Para Dom Quixote, seria um pesadelo: até 1992, espanhóis e americanos pretendem colocar em operação cerca de 500 moinhos de vento nos rochedos de Gibraltar, no extremo sul da Península Ibérica. A idéia é gerar energia elétrica a partir do vento, como por sinal os americanos já fazem em grande escala na Califórnia, onde há mais de 16 mil moinhos desse tipo. Só nas montanhas de Tehachapi, 180 quilômetros a nordeste da cidade de Los Angeles, 4 mil moinhos abastecem de eletricidade mais de 750 mil habitações. No ano passado, a energia dos ventos, ou eólica, produziu ali o equivalente a 3 milhões de barris de petróleo. Mais da metade dessas turbinas de vento, que pesam uma tonelada e medem 25 metros, são fabricadas na Dinamarca, que até o ano 2000 pretende instalar na Europa moinhos suficientes para produzir tanta energia quanto quatro centrais nucleares. No Brasil, onde de modo geral venta pouco e o vento tende a ser fraco, abaixo de 7 metros por segundo, a energia eólica não parece prometer muito, salvo em certos pontos do litoral nordestino. “Esse tipo de energia ainda é economicamente inviável mesmo para os americanos, que têm de subsidiá-la “, esclarece o engenheiro Roberto Hukai, que construiu e vem testando o moinho de vento do canal de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.