Marcelo Bortoloti
Todo mundo. Pelo menos é isso que diz um acordo assinado pelos membros da ONU em 1967. O Tratado do Espaço estabeleceu que nenhum país pode se apropriar de corpos celestes, mas não fez qualquer restrição quanto à exploração comercial ou científica. A única tentativa de organizar esse tipo de exploração ocorreu em 1979, quando a ONU criou o Acordo da Lua. O projeto fracassou, já que Estados Unidos e Rússia não aderiram. Sem regras estabelecidas, o direito de uso é de quem chegar primeiro.
China, Japão, Índia, Europa e Estados Unidos já se preparam para novas viagens à Lua. Dessa vez, para ficar. A idéia é explorar o solo do satélite artificial, rico em selênio (mineral utilizado na prevenção ao câncer), e investigar a existência de água congelada a poucos metros de profundidade, o que facilitaria a instalação de bases espaciais para viagens mais longas.
Especialistas estão preocupados. “Não podemos deixar que aconteça na Lua o que aconteceu na Terra, onde guerras e conflitos delimitaram territórios”, diz o brasileiro José Monserrat, perito em direito espacial.
Do outro lado, alguns empresários já pressionam os governos para estabelecer propriedades privadas no satélite. A organização Space Frontier Foundation faz conferências anuais para empreendedores que queiram explorar esse filão. Do jeito que a coisa vai, ao invés de terra de todos, a Lua pode acabar virando terra de ninguém.
Idéias lunáticas
Projetos comerciais mirabolantes para o satélite
Hospedagem
A rede internacional de hotéis Hilton e a construtora japonesa Shimizu estão estudando a construção de um resort com 5 mil quartos em solo lunar. Os hóspedes poderão aproveitar a baixa gravidade para jogar golfe a distância ou alugar máquinas de voar
Moradia
Em breve você poderá mudar de planeta. O projeto Artemis (www.asi.org) estuda construir uma colônia auto-sustentável na Lua. Quem não quiser esperar pelas obras pode recorrer à Lunar Embassy (www.lunarembassy.com), que há 23 anos vende terrenos por lá
Negócios
Procurando emprego? A empresa Transorbital envia cartões de visita para a Lua. Por 2 500 dólares você manda até três cartões, que ficam guardados numa cápsula no solo lunar. Objetos pessoais como fotos e roupas também podem ser enviados (www.transorbital.net)
Funeral
Um enterro abençoado por São Jorge. A empresa Celestis oferece vários pacotes para quem quiser enviar seus restos mortais ao espaço. Mandar 1 grama das suas cinzas até a Lua pode custar até 12 500 dólares aos seus familiares (www.celestis.com)