua infância e dirá: “Olha lá um quasar!”.

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