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Todo mundo mais bonito

Cremes que renovam células, lasers anti-rugas, seios que mudam de tamanho. Quem não está contente com o que vê no espelho já pode usar a ciência para se modelar com facilidade. E vem muito mais por aí.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 30 nov 1999, 22h00

Ivonete D. Lucírio

Há 3 000 anos os egípcios combatiam as rugas usando uma poção feita de leite, cera de abelha, azeite de oliva e estrume. Além de nojenta, a fórmula provavelmente não fazia efeito. Mas era tudo o que havia à mão. Hoje, depois que a ciência invadiu o mundo da beleza, as brigas com o espelho poderão ir para o lixo, junto com a maldição do faraó.

No futuro, os recurso da correção estética deixarão todos mais bonitos. Não há parte do rosto ou do corpo que não possa ser retocada ou remodelada com os produtos e as técnicas que estão saindo agora do laboratório. Há pílulas para perder peso, ultra-som para retirar gordura por lipoaspiração e implantes de seios com soro fisiológico, para a cliente encher ou esvaziar. Rugas podem ser removidas com técnicas de microcristais de óxido de alumínio e pulsos cirúrgicos de raio laser (veja o infográfico ao lado). Cremes e loções agirão nas camadas mais profundas da pele, interferindo diretamente no funcionamento das células. Um exemplo é o ácido retinóico, derivado da vitamina A: em vez de agir só na superfície, ele estimula a formação de novas células de colágeno e de elastina, que dão sustentação à pele. Assim, é possível atenuar o acne e as rugas. Essa categoria de produtos inaugura a cosmecêutica, a cosmética farmacêutica. As primeiras fórmulas surgiram no início da década, com a vitamina A. Agora, no final dos anos 90, praticamente substituíram seus concorrentes que agiam só na superfície da pele.

Face de bebê

Com o avanço da longevidade, o rosto está no centro das atenções. O mercado foi invadido por produtos rejuvenescedores. “Recebo em meu consultório mulheres de 80 anos que se sentem muito bem”, conta a dermatologista Shirlei Borelli, de São Paulo. “E elas querem que a face transmita o mesmo bem-estar.”

Os homens também. Uma pesquisa realizada pelas indústrias de cosméticos no ano passado revelou que cerca de um quarto deles já usa algum tipo de creme, seja um esfoliante, que retira as células mortas, seja um gel pós-barba com hidratante. “A preocupação masculina é maior com a higiene e a saúde da pele”, conta o bioquímico Jean-Luc Gesztesi, da empresa brasileira Natura, que teve 30% do seu volume de negócios em 1998 movimentado por homens.

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ilucirio@abril.com.br

Algo mais

Quem tem pele clara começa a ter rugas cerca de quinze anos mais cedo do que os negros. Isso acontece porque a maior quantidade de pigmento ajuda a proteger contra os efeitos ruins do sol.

A juventude está na cara

As novas armas para o rejuvenescimento do rosto vão da cirurgia aos cremes high-tech, passando por injeções de toxina.

Assoprar e queimar

O queridinho dos consultórios modernos é o laser. Com o passar dos anos, parte das fibras de colágeno e elastina da derme começa a morrer. Como elas normalmente não se regeneram, formam-se rugas. O laser explode as fibras e a pele interpreta isso como uma agressão, estimulando a formação de outras, novinhas. Para minimizar as queimaduras causadas pelos raios, os equipamentos vêm com um sistema de refrigeração.

Enchimento

Muitas vezes os tecidos sob a pele perdem gordura e ela murcha, formando outro tipo de ruga. Nesses casos os dermatologistas usam implantes injetáveis. A maioria deles é um gel que devolve a aparência rechonchuda da região. Os mais modernos duram cerca de dois anos. Depois são absorvidos pela pele.

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Raspar e ganhar

Uma forma de retirar rugas superficiais é bombardear a região com cristais microscópicos de óxido de alumínio. O ataque arranca as células mortas da pele, aumentando o seu brilho. De quebra, ele estimula a formação de células mais saudáveis e jovens.

Solução radical

Às vezes, nenhum creminho resolve. A solução é partir para a cirurgia plástica. Uma das mais comuns é a que retira excesso de pele da pálpebra, erguendo o olhar.

Paralisia facial

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Você certamente já ouviu falar das rugas de expressão, aquelas que aparecem de tanto franzir a testa ou os olhos. Os músculos se acostumam a ficar nessa posição contraída. Para casos assim, usa-se o botox, uma toxina obtida a partir da bactéria causadora do botulismo. Ela paralisa o músculo, impedindo a sua contração. Parece assustador, mas as rugas somem por seis meses.

Feitos com o grão

Cremes feitos com sementes de fruta como a uva são ricos em substâncias chamadas polifenóis. Algumas pesquisas mostram que eles podem ser eficientes para acabar com os radicais livres, moléculas de oxigênio que circulam no corpo carregando cargas elétricas de sobra e causando o envelhecimento. Os polifenóis são um escoadouro para esses elétrons, livrando o organismo dos oxigênios malvados.

Remédios que ajudam a entrar no biquíni

Sentir-se bonito ou bonita pode depender de um corpo esguio, e a indústria farmacêutica se empenha em garanti-lo. Na verdade, diferentemente dos cremes desenvolvidos com fim estético, as drogas contra obesidade são pesquisadas pensando-se em evitar os problemas de saúde ligados ao excesso de peso, como o diabetes. Como outros medicamentos, têm efeitos colaterais. O Xenical, por exemplo, ao diminuir a absorção de gordura, provoca diarréia. Ainda assim, essas drogas acabam indo parar na boca de quem quer vestir um biquíni ou uma sunga e sentir que não há nada sobrando. Tanto que os planos de saúde americanos ameaçaram não financiar mais o tratamento com o Xenical. A justificativa é que os consumidores estavam muito mais preocupados em se preparar para o verão do que com questões de saúde.

O problema da gordura começa no cérebro, onde ficam os centros controladores do apetite. É para lá que os pesquisadores apontam seus microscópios. Já existem produtos à venda como o Reductil, que usa uma substância chamada sibutramina. Ela diminui a vontade de comer ao agir sobre os mensageiros químicos do sistema nervoso que controlam a sensação de saciedade.

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Possibilidades na gaveta

O hormônio leptina vem sendo olhado de perto pelos cientistas. Produzido pelas células de gordura do corpo, serve como um sinal para o cérebro de que está na hora de parar de comer. Um remédio que imitasse seu funcionamento ajudaria a fechar a boca. Mas as tentativas de fazer uma droga não produziram esse efeito porque, suspeita-se, a leptina tem alguma outra forma de ação desconhecida. Também está no páreo o hormônio alpha-MSH, capaz de desencorajar o organismo a estocar gordura. “Mas não se deve contar com nenhum deles para breve”, diz o endocrinologista Antonio Chacra, da Universidade Federal de São Paulo.

Formas esculpidas

Várias técnicas e artifícios permitem remodelar o corpo.

Conforme o figurino

A prótese de silicone é a mais usada para aumentar os seios. Mas há outras, feitas com óleo de soja ou com solução salina. Esta última vem com uma válvula que permite tirar ou injetar líquido, mudando o tamanho do seio. Apesar do uso estético, é mais indicada para mulheres que precisam retirar o seio. Próteses, hoje, são consideradas seguras.

Mexer e sugar

A lipoaspiração é o processo pelo qual a gordura é sugada por um tubinho. Hoje, para facilitar a saída, junto com o cano vai um equipamento que emite ultra-som. As ondas amolecem o tecido gorduroso e facilitam a sua retirada. É mais indicada para regiões como coxa e quadris. A segurança depende da escolha de bons profissionais.

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Dilema feminino

A celulite é uma aflição da mulher que aparece quando o tecido gorduroso deixa de ser bem irrigado pelo sangue. Ocorre uma inflamação das células que depois se juntam formando uma espécie de cicatriz. Há tratamentos convencionais como a eletrofosforilase, por meio do qual agulhas carregam uma pequena corrente elétrica que dilata os vasos, melhorando a irrigação. Mas nem sempre funciona.

Pinça quente

O laser é usado para retirar pêlos indesejados, um a um. Por isso, é um processo demorado. O calor do facho de luz vai até a raiz do fio, matando-a. Como se trata de luz, a temperatura é mais alta onde houver maior concentração de cor. Portanto, a pinça a laser funciona melhor com pêlos grossos e escuros.

Apagando as manchas

O laser serve também para retirar manchas naturais da pele. A energia do raio quebra as moléculas de melanina, responsáveis pela cor escura, em partículas menores que acabam absorvidas pelo organismo.

Solução colorida

As estrias surgem quando alguém engorda muito. A elastina e o colágeno que formam as fibras da pele acabam ficando esgarçados, como um plástico esticado além dos seus limites. Elas raramente se recompõem. Mas dá para disfarçar, tingindo-as com corantes biológicos. Em alguns casos em que o número de estrias é pequeno, o ácido retinóico pode ajudar na regeneração das fibras.

Charme dos cabelos

A calvície é provocada por um hormônio masculino, a testosterona. Ela se transforma em uma substância, a DHT, que ataca o folículo onde nasce o pêlo, atrofiando-o. Alguns homens, por fatores genéticos, são mais sensíveis à ação desse hormônio. Parte das drogas que querem pôr fim à careca agem sobre ele. É o caso da finasterida. A substância evita a transformação da testosterona em DHT.

Quando o belo vem de dentro

A vitamina A diminui as rugas, a C clareia as manchas e a E hidrata. Mas para que tudo fique em ordem com a pele é preciso usar o creme certo na região certa. Imagine agora uma pílula cosmética. Você toma um concentrado de vitaminas e seu rosto passa a reluzir jovialidade. Essa é uma das pedras filosofais da indústria da beleza. As vitaminas têm dezenas de funções dentro do organismo e o desafio é garantir que, ingeridas em cápsulas, cumpram seu papel sobre a pele.

“As grandes indústrias estão investindo entre 10% e 15% de sua verba na busca de novas tecnologias cosméticas”, informa o bioquímico paulista Marcelo Schulman. Uma dessas linhas de pesquisa busca os imunocosméticos, produtos que imitam mecanismos do próprio corpo para protegê-lo (veja o infográfico).

Enzimas incontroláveis

Proteínas sintetizadas pelo organismo também podem ser úteis. “As enzimas são maravilhosas. Um pouquinho delas faz um efeito enorme”, diz o farmacêutico bioquímico Israel Feferman, da empresa O Boticário, no Paraná. A lipase, por exemplo, degrada gordura. Um produto feito com ela acabaria de vez com a pele oleosa. O problema das enzimas é que elas não são muito inteligentes. Quando entram em um processo químico disparam uma reação em cadeia. Por isso é difícil controlá-las.

“Há ainda a possibilidade de se atacarem as proteínas que levam as células da pele à morte”, conta a farmacêutica Elisabeth Igne Ferreira, da Universidade de São Paulo. Seria uma forma de prolongar a sua vitalidade. Vários institutos de pesquisa investigam essa possibilidade, como a Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. Enquanto a indústria de cosméticos corre atrás de fórmulas maravilhosas, nós usamos o que temos à mão, como faziam os egípcios. Felizmente, dispomos de bem mais recursos do que eles.

Lição do corpo

Entender como o organismo se defende ou as células morrem pode levar a novos cosméticos.

Engolir o inimigo

Os raios de sol danificam a membrana das células, deixando escapar substâncias tóxicas que deveriam ficar presas lá dentro. As toxinas atacariam as regiões vizinhas, se não fossem abocanhadas a tempo por células do sistema imunológico. Os protetores solares do futuro poderão, além de bloquear a luz, estimular as células de defesa.

Fibras imortais

As células que produzem as fibras de colágeno e elastina são atacadas por enzimas fabricadas pelo próprio organismo. Com o envelhecimento, esse ataque se torna mais intenso. Cosméticos que bloqueassem a ação das enzimas sobre as células poderiam retardar os efeitos do tempo na pele.

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